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Chorinho sabido

terça-feira, julho 4th, 2023

Pichu Borrelli e Edgard Poças

a Pixinguinha (1897-1973) e a Jacob do Bandolim (1918-1969)

por Maria Clara Novaes

Seu sabe tudo, você sabe tantas coisas

dos astros, das estrelas, do céu sabe também

dos continentes dos países e dos povos

sabidão sabe que sabe

sabe mais do que ninguém

Sabe dos rios oceanos cachoeiras

das plantas e dos bichos, das pedras dos metais

História

geografia

tecnologia

e Ciências Naturais

e muito mais:

Informática Política Gramática

prosa Poesia

artes em geral

Esportes Medicina

economia

sabe disso daquilo etc. e tal

Não há dúvida de quanto você sabe

e eu aqui querendo só saber porque

que o sabidão aí nem desconfia

como eu gosto

quanto eu gosto de você

Alfredo da Rocha Vianna Filho, conhecido como Pixinguinha (Rio de Janeiro, 4 de maio de 1897 — Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 1973), foi um compositor, arranjador, maestro, professor, flautista e saxofonista brasileiro.

Chorinho Sabido por Edgard Poças

Não deixe de assistir esse Vídeo do Thomas Farkas! Vale a pena!
Carteira de Identidade de compositor
Pixinguinha e amigos
Pixinguinha e sua flauta – Os oito batutas
Com Radamés Gnatalli
partitura “Vou vivendo”
saxofone… músico completo.
Da flauta ao
Com alguns amigos.
Com Luis Amistrong
Dormindo na partitura
Com Donga
E Cartola

Jacob Pick Bittencourt, mais conhecido como Jacob do Bandolim (Rio de Janeiro, 14 de fevereiro de 1918 — Rio de Janeiro, 13 de agosto de 1969) foi um músico, compositor e bandolinista brasileiro de choro.

Com Pixinguinha

Caros amigos

 

Relendo o belo livro Jacob do Bandolim,  de Ermelinda A. Paz,  professora da URFJ e da Uni Rio, vencedora do Concurso Lúcio Rangel de monografias da Funarte, lançado em 1997,

 

Vejam esse depoimento dado no “Programa Gláucio Gil”, em 1965, colhido na pg  107 do compositor Jacob  que “era muito apegado às suas raízes culturais, motivo pelo qual era um eterno desconfiado para com os modismos e o que se chamasse renovação em música” .

 

Eu noto que todas as vezes que se fala em música brasileira atual, fala-se necessariamente no vocábulo evolução. Nunca se fala em involução, que é justamente o antônimo, o oposto. Eu acho que o fato dese modificar alguma coisa não significa necessariamente evolução. Pode ser involução. E aliás é o que vejo.

 

“Jacob estava se referindo em especial à bossa nova. Não foram poucas as vezes em que ele dizia que o pessoal que divulgava a bossa nova não sabia o que era bossa nova. O episódio ocorrido com a música Chega de Saudade, de tom e Vinicius, foi para ele umademonstração de que estava certo quanmdo dizia que nem eles sabiam o que faziam”.

 

vamos ao episódio (pg 168) narrado pelo próprio Jacob em carta datada de março de1963 ao jornalista e grande biógrafo da MPB, Sérgio Cabral

 

 

pg 138 : Jacob regravaChegadeSaudade, LP MIS (set 68 ), ao vivo, num espetáculo memorável ao lado de Elizete Cardoso e Zimbo Trio,  realizado no Teatro João Caetano, no RJ, ícone da Bossa Nova aquela que na pg é chamada;;;;;;;;;;;;;  e a parte bisada do show. O LP  foi relançado pelo MIS em 1977 (pg 141)

 

 

pg 135 :   gravou Chega de Saudade  no  LP RCA VICTOR (jun 63 !) “Jacob revive sambas para voce cantar” – com regional e metais portanto não pode ser choro, pois, Tom Jobim havia-lhe tramsmitido por meio da partitura.

O maestro fala constantemente que achava imporante escrever a composição,

registrar a obra músical no papel.

 

 

Tom aparece ao lado de Vinicius de Moraes num caderno intitulado Repertório Trivial  (pg 35), que constava de 329 títulos, de diversos gêneros. Aliás, desse relicário poderiam perfeitamente constar  O Barquinho,  Nós e o Mar , Telefone, Você,  Vagamente, Ah, Se Eu Pudesse, Errinho à-toa, e outras tantas de Roberto Menescal, magnífico compositor, para não citar o grande Tom, o que nos leva a pensar que as referências a BN tinham um pouco de implicância  do genial  bandolinista.

 

 

 

pg 168 : história da parte partitura manuscrita (pg 189) onde se lê  “ Ao Jacob o Chega deSaudade, como foi feito” , assinado por Antonio Carlos Jobim, em 18 – 12 -59, e posteriormente à máquina por Jacob, “no Bar Zeppelin, rua Visconde de Pirajá, presente Lúcio Rangel”. Comparando-a com a escrita no Cancioneiro Jobim,  recentemente publicado com o mais-que-credibilizado aval de Paulo Jobim notamos que :

 

e levanto a lebre,  só vai dar pra entender, lá no “descanso que a vida não dá”  lá no “oco do mundo”, Naquele A este encontro que a gente eu não devo faltar , porque se eu fosse recnstruir essa história eu diria que naquela mesa (tá faltando ele, J.Gilberto), parece que esse bar jávai fechar, do Vilarinho, nunca mais.

Será?

edgard poças

 

Referências bibliográficas:

ARANHA, Carla. Chorinho. Como todo começou. Rio de Janeiro: DBA Editora. 2012.

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ANDRADE, Mário. Dicionário Musical Brasileiro. São Paulo: Editora Itatiaia Ltda. 1989.

LISBOA JUNIOR, LUIZ AMÉRICO. 81 Temas da Música Popular Brasileira. Itabuna: Agora Editoria Gráfica Ltda.  2000.

ARANHA, Carla. Chorinho Brasileiro: como tudo começou. São Paulo: DBA Artes Gráficas. 2012.

ALENCAR, Edigar de. Claridade e Sombra na Música do Povo. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora.1984.

SEVERIANO, Jairo. MELLO, Zuza Homem de. A Canção no tempo. 85 anos de músicas brasileiras., Vol. 1. 1901-1957. São Paulo: Editora 34. 1997.

SEVERIANO, Jairo. MELLO, Zuza Homem de. A Canção no tempo. 85 anos de músicas brasileiras., Vol. 2. 1958-1985. São Paulo: Editora 34. 1998.

MARIZ, VASCO. A Canção Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira. 1985.

PASSOS, Claribalte. Vultos e Temas da Música Brasileira. Rio de Janeiro: Paralelo. 1972.

TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular. São Paulo: Art . 1991.

VASCONCELOS, Ary. Panorama da música popular brasileira. Rio de Janeiro: Martins Editora, 1977.

ANDRADE, Mario de. Aspectos da Música Brasileira. São Paulo:  Livraria Martins Editora. 1965.

LUSTOSA, Isabel. Nássara. O Perfeito fazedor de artes. Rio de Janeiro: Relume-Dumará.1999.

DIDIER, Carlos. Nássara – passado a limpo. Rio de Janeiro: Editora José Olympio. 2010.

SANTA CRUZ, Maria Aurea. A Musa sem máscara. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1992.

EPAMINONDAS, Antônio. Brasil, Brasileirinho. Rio de Janeiro: Editora Catedra. 1982.

SALES, Fernando. MPB em Pauta. Rio de Janeiro: José Olympio Editora. 1984.

VIEIRA, Jonas. Orlando Silva – O cantor das multidões. Rio de Janeiro: Funarte.1985.

CARVALHO, Hermínio Bello de. Sessão Passatempo. Rio de Janeiro:  Relume – Dumará.1995.

MARTINS, J.B. Antropologia da Música Brasileira. São Paulo: Editora Obelisco. 1978.

CALDAS, Waldenyr. Iniciação à Música Popular Brasileira. São Paulo:  Editora Ática. 1989.

AGUIAR, Jorge. Nada além: A vida de Orlando Silva. São Paulo: Editora Globo.1995.

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SQUEFF, Enio. WISNIK, José Miguel. O nacional e o popular na cultura brasileira. São Paulo: Brasiliense. 1982. 

MORAES, Vinicius de. Samba falado (crônicas musicais). Rio de Janeiro: Beco do Azougue Editorial. 2008.

DINIZ, André. Pixinguinha. O gênio e o tempo. Rio de Janeiro: Casa da Palavra: 1975.

RUIZ, Roberto. Araci Cortes: Linda Flor. Rio de Janeiro: Funarte. 1984.

CABRAL, Sérgio. Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Lazuli Editora. 2011.

PINTO, Alexandre Gonçalves. O Choro. Rio de Janeiro: MPB Reedições.1978.

SILVA, Marília Trindade Barboza da. OLIVEIRA FILHO, Arthur Loureiro de. Filho de Ogum Bexiguento. Rio de Janeiro: Funarte. 1979.

ALENCAR, Edigar de. O fabuloso e Harmonioso Pixinguinha. Rio de Janeiro: Livraria editora Catedra. 1979.

RANGEL, Lúcio. Samba, Jazz e outras notas. Rio de Janeiro: Agir Editora. 2007.

CAZES, Henrique. Choro do Quintal ao Municipal. São Paulo: Editora 34. 1998.

BARBOSA, Valdinha. DEVOS, Anne Marie. Radames Gnattali. O Eterno Experimentador. Rio de Janeiro: Funarte. 1985.

TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular: da modinha ao Tropicalismo. São Paulo: Art Editora. 1986.

TINHORÃO, José Ramos. Música Popular: um tema em debate. São Paulo: Editora 34. 1997.

EFEGÊ, Jota. Figuras e Coisas da Música Popular Brasileira. Volume1. Rio de Janeiro: Funarte. 1978.

EFEGÊ, Jota. Figuras e Coisas da Música Popular Brasileira. Volume 2. Rio de Janeiro: Funarte. 1980.

PAZ, Ermelinda A.  Jacob do Bandolim. Rio de Janeiro: Funarte. 1997.

CABRAL, Sérgio.  Pixinguinha. Vida e Obra. Rio de Janeiro: Lumiar Editora. 1997.

SONGBOOKS & PARTITURAS:

CHEDIAK, Almir. Choro – Mário Sève, Rogério Souza e Dininho – São Paulo: Irmnaos Vitale. 2009.

Álbum de Choros de Pixinguinha e Benedito Lacerda. Álbum 1. São Paulo. Rio de Janeiro. Irmãos Vitale Editores. 1947.

Álbum de Choros de Pixinguinha e Benedito Lacerda. Álbum 2. São Paulo. Rio de Janeiro. Irmãos Vitale Editores. 1948.

Álbum Pixinguinha: melodias para instrumentos em clave de sol com cifras para piano ou acordeon. Irmãos Vitale. 1978.

CARRASQUEIRA, Maria José. O melhor de Pixinguinha. Melodias e Cifras. São Paulo. Rio de Janeiro. Irmãos Vitale Editores. 1997.

O melhor do choro brasileiro: 60 peças com melodias e cifras: 1º volume – São Paulo: Irmãos Vitale. 1997.

O melhor do choro brasileiro: 60 peças com melodias e cifras: 2º volume – São Paulo: Irmãos Vitale. 1998.

O melhor do choro brasileiro: 60 peças com melodias e cifras: 3º volume – São Paulo: Irmãos Vitale. 2002.

LEME, Bia Paes. Pixinguinha Na Pauta. 36 arranjos para o programa O Pessoal da Velha Guarda. São Paulo: Instituto Moreira Salles. 2010.

Dia Nacional do Choro.

terça-feira, julho 4th, 2023

Dia 23 de abril, Dia Nacional do Choro. Quem quiser saber de choro leia ou ouça Principios do Choro (vide infos que  eu postei anteriormente) e não deixe de ler os textos Herminio no Oficina… Sobre São Pixinguinha morreu numa igreja e ouça com benedito.                 Documentário: http://www.youtube.com/watch?v=9GORmbtsKC0 Farkas: http://www.youtube.com/watch?v=fhqAVEEezAw1965, Excelcior apartamentos, Vinicius disse: – Pixinguinha O Sol Sobre a Lama, Lamentos, Mundo Melhor Nara : Odeon   encomendado por ela à Vinicius:   http://www.youtube.com/watch?v=1sbcEYGKI2o         nazareth rocando Apanhei-te cavaquinho:   http://daniellathompson.com/Texts/Le_Boeuf/cron.pt.28.htm   aproveitem e visitem o belíssimo site da Danielle; e se possivel leiam As Crônicas Bovinas sobre Le Bouef… Documentário:

http://www.youtube.com/watch?v=9GORmbtsKC0(video indisponível) Farkas: http://www.youtube.com/watch?v=fhqAVEEezAw (video ok)

Quatro amigos e uma saudade imensa.

sexta-feira, junho 26th, 2015

Deixa tocando enquanto voce lê:

Em 1965, Zequinha Marques da Costa, meu primo querido, me apresentou seus grandes amigos, Vinicius de Moraes, Baden Powell e Ciro Monteiro; alguns meses antes de dar início aos ensaios do espetáculo Vinicius Poesia e Canção, realizado no Teatro Municipal de São Paulo, dirigido e produzido por ele, com a presença do poeta e parceiros; que primo, que amigos, que privilégio!


                                                                                             


Tempo Feliz.

P.S.: entre uns uisquinhos, Vinicius, falando de sua admiração pelo cantor e pela pessoa de Ciro Monteiro, contou que Baden havia composto oito músicas para esse LP – eram previstas dez – quando teve de voltar a Paris, onde morava, para uma série de concertos, e Ciro gentilmente completou as dez com duas músicas suas – Alô João  e Toma meu coração, oferecendo autoria a Baden Powell e Vinicius de Moraes.

Assim era Ciro Monteiro, o Formigão, como era carinhosamente chamado, de quem Vinicius falou:

– Uma criatura de qualidades tão raras que eu acho improvável qualquer de seus amigos não se haver dito, num dia de humildade, que gostaria de ser Cyro Monteiro. Pois Cyro, pra lá do cantor e do homem excepcional, é um grande abraço em toda a humanidade.

Ciro Monteiro, por Miécio Caffé

P.S.: Num dos intervalos de Vinicius Poesia e Canção, não lembro porque, papeando com Ciro, mencionei algo ligado a algum político que aprontou alguma, e o Formigão saiu com essa:

– Pois é Edgard, o candidato é aquele cara que fala bonito, tudo aquilo que a gente quer ouvir; quem não cumpre é o eleito!

Sábias palavras.

Cinco Bastantes.

quarta-feira, maio 20th, 2015

Pixinguinha, Dorival Caymmi, Vinicius de Moraes, com a capa do maravilhoso LP The Wonderful World of Antonio Carlos Jobim, de 1965,     acompanhados ao violão por Baden Powell.

Parei Contigo. Show de Bossa.

terça-feira, maio 19th, 2015

Mário Reis e Lamartine Babo cantando juntos numa gravação de 1934, acompanhados pelos Diabos do Céu, com arranjo infernal do divino Pixinguinha. Show de bossa!

O samba é do Lalá, que fez nada mais nada menos que Serra da Boa Esperança, Rasguei a minha fantasia, Os Rouxinóis, Eu sonhei que tu estavas tão linda, com Francisco Mattoso, Cantoras do Rádio,  com Braguinha e Alberto Ribeiro e outras muitas. Quizer saber mais sobre Lamartine Babo e Mário Reis procure os excelentes livros, Tra-la-lá – Lamartine Babo, de Suetônio Soares Valença e Mário Reis – o Fino do Samba, de Luis Antonio Giron.

Isso é bossa velha, isso é muito natural; o caminho de todas as bossas novas.

Parei Contigo

Tu és o tipo do sujeito indefinido, carcomido que só quer tirar partido
Meu Deus, mas é isto que se chama ser amigo?
Parei contigo! Parei contigo!
Nas eleições foi o diabo, pois tu eras o meu cabo e votaste no inimigo
Meu Deus, mas é isto que se chama ser amigo?
Parei contigo! Parei contigo! Parei contigo mesmo em caso de emergência
Jurei comigo de esgotar a paciência
Já vou-me embora, cruz, vou disparando
Se não tu furtas a canção que eu estou cantando
Após te dar casa e comida automóvel, tanta coisa, carregaste a minha esposa
Meu Deus, mas é isto que se chama ser amigo?
Parei contigo! Parei contigo! Um dia eu fui parar contigo num hotel em Cascadura, me furtaste a dentadura!
Meu Deus, mas é isto que se chama ser amigo?
Parei contigo, parei contigo! Levaste os meus bens de casamento
Só deixaste a minha sogra por um raro esquecimento
Meu Deus, mas é isto que se chama ser amigo?
Parei contigo! Parei contigo!

Concerto em si.

quinta-feira, julho 17th, 2014

Somos amigos,

amigos do peito,

amigos pra valer!

Baden e a Turma da Velha Guarda.

segunda-feira, outubro 21st, 2013

Em abril de 1954 e de 1955, o grande radialista Almirante, a partir de uma idéia que surgiu num papo de bar, com Aracy de Almeida e Sérgio Porto, organizou e produziu para a Rádio Record de São Paulo duas edições do Festival da Velha Guarda. Dr Paulo Machado de Carvalho, dono da rádio, mandou buscar o pessoal da pesada no Rio de Janeiro, que se apresentou nos estúdios da Record, no célebre Clubinho dos Artistas, no Teatro Artur Azevedo no bairro do Brás, no auditório da Universidade Mackenzie e no Parque  do Ibirapuera. Essas apresentações  tambem faziam parte das comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo.

Assista esta apresentação da Turma, em 1954, no parque do Ibirapuera – um presente que Thomaz Farkas deu ao Brasil:

Agora, repare nesta foto: o jovem e a atenção que desperta tocando violão é o genial Baden Powell, que veio na comitiva em 1955, a pedido de Pixinguinha, Donga e João da Baiana. O menino recebeu grande influência dos tres, que viria manisfestar ao longo da sua grandiosa obra como compositor e violonista.

Clique para ampliar

Saravá, Baden Powell,

 Duende da floresta afro brasileira!

Vinicius de Moraes, em Samba da Benção, dele com Baden.

Encontrei essa preciosa foto no livro  A Música Popular no Rádio Paulista, 1928 – 1960, de Thaís Matarazzo Canter, ABR editora. Embora Baden não esteja citado, garanto que é ele. Furo de reportagem do blog!

Uma prova: Pgs 44 e 45 de O Violão vadio de  Baden Powell, de Dominique Dreyfus.

Sobre o Clubinho:

https://pt-br.facebook.com/events/296194957067973/

Google, digite: Nos bares da vida: produção cultural e sociabilidade em São Paulo, …

Thomaz Farkas:

http://ims.uol.com.br/hs/thomazfarkas/thomazfarkas.html

 

Altamiro Carrilho. Sarau no céu.

quinta-feira, agosto 16th, 2012

Altamiro Carrilho se foi e eu fico imaginando o sarau no céu. Polquinhas, valsas, maxixes, lundús e muita alegria. Altamiro era a própira alegria de tocar.  Aliás, o regional que estão montando no andar de cima é da pesada. Nas flautas, imaginem só, Patápio Silva, Pixinguinha, Benedito Lacerda e Altamiro Carrilho!

Pra nós fica a saudade, feliz, que nem o Altamiro, filho da dona Lira.

Samba Enrêdo pra 98. Revista Bravo.

domingo, fevereiro 1st, 1998

Samba Enrêdo pra 98

 

Diz a lenda que o samba nasceu na Bahia, enrêdo da  reconciliação entre pai e filho. Em nome da alegria.

O pai, escravo africano, economizou em segredo durante toda a vida , e no seu leito de morte confiou ao filho o esconderijo e o desejo de que o tutú se destinasse à compra da alforria da família e o velhaco fugiu com a grana e foi parar no Pará…

Depois de algum tempo o patife arrependido volta, cheio de amor pra dar, com muito mais dinheiro e disposto a obter a qualquer prêço a liberdade sua e dos seus, mas cai do cavalo quando vem a saber que, da família é o único escravo, e o pai curado, com muita reza, alforriado e rico, não está nem um pouco afim de recebê-lo.

Consegue, através de uma argumentação substancial, a hoje chamada “bola”, curiosamente sinônima de uma paixão nacional, (ou seria jabá?) – reunir um corpo de jurados africanos que na Bahia constituiam o”conclave” e este, tomando a oferta em alta consideração, soberanamente, julga por bem o pai perdoar e receber o filho e a granolina de volta.

O ritual de reconsideração teve início com todos de pé em voz alta dirigindo-se ao filho no seu dialeto :

– Sam ! …   (Pague)

O filho respeitosamete paga. E o conselho impaciente, batendo os pés, diante do pai emocionado e indeciso, reforça ainda mais o coro :

– Ba ! …  (Receba)

O pai magnânimamente, recebeu os cobres, e a pendenga terminou em pândega, e a galera, justiça feita, transbordou sua alegria na passarela do perdão, saindo com o primeiro-refrão-enredo-exaltação :

 

– Sam…ba…Sam…ba…Sam…ba…Sam…ba…Sam…Ba……

Esse foi talvez o primeiro grande grito de carnaval. Um grito de duas palavras !  Que nem o de Pedro I.

E o furdunço teve início e o samba, se tornou canto e dança simbolo da nossa comunicação da nossa maneira de desopilar o drama, a opressão, o cotidiano, a dor, o amor, o absurdo, com graça, humor, alegria, paciência (que está quase sempre no fim), muita quizumba, a chamada zorra.

O samba nasce da contravenção e da controvérsia.

O famoso Pelo Telefone, que tirava uma do chefe da polícia carioca (O chefe da folia pelo telefone mandou avisar que na Carioca tem uma roleta para se jogar… ) não foi o primeiro samba que se tem notícia, nem foi o primeiro a ser gravado, nem siquer pela gravadora, e tambem não era samba.

E já estamos no Rio de Janeiro que desde os fins do século passado tinha redutos de costumes e usos africanos vindos da Bahia, marcando com suas cantigas, ritos, crendices e sambas, festas  de dança, realizadas clandestinamente, pois não eram bem vistos pelas autoridades, por babalaôs conhecidos como “tios” e “tias”.

Pelo Telefone, foi o grande hit.   Na verdade, é uma das letras, que se fizeram sobre uma colagem de motivos folclóricos (Olha a rolinha) nordestinos, lusitanos, lundus, tangos, maxixes, choros, e improvisos registrados na casa da famosa tia Ciata, tambem quituteira, partideira, e precursora dos primeiros blocos carnavalescos, os ranchos.

O mestre Pixinguinha dizia : “Naquele tempo, o  chôro era tocado na sala e o samba no quintal. “

A versão gravada foi um estouro, começou a ser tocado em tudo que era lugar e o Donga espertamente como dizem, registrou em seu nome na Biblioteca Nacional.

O fuzuê se formou, e apareceram pais de todas as partes e levadas, entre eles o Sinhô aquele que anos depois seria conhecido como “Rei do Samba”. Pois não é que no seu reinado o nosso Sinhô foi acusado de plágio por Heitor dos Prazeres que inclusive num samba o chamou de “Rei dos meus sambas” ?

Na ocasião, com ares de magistrado, respondeu com a célebre frase enrêdo :

– Samba é que nem passarinho, está no ar, e é de quem pegar…

E o que se pega ouvindo a obra do nosso Sinhô, é que ele quem sacou a geléia geral da época ,e fixou o samba  no dizer do grande Almirante.

O samba e os seus direitos. Isso faz lembrar o genio Wilson Batista, reclamando os seus…Quero chorar não tenho lágrimas…,dizendo que roubaram esse samba dele.

Eu nasci num clima quente/ você diz a toda gente/ que eu sou moreno demais/ Não maltrate o seu pretinho/ que lhe faz tanto carinho/ e no fundo é um bom rapaz…(Preconceito)

O Wilson queimando um em volta em volta do Palácio do Catête da casa grande, que nem o pedreiro Valdemar, que faz os edificos e depois não pode entrar”.

Lá dentro o governo provisório de Getúlio Vargas preparando um estado novinho em folha… Os sambistas vão ter que parar de cantar a orgia, a malandragem e outras bossas como :

Se eu precisar algum dia de ir pro batente não sei o que será/ Pois vivo na malandragem e vida melhor  não há. (Ismael Silva)

…eu serei capaz de não resistir/Nem é bom falar/Se a orgia se acabar…(Ismael Silva)

O meu destino foi traçado no baralho,não fui feito pro trabalho/

Eu nasci pra batucar… (Noël Rosa)

O samba a prontidão e outras bossas/São nossas coisas/São coisas  nossas. (Noël Rosa)

Os bambas vão atender a uma convocação  do seu Gegê pra exaltar as vantagens de se pegar no basquete.

O Ismael Silva fundador da primeira Escola de Samba (o termo não poderia ser mais feliz) a Deixa Falar, já havia acenado com a possibilidade de pegar no pesado, em condições bem diferentes“Se voce jurar que me tem amor/Eu posso me regenerar/Mas se é para fingir mulher/A orgia assim não vou deixar

O Wilson sai com essa : Quem trabalha é quem tem razão/Eu digo e não tenho medo de errar/O bonde São Januário leva mais um operário/Sou eu que vou trabalhar.

O Wilson discutiu  malandragem em samba, com o filósofo Noël Rosa e foi parceiro do Geraldo Pereira o escurinho direitinho que agora está com a mania de brigão.

Juntos fizeram um só, a obra prima, o samba solução de malandro, “Acertei no Milhar” : Etelvina, acertei no milhar/ Ganhei quinhentos contos não vou mais trabalhar…”

Os dois primeiros sambas citados do Ismael trazem na parceria os nomes de Nilton Bastos (grande talento que morreu cedo) e Chico Alves, o Rei da Voz, o homem que lançou, gravou o que havia de melhor durante grande período da MPB que comprou a parceria e entrou como autor.

Aliás o Noël que já havia feito, em resposta às convocações do governo, o Samba da boa vontade:  Conserva sempre o teu sorriso/Mesmo que a vida esteja feia e que vivas na pinimba/Passando a pirão de areia  tambem vendeu sambas, alguns trocou por um Chevrolet com o Chico Alves, que logo passou a frequentar o Estácio; a sala deu uma chegada pra ver o que acontecia no quintal.

 

O Chico tinha grana e o acesso as gravadoras, vira parceiro  do Ismael e depois, do Cartola, do Lamartine Babo (que tambem teve autoria questionada de O teu cabelo não nega e outros.  Compos peças belíssimas como A mulher que ficou na taça,  Meu companheiro, A dona da minha vontade, Abelha da ironia e outras com Orestes Barbosa,  A voz do violão com Horácio Campos, Canção da criança (Criança feliz, que vive a cantar,  alegre a embalar seu sonho infantil…), lançou inúmeros sucessos, gravou e lançou muita gente, foi importantíssimo, e a verdade é que o samba já estava indo longe e queria mais.

O tio Sam estava querendo conhecer a nossa batucada  e e a portuguesa Carmen Miranda pequena de muito balanço, bonita e notável pelo talento criativo e marqueteiro, foi lá mostrou, viorou ícone e acabou pagando caro.

O compositor de Brasil Moreno, o mulato baiano Assis Valente …felicidade é brinquedo que não tem/Papai Noel… um de seus compositores favoritos ( xxxxxxxxx), sem dinheiro, sem forças pra buscar o sonho e desistiu no meio do caminho fez bobagem.

Mas o samba acabou vingando e balançou a canção americana  e até o jazz na gringolândia e na Europa : água de beber camará …

É verdade que com o tempero planetário de Almeida Jobim, que com sua bossa botou até japones síncopando.

Os surdos não se tocaram e os puristas tambem, mas os puristas são os surdos de alma.

No samba os surdos são muito importantes, dão o pulso básico, e são uma parte da escola.

“No Brasil, sucesso é ofensa pessoal”. disse o Tom Mixer.

Mas a verdade é que foi ficando longe foi  a velha figura do sambista,  principalmente a do genio esquecido, mal sucedido

(…mas de repente Etelvina me acordou/Foi um sonho minha gente..”e o “crioulo”, a maior parte das vezes, cansou das promessas em nome do seu talento, e aprendeu nos degraus da vida que os bares se fecham  e os nacionalismos se acabam , e malandramente entrou na jogada pelas portas certas.

Dessa vez o malandro saiu da sinuca jogando na bola da vez, negando-se a folclorizar o seu drama.

E mostrou que não é doente do pé nem ruim da cabeça e sacou qual é a do tal marketing (… é com esse que eu vou…) e só pra contrariar  (que tambem é nome de um samba do Noël),  deu um tapa tecnopop no som e no visual, comprou os sints, as drum machines botou a caixa no segundo tempo e/ou quarto tempos no compasso da mídia (aí o papo vai longe), fez a letra que muita gente queria fazer e reinstalou o pagode. Sem esquecer o fundo de quintal, mas só que desta vez na sala, onde tem os móveis e o cofre. Voce dê toda roupa velha aos pobres/E a mobília podemos quebrar…

Na verdade tropical, nem tudo é mentira.

E o pagode – que era a reunião informal pra se tocar e cantar samba, e não à toa quer dizer, templo destinado a cultos, divertimento, zombaria, – que vem de pagão,não em vão, está aí, na onda, chutando o pau da barraca, fazendo sua história com novos ídolos, gente nossa, tomando seu espaço nesse mundo mercado, revelando a cultura, com/tradição e com razão, brasileira.

 

Até que enfim agora eu sou feliz/Vou percorrer a Europa toda até Paris

 

Breque :

 

1) A quantas andava a província do Pará na época da lenda.

Será que já existiam Bragança, óbidos, Santarém, Belém, essas “cidades portuguesas” ?

 

2) Senhores da criação que vivem com falta de, e da grana sobrando :

Sinhô nasceu em set 1888, Wilson Batista morreu em julho de 1968, Geraldo Pereira nasceu em abril de 1918, Ismael Silva morreu em ag 1978, Assis Valente se matou em março de 1958 Chico Alves que morreu em set 52 na Dutra num desastre de automóvel nasceu em ag 1898.

O ano de1998, portanto é ano de investir em projetos de incentivo a nossa cultura. Os jovens tem que saber.

Olha o enredo aí minha gente !