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Garota de Ipanema

terça-feira, julho 4th, 2023
Tonzinho, eu vi uma garota toda cheia de graça…
Eis aqui este sambinha, o que você acha?
Rascunhinhozinho
– Gostou parceirinho?
– Vina, esse negócio de “tão sem passarinho”, sei não…
– Você não gostou Tonzinho? E de “tão linda no espaço”?
– Eu tirava o passarinho, deixava a moça, e trocava o espaço pelo “caminho do mar…”

É por aí parceirinho!
Olha que coisa mais linda!
… que vem e que passa…
Ah, a beleza que existe!

Desconfio que vai dar pé…
Tonzinho e eu fizemos um sambinha pra você.

Gravação realizada no restaurante Au Bon Gourmet em Copacabana, R.J., dia 02 de agosto de 1962, por ocasião do show
“Encontro com Tom Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto”, com a participação de “Os Cariocas”. Lançamento de “Garota de Ipanema”, e com introdução!

Ensaio. No canto esquerdo, Baden Powell. “O astronauta ao menos viu que a terra é toda azul”
ensaiando…

A gravação que estourou saiu nesse LP. No início João cantou uma vez inteira, e em seguida entrou a Astrud. A gravadora teve a ideia de cortar a entrada do João e começar direto com a Astrud e foi um sucesso mundial!

Frank, é melhor chamar um baterista brasileiro!
Ouve a batida…
Eu não canto assim (soft) desde que tive laringite…
Spanishguitar, Francisco,
a violão!
O disco do ano nos USA!
It sounds great Antonio!
Tall and tanned and young and lovely…

Deu pé parceirinho!
– Que bom que você botou o passarim pra fora da letra!
– Verdade, Tonzinho, você entende do assunto!

Entrevista de Tom Jobim à Rádio JB em 1977 (comemoração do seu cinquentenário). Aos 7’29” , Tom conta a história de Garota de Ipanema em parceria com Vinicius de Moraes :

https://www.youtube.com/watch?v=6B_sJC4EWp8&feature=share

• Eu tenho 304 diferentes gravações de “Garota de Ipanema”, colhidas até o final de 2000. Hoje deve ter bem mais e tem coisa que até o Cristo Redentor duvida!

Garota passando em Esperanto:

OUÇA a gravação campeã:

Tonzinho, até que ela canta bonitinho!

Ah, se ela soubesse…

Tom escreveu para Vinicius…

Vinicius: meu Caymmi. O PASQUIM, Nº 64 – Setembro de 1970

terça-feira, julho 4th, 2023

Conheço Dorival Caymmi desde o início da década de quarenta, quando cheguei da Inglaterra, onde estudava, fugindo à segunda Grande Guerra. Encontrava o baiano ali pelo Leblon, que nessa época esta a começando apenas a dar um ar de sua graça. Minha casa ficava na Rua General San Martin, e entre uma sortida e outra à praia, nossa patota, (naquele tempo se dizia turma) descansava o espírito num bar-mercearia que havia na esquina da Ataulfo de Paiva com a Carlos Góis:  – éramos eu, Rubem Braga, Moacir Werneck de Castro, Jimmy Abercrombie, Carlos Leão, Juca Chaves, o engenheiro e o dono do famoso Juca’s Bar, de saudosa memória) e outros aderentes eventuais, alguns dos quais já se mandaram a muito. Caymmi mora a numa casa, de aparência estranha, no fim da Ataulfo de Paiva, que, se não me engana, ainda existe. Nada prenuncia ainda que o Leblon se fosse tornar um bairro tão em vago. O baiano gostava de tomar um conhaquinho, devagar e sempre. Nós éramos do chope e da cerveja. O verão carioca eliminava tudo na transpiração.

Desde então ficamos amigos. Nossas vidas eram diferentes. Caymmi era mais da patota de Jorge Amado. Eu tinha tido um período de compositor, aí pelos 16 anos com os irmãos Tapajós, dupla vocal famosa na época, mas depois deixei. Só o viria retornar 27 anos mais tarde, quando Antônio Maria entrou de sola em nossas vidas. Já o forte de Caymmi era a composição. Alguns de seus mais belos samba canções. 

Quando, em 1950, regressei do meu posto de vice-cônsul em Los Angeles, depois de cinco anos de ausência. Caymmi e Antônio Maria começaram a frequentar assiduamente minha casa. As facilidades diplomáticas então existentes induziram-me a trazer 30 caixas de uísque que tiveram o poder de aguçar extraordinariamente o faro de meus amigos. A casa viva cheia, dia e noite. Lembro que uma tarde estava com Paulo Mendes Campos, no Juca’s Bar, na cidade, quando ouvi um cara desconhecido na mesa ao lado, convidar um outro para ir a minha casa, onde – assegurava ele – o uísque corria. Só sei dizer que 360 garrafas do mais puro escocês foram absorvidas em menos de 2 meses, o que representa uma média de 6 unidades por dia. E a moçada já era sadia.

Entre 50 a 53, ano em que parti em posto para Paris. Caymmi e eu nos vimos com bastante frequência, em companhia de Antônio Maria, Aracy de Almeida, Paulinho Soledade, Fernando Lobo e outros encaixotadores de sereno.  

Encontrávamo-nos a noite, no finado Vogue. Depois íamos para o “Sacha’s”, depois para o Clube da Chave, onde conheci, pouco antes de partir, meu parceiro Antônio Carlos Jobim. A conversa era fácil e maledicente. Caymmi seguia compondo. Quando posteriormente começou a trabalhar no “36” da Rua Rodolfo Dantas, nós não saíamos de lá. Era uma época boa e descompromissada com a voz de Aracy, Elisete, Nora Ney, Dóris Monteiro, Ângela Maria, e depois Maysa enlanguescendo as madrugadas…

Saudade, torrente de paixão, emoção diferente, que aniquila a vida da gente, uma dor que eu não sei de onde vem…

Eu fizera sozinho meus primeiros sambas. Amávamos a noite como se ela fosse uma mulher. Nosso último reduto, era o Pescadores, na Francisco Otaviano, onde se comia os melhores ovos com presunto da madrugada e, eventualmente, saía cada pau de meter medo, por isso “que a turma já vinha de muitas horas de voo.

Em 57, estando eu em Paris, soube que Caymmi ia chegar. Sem poder ir ao aeroporto, pedi a relações públicas da velha Panair que o localizasse para mim em Orly, e falamos ao telefone. Fiz questão de assinar o ponto da amizade e muito bem obrei, pois os baianos residentes, a frente dos quais se colocou Odorico Tavares que viajara com ele, o sequestraram de tal modo, que só o pude ver uma noite no “Calavadões”, onde ele tocou violão e cantou para o trio local “ Los Latinos” nome a que nós, os frequentadores de sempre, acrescentávamos a letra R.

Mas foi somente em fins de 64 que nossa amizade se solidificou para valer, graças a um convite de Aloisio Oliveira e Paulinho Soledade, proprietário do” Zum Zum”, para que fizéssemos um show juntos, escorados pelo Quarteto em Cy, e o conjunto de Oscar Castro Neves. O show constituiu um grande sucesso, e nele lançou Caymmi sua bela valsa, … das Tosas, cuja criação me anunciava 7 anos antes, numa tarde na casa de Jorge Amado. Isso para dar uma pala de como o baiano curte o que compõe. 

Nós todos o acompanhávamos na belíssima História de Pescadores. Eu dizia sempre O Dia da Criação, com a boate no mais absoluto silêncio, e isso para mim foi muito bom, esse contato poético com o público, que me certificou de que a poesia ainda não havia morrido. Nosso bate-papo entre os números, na base do improviso, ficou muito popular na noite carioca, e Aloisio pensou em dele tirar um LP, que afinal não foi avante. Mas as fitas existem por aí, para documentar sua espontaneidade, e as maravilhosas e sábias tiradas de Caymmi, que faziam o público morrer de rir. 

Capa

De pouquíssimos seres humanos eu gosto tanto. Não há amigo mais perfeito, se não se exigir mais do que ele, em sua baianidade, pode e sabe dar: e não é por acaso este o segredo da amizade, a gente não forçar a barra do amigo, deixa-lo ser ele mesmo usufruir do seu convívio,  no que ele tem de mais saboroso e autêntico?

“Acontece que sou baiano”, disse ele, num de seus melhores sambas. E é realmente difícil encontrar alguém mais baianamente dengoso que Caymmi, apesar de sua grande quilometragem carioca. Sua barriga redonda e cheia de ritmo, que parece dançar por conta própria quando ele canta – à barriga que viveu e amou a vida – é o retrato de sua  Bahia. Como de resto, sua cor, a malemolência brejeira de seus olhos, quando interpreta, e o balanço gordo e descansado do seu samba: samba que parece ter o visgo gostoso de ar da Bahia, feito de calor e brisa; o quebranto de suas cadeiras, por onde os baianos descem desmanchando as ancas, a untuosidade pungente de suas comidas e seus pirões afrodisíacos, onde o dendê, o amendoim, o gengibre e a pimenta- de cheiro são condimentos obrigatórios, a patina de seu casario, como no Pelourinho, e a misteriosa claridade de seu lar, que o fez dizer, num verso da mais alta síntese poética, em sua canção sobre a Lagoa do Abaeté.

A noite tá que é um dia…

Caymmi constitui, a meu ver, como Pixinguinha, Noel Rosa, Antônio Carlos Jobim e agora despontando no amanhecer Chico Buarque de Holanda, um dos cinco solitários da música popular brasileira. Canções como O Mar, Dora, João Valentão, É Doce Morrer no Mar, Lenda do Abaeté, Saudade de Itapoã, Rosa Morena são obras-primas sem jaça das maiores de todos os tempos no populário nacional ou estrangeiro. E assim, é meu Caymmi, grande sábio, vasto, intenso: um excelso mandarim baiano, que ainda representa melhor que ninguém esse maravilhoso berço mestiço da nacionalidade que é sua Bahia nativa – a terra onde os preconceitos não tem cor e a falta de bossa não tem vez.

eu que tenho rosas como tema, canto no compasso que quiser.

Dia Nacional do Choro.

terça-feira, julho 4th, 2023

Dia 23 de abril, Dia Nacional do Choro. Quem quiser saber de choro leia ou ouça Principios do Choro (vide infos que  eu postei anteriormente) e não deixe de ler os textos Herminio no Oficina… Sobre São Pixinguinha morreu numa igreja e ouça com benedito.                 Documentário: http://www.youtube.com/watch?v=9GORmbtsKC0 Farkas: http://www.youtube.com/watch?v=fhqAVEEezAw1965, Excelcior apartamentos, Vinicius disse: – Pixinguinha O Sol Sobre a Lama, Lamentos, Mundo Melhor Nara : Odeon   encomendado por ela à Vinicius:   http://www.youtube.com/watch?v=1sbcEYGKI2o         nazareth rocando Apanhei-te cavaquinho:   http://daniellathompson.com/Texts/Le_Boeuf/cron.pt.28.htm   aproveitem e visitem o belíssimo site da Danielle; e se possivel leiam As Crônicas Bovinas sobre Le Bouef… Documentário:

http://www.youtube.com/watch?v=9GORmbtsKC0(video indisponível) Farkas: http://www.youtube.com/watch?v=fhqAVEEezAw (video ok)

Tempo feliz

sábado, dezembro 17th, 2022

Este texto foi escrito especialmente para o @estudioplugin

Eu tinha 14 anos em 1960, quando ouvi Vinicius de Moraes cantando o samba que eu estou ouvindo agora, com música e letra de sua autoria. Está no Youtube, com ele cantando “Pela luz dos olhos teus”, com o grande Oscar Castro Neves no violão.

Tom Jobim, mais de 15 anos depois, arranjou em valsa. Está no Youtube também.

Vinicius, plural até no nome; dezenas de parceiros, centenas de obras primas.

Saudade.

– Edgarzinho, vamos tocar um violãozinho?

Vinicius nasceu em 19 de outubro de 1913 e faleceu em 9 de julho de 1980.

Eu morro ontem. Nasço amanhã.

Ando aonde há espaço.

Meu tempo é quando.

Poeta amigo, que a paz seja contigo.

Duas músicas que cantamos muitas vezes:

Com Zequinha, seu melhor amigo, depois do cachorro engarrafado, é claro.

Viva Antonio Carlos Jobim!

segunda-feira, janeiro 25th, 2021

Viva Tom Jobim!

25 de janeiro. Aniversário de São Paulo, e do maior compositor de música popular de todos os tempos! Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim!

Semibreves

• Wave

Era o tempo dos radinhos Spika, e dos primeiros disk-jockeys; eu era um.  Com uma vassoura velha como microfone, ia mandando para o ar o Hit Parade da discoteca do meu pai. Grandes sucessos . Mantovani, Percy Faith, Chuck Berry, Teddy Reno, Carlos Gardel, Sammy Davis Jr, Dean Martin, Angela Maria, Dorival Caymmi, Rosemary Clooney… O primeiro lugar vinha sendo dia-dia disputado pelo Frankie Layne, com Jezebel e Black Gold, pelo Roy Hamilton, com Ebb Tide e Unchained Melody, e pelos Diamonds com Little Darling, o estouro do ano.

“Oh little darling

Tchup tchu-ara

Tchup tchu-ara

Oh little darling

Oh oh oh oh”

A versão em português foi gravada por Lana Bittencourt e também estourou, mas, do lado B, vinha uma canção pelo ar, uma cidade a cantar, uma mulher a cantar “Se Todos Fossem Iguais a Você”, de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, que conquistou a audiência e ficou semanas no topo da parada. Foi a primeira vez que vi o nome dessa sublime parceria.

E, um pouco mais que de repente, chegou “Chega de Saudade”, e o disk-jockey largou a rádio no ar, e tratou de aprender violão.

 •

• Tom

Fotografou o som

com sua Rolleyflex

revelou-se a sua enorme inspiração.

• One Finger

Meu amigo e parceiro Luiz Roberto Mello e Souza Oliveira, paulista do Leblon, músico e tomaníaco, numa visita ao Colégio Mello e Souza, no Rio de Janeiro, encontrou nos seus arquivos, o script de uma peça, que foi representada pelos alunos, lá pelos anos trinta do século passada.

O autor, não sei quem era. mas, no papel de Dr. Carrapatoso, estava o garoto Antonio Carlos Jobim.

Aquele um.

• Meditação

Antonio

Carlos

Brasileiro

de

Almeida

Jobim

Antonio Carlos Planetário de Almeida Jobim

Tom Mixer.

 • Outras notas, mas, a base é uma só.

#1. O grande Ronaldo Bôscoli, letrista de “Lobo Bôbo”, “Barquinho”, “Fim de noite”, “Saudade Fez um Samba”, “Você”, e muitas outras da Bossa Nova, por pouco não foi o letrista de um tema que Tom Jobim mostrou a ele em primeira mão. Chegou a fazer um esboço, mas foi seu cunhado Vinícius de Moraes, quem acabou escrevendo a letra de “Garota de Ipanema”.

#2. Vinícius não acertou de cara na letra, e quem quiser conhecer uma tentativa (Menina que Passa),leia “Antonio Carlos Jobim, uma Biografia”, de Sérgio Cabral, Ed. Lumiar. Tem também no Cancioneiro Jobim.

#3. Ronaldo Bôscoli reinvindicava que foi ele quem apresentou o Tom a Vinicius, e não o Lúcio Rangel, na lendário Casa Villarino Bar.

#4. Tom, Bôscoli e João Gilberto fizeram 2 músicas em parceria!               Uma, ninguém lembra mais, e a outra,  

Só a saudade assim, faz um dia a gente saber que o amor existe, sim.             Só um dia assim, faz a gente sentir que o amor chegou ao fim…

ficou, segundo o maestro, um plágio de “Meditação”, também dele, em parceria com Newton Mendonça.

#5. Ronaldo Bôscoli foi quem escreveu os versos para a introdução recitativa do “Desafinado”: Quando eu vou cantar você não deixa…

#6. Segundo ele, os nomes de mulher de mulher citados nas músicas de Tom, não tem nada a ver. Ana Luiza, Lígia etc… todos esses nomes são códigos. Inclusive Ângela, que ele fez para o Roberto Carlos – o qual, aliás, estupidamente, a esnobou – é linda.                                                                         –  Miéli e eu praticamente obrigamos o Rei a cantá-la num show – e ele finalmente a cantou, entre um e outro pot-pourri de seus sucessos.

#7. Bôscoli afirma também que colaborou em Luíza com sete cores, sete mil amores.

A resposta do Tom, e a confirmação dessas dicas, vocês encontram no livro Eles e Eu – Memórias de Ronaldo Bôscoli, por Luiz Carlos Maciel e Ângela Chaves, Editora Nova Fronteira.

#8. A música Corcovado, pra mim, a cara da bossa nova, começava originalmente, com cara de samba canção:

                                          Um cigarro um violão….       

nada condizente com os estatutos ensolarados da BN, remetendo ao Cubo das Trevas – assim, Tom chamava as antigas boites esfumaçadas onde ele tocava seu pianinho, correndo atrás do aluguel.

Quem deu o toque, e Tom aceitou, foi o mago de Juazeiro, João Gilberto      do Prado Pereira de Oliveira, e ficou assim:

Um cantinho e um violão…

#9. Tom nasceu num dia 25 de janeiro – aniversário de São Paulo, e “Chega de Saudade”, com João Gilberto estourou em São Paulo, e, no início dos anos sessenta apresentava um programa de televisão na TV Paulista, canal 5! Acredite quem quiser! O programa chamava-se “O Bom Tom” e eu tive a felicidade de assistir vários deles. Lembro dos programas com João Gilberto, Luís Bonfá, Ronaldo Bôscoli. Jamais vou esquecer de Vinícius, Aloysio de Oliveira e Sylvia Telles abraçados, dançando e cantando “Eu preciso de você”, como se fosse um can can, com o maestro soberano ao piano.

Como o sol precisa de um poente

Eu preciso de você

Só de você

Como toda orquestra de um regente

Eu preciso de você

Só de você…

É duro aceitar que não temos sequer um fotograma de “O Bom Tom”. Incrível é que o programa era o segundo lugar em audiência em São Paulo, perdendo apenas para o Cirquinho do Arrelia, no canal 7!

#10. Carinhoso.

LP (ou CD) do Século

janeiro de 2000

Estamos nos aproximando da virada do século, e pelo jeito que as coisas caminham, o espaço pro genial está totalmente preenchido, visto que proliferam eleições e coleções dos melhores de tudo, de tudo que é assunto, e com um ano de antecedência.

É de se supor que, ninguém mais acredita caber mais alguém, nessa nau dos imortais que partiu, no oceano sem praias…

E, já que estamos fechando para balanço, apresento o meu voto, que aliás, ninguém perguntou, para o melhor CD ou LP deste século de musica popular:

Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim

Beleza, charme, técnica, afinação, repertório, execução, balanço, mixagem, sonoridade, harmonia, timbrística, delicadeza, discrição, amor pelo trabalho, profissionalismo, coração. Bossa.

O maior cantor de todos os tempos e o maior compositor da música popular.

Um telefonema, do próprio Frank, pro Bar Veloso, deu o chute inicial.

As gravações, com os belíssimos arranjos de Claus Ogerman, iniciaram dia 30 de janeiro de 1967 as 20 horas.

A formação da orquestra era de 10 violinos, 4 violas, 4 cellos, 3 flautas, trombone, contrabaixo, piano e 2 bateristas, um para as músicas americanas, e o Dom Um Romão para as brasileiras, atendendo a um pungente pedido do Tom : – Se você não vier, vou entrar por um cano que não tem tamanho!

E aquele violãozinho do Astênio Claustro Fobim  “que não tocava bem”, mas que tocava como ninguém, bem colocado, suingado, preenchendo os espaços com elegância, e sem malabarismos, o violão mais bossa nova de toda Bossa Nova.

(João Gilberto é outro assunto).

Contracantos geniais, as chamadas  “inner voices”, que o nosso Maestro fazia magistralmente.

O CD, remixado, contem algumas intervenções geniais, que não aparecem no LP. Por exemplo, a “baixaria “ que o Tom faz em “I Concentrate on You” enquanto o Frank está cantando, o final de “Garota de Ipanema” (aliás a melhor gravação desta música, (São João que me perdoe) e outras mais.

A primeira música gravada foi “Baubles, Bangles and Beads”. Sinatra não gostou: – Preciso botar menos gelo nos meus drinques!

Mandaram o Tom cantar mais alto. Sinatra aconselhou :

– Abra o paletó, mostre o colete à prova de balas e cante.

Mataram às 20h e 45m, no setimo take.

A primeira música de Tom Jobim que o Frank gravou foi Dindi, que terminou lá pelas 23 horas com o comentário do “The Voice” :

– Porra, que beleza de canção!

Sinatra brincou com Ogerman e Tom sobre a delicadeza e a suavidade dos arranjos : – Não canto assim desde que tive faringite !

Foram três noites de gravação, jantares e drinques, e o resultado foi eleito pela crítica americana como o àlbum do ano.

Para mim esses dois batutas produziram o tal biscoito fino, o melhor do século!

Quem quiser que mostre outro.

Como diria o nosso Baden Powell: – Encosta pra ver se dá!

O homem cordial e bondoso.

• E voltei pra minha nota

#10. Um dia, papeando com o maestro soberano, contei a ele que minha mãe se formou em piano no Conservatório Dramático Musical de São Paulo, onde foi aluna de Mário de Andrade, em História da Música; ele abriu um sorriso e com seu jeito cordial disse:- Que bom, Edgard, os paulistas são formidáveis e os Andrades (Oswald e Mário) são dois craques!

Brincando, aproveitei a chance e falei, que ele estava devendo uma musica para São Paulo, afinal ele nasceu no dia 25 de janeiro, e ele disse que estava fazendo. Aqui está ela:

#11. Apostaria minhas colcheias que o “Prelúdio Nº3”, para violão, de Heitor Villa-Lobos, foi motivo de inspiração para a maravilha que é “Saudades do Brasil”.

#12. O trisavô paterno do compositor, José Martins da Cruz Jobim, era natural de Jovim, Gondomar, Portugal. O sobrenome Jobim alude a essa localidade.

Ora pois: será que aí não houve a troca “B” pelo “V” e bice bersa, ó pá?

Viva o nosso Tom!

 Rei, que nem Pelé!

 Tom brasileiro!

Tom do Sertão. A música de Tom Jobim por Chitãozinho e Xororó.

segunda-feira, janeiro 25th, 2021

Meus amigos, esse post é dedicado ao CD Tom do Sertão: músicas de Tom Jobim, gênio brasileiro, interpretadas por Chitãozinho e Xororó, no qual participei na pesquisa de repertório, produção musical e arranjos de base em parceria com meus queridos amigos Claudio Paladini e Ney Marques. Os belíssimos arranjos de cordas ficaram por conta de Ruriá Duprat e Lucas Lima.

Trabalhar com a música de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, o maior compositor de música popular do mundo, na minha opinião, é lidar com jóias preciosas, e Chitãozinho e Xororó encararam brilhantemente o desafio de interpretá-las num tom sertanejo, revelando ao seu imenso público mais uma face da obra do nosso grande maestro.

Xororó ao telefone:

– Edgard, êsse é o disco mais sertanejo que gravamos em toda carreira!

Que bom, saber que a música de Tom Jobim vai chegar aos fãs da mais importante dupla sertaneja!

   

Na trama, com a dupla, Ney Marques e Claudio Paladini em minha casa.

 

Sugestões para foto da capa e contracapa. Tom Jobim e Vinicius de Moraes em Brasília em 1959 . Estavam hospedados no Catetinho, com a missão de compor a Sinfonia da Alvorada, encomendada a eles pelo presidente Juscelino Kubitschek para comemorar o nascimento da nova capital do Brasil.

Água de Beber foi composta naqueles, sob a inspiração de um “lindo olho d’água que brotava no capão do mato”, como descreveu Vinicius em crônica.

   

       

 

No Estúdio Trama

 

 

 

 

 

 

 

Águas de Março (Antonio Carlos Jobim)

Estrada Branca  (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes)

Chovendo na roseira   (Antonio Carlos Jobim)

A chuva caiu   (Antonio Carlos Jobim e Luís Bonfá)

Se é por falta de adeus (Antonio Carlos Jobim e  Dolores Duran)

Se todos fossem iguais a você  (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes)

Caminho de pedra  (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes)

Correnteza (Antonio Carlos Jobim e Luís Bonfá)

Chega de Saudade  (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes)

Equipe unida

Entrevista no Programa do Jô. Março 2015:

http://globotv.globo.com/rede-globo/programa-do-jo/t/videos/v/chitaozinho-xororo-falam-sobre-o-disco-tom-do-sertao/4074680/

Um abraço a todos que participaram desse projeto maravilhoso.

 

Clique para ampliar

 

Com Ch & X e Ney Marques

Viva Tom Jobim!

Viva o Tom do Sertão!

Uma homenagem ao imenso Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim e aos queridos amigos Chitãozinho e Xororó que gravaram, magnificamente o CD Tom do Sertão.

Voz: maestro Claudio Paladini

Paul Mounsey – Edgard Poças

Recitativo:

Gado miúdo, curral redondo

Não há quem conte, senão seu dono

 

Canto:

Lá, lá no coração

É lá onde a emoção

Onde o que fazer

Se não luar

Luar de amor

Do meu sertão

Ah, esse meu viver

Cantar esse  bem querer

Esse meu irmão

Essa canção que tem o tom

Tom do sertão

Quanto mais eu canto

Mais estou perto do sertão

Meu avarandado, o cantinho, o violão

Na asa do Jereba voa imaginação

Sertanejo é o tom que eu canto

Meu luar de prata, o pé de manjericão

Cheiro de saudade

Aconchego pé no chão

Passo Preto faz a sua casa no capão

Sertanejo é o tom que eu canto

Tão brasileiro

Sertanejo sim senhor

No cantar dos passarinhos

Nessa história de amor

Que invade nosso peito

Numa forma de oração

Esse é o tom

Tom do Sertão

Ernesto Nazareth

sexta-feira, março 20th, 2020

Ernesto Nazareth, primeiro gênio da música brasileira, nasceu em 20 de março de 1863.

Aqui vão duas das suas composições.

Para ouvir ajoelhado.

Carioca, com Arthur Moreira Lima:

Audio clip: Adobe Flash Player (version 9 or above) is required to play this audio clip. Download the latest version here. You also need to have JavaScript enabled in your browser.

Odeon, com Nara Leão, letra – composta a pedido dela ao nosso grande Vinicius de Moraes. Desculpem o chiado:digitalizei do LP Nara, muito ouvido e não olvidado, comprado em 1968, na Eletroarte da rua Augusta.

Odeon, com Nara Leão, letra – composta a pedido dela pelo nosso grande Vinicius de Moraes. Desculpe o chiado; digitalizei do LP Nara, muito ouvido e não olvidado, comprado em 1968, na Eletroarte da rua Augusta.

O compositor francês Darius Milhaud incorporou Carioca (alem de Ferramenta, Escovado, Apanhei-te Cavaquinho e Brejeiro do nazareth) e várias outras de outros autores brasileiros à partitura do seu ballet Le Boeuf Sur le Toit (O Boi no Telhado).

Texto de Daniella Thompson extraído de um ensaio elaborado especialmente para o projeto Músicos do Brasil: Uma Enciclopédia patrocinado pela Petrobras através da Lei Rouanet:

Le Boeuf sur le Toit, a composição mais conhecida de Milhaud, é uma concatenação animada de motivos melódicos tomados de empréstimo a 28 músicas, 24 das quais publicadas no Brasil entre 1890 e 1919, sendo a maioria datada do período em que o compositor viveu no Brasil. Com a exceção de “O Boi no Telhado” (composta em 1918 e, portanto, nunca uma “velha ária brasileira” como disse Milhaud), de cujo título se apropriou, ele nunca mencionou os nomes das canções brasileiras que incorporou ao Le Boeuf sur le Toit. Sete das canções eram de autoria de Tupinambá e quatro de Nazareth mas, apesar de seu entusiasmo declarado pelos dois compositores, Milhaud nunca reconheceu as contribuições deles à sua obra, como também jamais mencionou os outros doze compositores brasileiros cujas melodias citou.

http://ensaios.musicodobrasil.com.br/daniellathompson-comooboisubiunotelhado.htm

Na sua autobiografia Milhaud escreveu:

Um dos melhores compositores (de maxixes e tangos), Nazareth costumava tocar piano em frente à porta de um cinema na avenida Rio Branco.  Sua execução fluída, elusiva e triste me ajudou a compreender melhor a alma brasileira.

Trecho de O Boi no Telhado onde aparece carioca e em seguida em contraponto com Escovado, tambem de Ernesrto Nazareth, extraído do LP

que pode ser ouvido na íntegra no endereço:

Vale a pena visitar o site:

http://daniellathompson.com/

e ler The Boeuf Chronicles completas.

E pra esgotar o assunto, o livro O Boi no Telhado, Darius Milhaud e a música brasileira no modernismo francês, organizado por Manoel Aranha Corrêa do Lago.

Sobre Ernesto Nazareth, nada melhor do que o livro O enigma do homem célebre: ambição e vocação de Ernesto Nazareth, de Cacá Machado, Instituto Moreira Salles, 2007, mas, antes, vai bem a leitura do conto Um Homem Célebre, de Machado de Assis.

http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/MachadodeAssis/umhomemcelebre.htm

NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA!

Clique para ampliar

E pensar que ele não curtia muito a sua obra!

Apanharam-te Nestico!

Jean William. Dois Atos.

quinta-feira, maio 16th, 2019

Meus amigos, aí está o resultado de um trabalho realizado com muito amor e dedicação. Dois Atos, dois CDs. Jean William é um grande artista. Agradeço a ele a oportunidade de fazer a direção artística, consultoria de repertório, além da produção e direção Musical ao lado do querido Ney Marques, e mais ainda, a sua interpretação de Estrelinha, parceria com meu velho amigo Nelson Ayres, e da Serenata, letra que escrevi em homenagem ao genial Cândido das Nevessobre a famosa melodia (Ständchen) de Franz Schubert.

CD #1

01. Noche Ronda (Agustin Lara & Maria Tereza Lara)

Participacão: Fafá de Belém

Arranjo e piano : Ruriá Duprat

02. Amor em Lágrimas (Claudio Santoro & Vinícius de Moraes)

Arranjo e piano: Nelson Ayres

Contrabaixo: Zeca Assumpção

03. All The Things You Are ( (Jerome Kern & Oscar Hammerstein II), com citação de Night and Day (Cole Porter/) e Fly Me to the Moon (Bart Howard)

Participação: Alissa Sanders

Arranjo e piano: Nelson Ayres

04. Estrelinha (Nelson Ayres & Edgard Poças)

Arranjo e piano: Nelson Ayres

05. Hymne a L’amour (Marguerite Monnot & Edith Piaf)

Arranjo e piano: Ruriá Duprat

Violões: Webster Santos

Acordeão: Marinho

06. Poema dos Olhos da Amada (Paulo Soledade/ Vinicius de Moraes)

Arranjo e piano: André Mehmari

Suíte dos Pescadores (Dorival Caymmi)*

O Mar, O Bem do Mar, Canção da Partida, Adeus da Esposa, Temporal, Cantiga da Noiva, Velório, É Doce Morrer no Mar, Canção da Partida.

*Todas as composições são de autoria de Dorival Caymmi, exceto É Doce Morrer no Mar que é parceria deste com Jorge Amado.

Montagem da suíte: Edgard Poças

Arranjo e violoncelo: Jaques Morelenbaum

Violão: Marco Pereira

Contrabaixo: Rodolfo Stroeter

Percussão: Caito Marcondes

Côro dos Pescadores: Jean William, Edgard Poças e Roberto Teixeira

Participações: Mônica Salmaso, Céu e Paula Morelenbaum

Orquestra de cordas:

Violinos: Adriana José de Melo, Alex Braga Ximenez, Cristina Cabral Fernandes da Costa, Fernando H.Travassos da Rosa, Heitor Hideo Fujiname, Luiz Britto Passos Amato, Marcos Henrique Scheffel, Nadilson Martins Gama, Otávio Scoss Nicolai, Pablo Zappelini de Leon, Paulo Calligopoulos, Ricardo Bem Haja da Fonseca.

Violas: Alexandre de Leon, Daniel Pires da Silva, Fábio Taguaferri Sabino, Roberta Lizandra Marcinkowski.

Cellos: Adriana Cristina de B. Holtz, Dimas Goudaroulis, Gustavo Pinto Lessa, Patrícia Mendonça Ribeiro.

Contrabaixo: Ana Valeria Poles de Oliveira.

Gravado nos estúdios:

Gravodisc: Engenheiro de áudio: Elcio Alvarez Filho, Assistente de estúdio: Gabriel Teixeira, Edição: Guido Baldacin

Estúdio Flautin 55: Engenheiro de audio: André Malaquias

Estúdio de André Mehmari

CD #2

01. Una furtiva lagrimada Opera L’elisir D’amore, de Gaetano Donizetti, com libreto de Felice Romani*

02. Ardir ah forse il cielo, voglio direda Opera L’elisir D’amore, de Gaetano Donizetti, com libreto de Felice Romani*

Dueto com Davide Rocca

03. Chiedi all’aura lusinghierada Opera L’elisir D’amore, de Gaetano Donizetti, com libreto de Felice Romani*

Dueto com Federica Vitali

04. Libiamo, Libiamo, da Opera Rigoletto de Giuseppe Verdi, com libreto de Francesco Maria Piave*

Dueto com Federica Vitali. Participação do Coral Luther King

05. Bella Figlia Dell’amore, da Opera Rigoletto de Giuseppe Verdi, com libreto de Francesco Maria Piave*

Quarteto com Federica Vitali, Adriana Clis, Jean William e Davide Rocca

06. Melodia Sentimental, de A Floresta do Amazonas, Heitor Villa-Lobos. Letra de Dora Vasconcelos**

07.  Serenata (Standchen), de Franz Schubert. Letra: Edgard Poças**

Orquestra Filarmonica Bachiana Sesi – SP:

Flauta: Ana Maria Gaigalas, Carlos Eduardo, Gomes de Souz

Clarinete: Leirson C.Maciel, Tiago José Garcia

Oboé: Gerson Quirino De Abreu, Wainer C. De Carvalho

Fagote: Eliseu Silva Nascimento, Osvanilson de Castro Ferreira

Trompa: Douglas Rodrigo Bruno da Costa, Eduardo Gomes da Silva, Rafael de Paula Nascimento, Vitor Ferreira Neves

Trompete: Adenilson Roberto Telles, Wellington de Souza Pinto

Trombone: Marcos Antonio Pacheco N. Junior: Marcos Henrique de Paula: Tiago Azevedo De Araújo

Tuba: Gustavo de Jesus Campos

Contrabaixo: Rafael Rodrigues da Silva, Thiago Hessel De Paula, Thiago Paganelli de Oliveira

Percussão: Daniel Dias de Lima, Natali Calandrin Martins

Violino: Ana Camila Castilho Bordino, Anderson Alves Tavares< Andréa De Araujo Campos, Andressa dos Santos Matheus, Carolina Camargo Duarte, Cintia Nunes Leite de Camargo, Davi Ricardo Mirada Gama, Dorin Serban Tudoras, Eduardo Augusto de Almeida Silva, Eduardo M.Leite de Camargo, Fellipe Moreira Santarelli, Flávio Geraldini, Hanry Dawson Oliveira Ribeiro, Hudson F.Gorzoni Pires, Israel Fogaça Junior, Jonathan Souza Cardoso dos Santos, Natalia Portilho Mattos, Pedro Roberti Gobeth, Renato Marins Yokota, Sara Silva de Oliveira

Viola: Danielle Lima de Andrade, Denise de Freitas Fukuda, Elisa Graciela Ribeiro, Everton Rodrigues de Souza, Francisco Ederson F.Pereira, Tiago Vieira Rocha

Violoncelo: Alice Mayumi Michetelli, Franklin Martis Chaves, Rafael Victor F.Fernandes, Thais Camargo Duarte, Túlio Padilha Pires, Wellington Ramos

Coral Luther King: Sira Milani, Wagner Dias, David Matias Salim Neto, Roberto Mendes Barbosa, Cintia Derio, Daniel Giffoni, Daniel José Lopes, Daiane Scales Cezario, Alba Stela Zilahi, Alex Mastropasqua, Andréia Balbino, Antonio Martins Neto, Carolina da Silva, Irene B. Moreira dos Santos Kabengele, Débora Maclean, Denise Sacchetto, Dina Valeria Milani, Enilde Borges Costa, Francisca Monteiro de Oliveira, Garbo Aranyi, Gustavo Manzani, Ione A. Rodrigues de Souza, Jacira dos Santos Costa, Joanice  Cerqueira Fonseca, João Afonso Filho, Larissa Acelina Casemiro de Queiroz, Geni Aparecida Barbosa, Luisa Ventura Giraldez, Fernandes dos Santos, Mariana Anacleto, Milena M. De Andrade, Nivaldo Marcelino, Paulo Rogério Jacovick, Rodrigo Garcia, Rodrigo Wagner de Freitas, Rogério Tabyra, Rosana Taketomi de Araújo e Victor Ribeiro de Oliveira.

Gravado ao vivo na Sinagoga Shalom

Engenheiro de audio: Gato

Edição: Guido Baldacin

Fotos da capa : Danilo Mantovani

Projeto Gráfico: Aldeia Idéias

Direção de Arte: Paulo Hardt/ Matheus Hardt

Produção Fonográfica: Dabliú

Gerencia de Produção: Tatiana B.Librelato

Produção Executiva: Zezito Marques da Costa

Direção Artística e Consultoria de Repertório: Edgard Poças

Produção e Direção Musical: Edgard Poças e Ney Marques

Direção de Produção: Fred Rossi

Documentário fotográfico das gravações:

Ruriá Duprat, Fafá de Belém, Edgard Poças e Jean William

Vídeo produzido por Vando Mantovani, no estúdio Gravodisc.

Noche de Ronda : Jean William e Fafá de Belém

Ary Barroso e Trio Los Panchos, conforme Vinicius de Moraes me contou.

quarta-feira, setembro 2nd, 2015

Ouça enquanto eu conto:

Em 1965, após ouvirmos o disco de Angela Maria interpretando suas parcerias com Ary Barroso, Vinicius de Moraes mr contou o seguinte episódio que ele presenciou na companhia de Ary Barroso – o poeta foi o ultimo parceiro do autor da Aquarela do Brasil.

O consagrado Trio los Panchos, reis do bolero, apresentando-se numa boite no Rio de Janeiro, resolve oferecer o samba canção Risque, megasucesso do grande Ary, cantado em ritmo de bolero: “nuestra homenaje al gran compositor brasileño, que nos honra con su presencia!”

Ary, que já estava bem adiantado, levantou-se, irritadíssimo e sem o menor lero lero, botou o rei Congo no congado:

– Não aceito! Risque é um samba canção!

P.S.#1: Os jornais noticiaram que Ruy Castro e Zuza Homem de Mello estão escrevendo sobre o samba canção. Serão, com certeza, dois livros bemvindos a história da nossa grandiosa musica popular.

P.S.#2: A cantora de Risque é Linda Batista e o violino é Fafá Lemos.

Vinicius, Antonio Maria e Ary Barroso

Ary entre Vinicius e um menino grande que tambem gostava de sambas canções.

Quatro amigos e uma saudade imensa.

sexta-feira, junho 26th, 2015

Deixa tocando enquanto voce lê:

Em 1965, Zequinha Marques da Costa, meu primo querido, me apresentou seus grandes amigos, Vinicius de Moraes, Baden Powell e Ciro Monteiro; alguns meses antes de dar início aos ensaios do espetáculo Vinicius Poesia e Canção, realizado no Teatro Municipal de São Paulo, dirigido e produzido por ele, com a presença do poeta e parceiros; que primo, que amigos, que privilégio!


                                                                                             


Tempo Feliz.

P.S.: entre uns uisquinhos, Vinicius, falando de sua admiração pelo cantor e pela pessoa de Ciro Monteiro, contou que Baden havia composto oito músicas para esse LP – eram previstas dez – quando teve de voltar a Paris, onde morava, para uma série de concertos, e Ciro gentilmente completou as dez com duas músicas suas – Alô João  e Toma meu coração, oferecendo autoria a Baden Powell e Vinicius de Moraes.

Assim era Ciro Monteiro, o Formigão, como era carinhosamente chamado, de quem Vinicius falou:

– Uma criatura de qualidades tão raras que eu acho improvável qualquer de seus amigos não se haver dito, num dia de humildade, que gostaria de ser Cyro Monteiro. Pois Cyro, pra lá do cantor e do homem excepcional, é um grande abraço em toda a humanidade.

Ciro Monteiro, por Miécio Caffé

P.S.: Num dos intervalos de Vinicius Poesia e Canção, não lembro porque, papeando com Ciro, mencionei algo ligado a algum político que aprontou alguma, e o Formigão saiu com essa:

– Pois é Edgard, o candidato é aquele cara que fala bonito, tudo aquilo que a gente quer ouvir; quem não cumpre é o eleito!

Sábias palavras.