Orquestra Sinfônica Brasileira tocando o Trenzinho do Caipira (Tocata da Bachiana Brasileira Nº 2) – Roberto Minczuk, Maestro. CLIQUE – https://www.youtube.com/watch?v=wIG4h7lvj4Y
“Sim, sou brasileiro e bem brasileiro. Na minha música eu deixo cantar os rios e os mares deste grande Brasil. Eu não ponho mordaça na exuberância tropical de nossas florestas e dos nossos céus, que eu transponho instintivamente para tudo que escrevo”
•
“A minha obra musical é consequência da predestinação. Se ela é em grande quantidade, é fruto de uma terra extensa, generosa e quente”
“O Brasil é uma floresta encantada onde a Europa jogou o tapete persa velho, mofado, cheio de poeira, cheio de ácaro”.
•
Em meados da década de 1950, Villa-Lobos foi convidado a compor a trilha do filme Green Mansions, do diretor americano Mel Ferrer, estrelado por sua esposa, Audrey Hepburn e o galã Tony Perkins. O filme, um absurdo sem pé nem cabeça passou desapercebido. A trilha original de Villa-Lobos foi “adaptada” pelo compositor (polonês!) Bronislaw Kaper A canção interpretada por Tony Perkins ao violão é uma canção mais adequada para filme de faroeste. Clique no endereço abaixo para assistir o trailer:
Villa-Lobos não gostou nenhum pouco das mudanças na sua partitura, e reaproveitou as ideias musicais compondo a cantata “A Floresta do Amazonas.” Uma das canções da cantata, a Melodia Sentimental, foi um sucesso, ultrapassou os limites das salas de concerto, e entrou no repertório da música popular. Villa-Lobos promovia essa síntese entre os universos erudito e popular. Suas peças para violão são um bom exemplo. Desde a gravação de Elizeth Cardoso, nos anos 1960, a Melodia Sentimental vem ganhando lugar no repertório de muitos cantores.
Acorda, vem ver a lua/ Que dorme na noite escura/ Que fulge tão bela e branca Derramando doçura/ Clara chama silente/ Ardendo meu sonhar/ As asas da noite que surgem/ E correm no espaço profundo/ Oh, doce amada, desperta/ Vem dar teu calor ao luar/ Quisera saber-te minha / Na hora serena e calma/ A sombra confia ao vento/ O limite da espera/ Quando dentro da noite/ Reclama o teu amor/ Acorda, vem olhar a lua/ Que brilha na noite escura/ Querida, és linda e meiga/ Sentir teu amor e sonhar.
OBS: Se quiser ir mais fundo na obra do mestre, procure na NET por: Bachianas Nº2 (inteira), Choros, nº6, 11, Uirapurú, Prole do bebê e Quartetos.
•
“Villa-Lobos realiza o milagre das coisas verdadeiramente grandes, nos impondo-nos o mais profundo e comovido silêncio. Sua música é como essa terrível natureza do Brasil, sem bonitezas, simplesmente grande.” – Di Cavalcanti
Declaração imperdível
Ele era garoto. Ia sempre à minha casa na Rua Itapiru, número 97. Tocava violão muito bem, como sempre tocou. Às vezes, acompanhava meu pai. Mais tarde é que toquei uns chorinhos para ele. Sempre gostou de música. Tocava violoncello no Cinema Odeon e fazia umas pausas complicadas. Mas todo mundo achava Villa-Lobos meio esquisito, sabe? Não davam muito valor a ele. Villa-Lobos foi um sujeito que chegou antes a uma realidade que todos nós sabemos. Eu conheci Villa-Lobos muito antes de 1922. Como eu já disse, ele ia na minha casa porque admirava os chorões. Às vezes até fazia acompanhamento no violão. Era bom no violão – Pixinguinha
IMPRESSIONANTE: entre no Youtube, procure por Prelúdio(s), ou Estudos de Villa-Lobos para violão. A quantidade de obras interpretadas por violonistas do mundo inteiro é surpreendente! Imagine se o mestre ouvisse o que segue: • • • * • Estudo Nº1 – Xingye Li – https://www.youtube.com/watch?v=XyNb_2y51SE • Estudo Nº2 – Xingye Li – https://www.youtube.com/watch?v=fEHjD4CyAU8
• Sugestão de CD: Villa-Lobos • Oeuvre pour Guitare, por Fabio Zanon
ATENÇÃO VIOLONISTAS! Vale muito a pena ouvir os Cinco Prelúdios para Violão, transcritos para piano, por José Vieira Brandão – aluno de Villa-Lobos interpretados por Sonia Rubinsky: https://www.youtube.com/watch?v=DRzHetnhsBY
“O Brasil precisa de educação, de uma educação que não seja de pássaros empalhados em museus, mas de vôos amplos no céu da arte.”
“É preciso não esquecer a enorme responsabilidade dos educadores que vão ministrar às crianças os primeiros conhecimentos de arte, incumbindo-se, verdadeiramente, da sua educação musical. Como também nunca será demasiado insistir na finalidade pragmática do canto orfeônico.”
•
“A música, eu a considero, em princípio, como um indispensável alimento da alma humana. Por conseguinte, um elemento e fator imprescindível à educação do caráter da juventude.” – Villa-Lobos. •
” O canto coletivo, com o seu poder de socialização, predispõe o indivíduo a perder no momento necessário a noção egoísta da individualidade excessiva, integrando-o na comunidade, valorizando no seu espírito a ideia da necessidade de renúncia e da disciplina ante os imperativos da coletividade social, favorecendo, em suma, essa noção de solidariedade humana, que requer da criatura uma participação anônima na construção das grandes nacionalidades.”•
Cai cai balão – Canção folclórica, harmonizada por Villa-Lobos. Arranjo de Edgard Poças para o CD: Villa -Lobos e Carlos Gomes para crianças: www.youtube.com/watch?v=RJT45D2hewc
Carneirinho, Carneirão – Canção folclórica, harmonizada por Villa-Lobos. Arranjo de Edgard Poças para o CD Villa- Lobos e Carlos Gomes para crianças: https://www.youtube.com/watch?v=lOkyP4P8aKw
O cravo brigou com a rosa. – Canção folclórica, harmonizada por Villa-Lobos. Arranjo de Edgard Poças para o CD Villa-Lobos e Carlos Gomes para crianças: http://www.youtube.com/watch?v=H2IZk52hxRk
My bus and I, do musical Magdalena. -Olha o Índio de casaca na Broadway, minha gente! www.youtube.com/watch?v=MS8DmMfXaDo “Nossa gente tem grande, poderoso, senso criador. Não é razoável, pois que nossos artistas não façam por conseguir, no cenário musical do mundo, o lugar que lhes compete ocupar.”
•
” Que espécie de civilização é essa, a atual? Se a televisão está quebrada, o avindo em pane, o homem está desamparado. Vivemos a época da máquina!” – Villa-Lobos – Imagino se ele visse o computador e o celular!
•
Villa sobre a ONU: ” Se ouvissem mais música, haveria menos guerras”.
Villa-Lobos posando para fotografias a serem publicadas em livro, no qual só apareceriam sua mãos, demonstrando o manosolfa – sistema de notas musicais em gestos, aplicado em treinamento com professores para educação musical escolar e canto orfeônico.
“Gosto da liberdade em todos os sentidos, gosto de estudar e pesquisar, de trabalhar e compor sistematicamente”.
“Os meus amigos e admiradores, por serem bons e sem maldades, costumam perdoar os meus erros e defeitos”.
“Assim como não gosto de pensar no futuro, não me sinto bem olhando o passado. Eu sou como o viajante que, ao atravessar um rio num cipó, não pode olhar para trás nem para a frente, a fim de não perder o equilíbrio”.
“ Incompreendido, humilhado, desrespeitado pela sua terra, Villa-Lobos, pela sua força criadora ímpar, deveria ter sido venerado, amado, respeitado pelos seus compatriotas. Infelizmente isso não aconteceu. Teve que lutar contra a indiferença, passando dificuldades e privações para garantir sua subsistência”. – Camargo Guarnieri.
“Poucas são as pessoas que, no Brasil, têm ideia exata do que seja o renome do Maestro H. Villa-Lobos no estrangeiro. Nunca um brasileiro conheceu a glória de modo tão puro como esse nosso compatriota genial: nem mesmo Santos Dumont nos seus grandes dias em Paris. Nem mesmo Santos Dumont nos dias em que foi o homem mais festejado, mais caricaturado, mais fotografado na capital da França” – Gilberto Freyre.
“ (…) Que Villa-Lobos tenha enfim no Brasil uma consagração digna dele, é o que desejo. Nós ainda não presenciamos com clareza o que ele representa para o Brasil. Por mais que as transcrições de artigos sobre ele, publicados no estrangeiro, provem a importância dele, essas transcrições não bastam para mostrar a formidável propaganda que Villa-Lobos fez lá fora. Ele não fixa cartazes nas paredes do mundo, mostrando que o café é gostoso, enquanto a Colômbia planta mais café valorizado pela nossa estupidez. Mas em compensação ele tornou o Brasil uma coisa humana de permanência viva na consciência de milhares de estrangeiros” – Mário de Andrade.
Cidadão do mundo igual a Tom Jobim, tanto poderíamos vê-lo subindo o morro da Mangueira em companhia do educador AnísioTeixeira e surpreendê-lo abraçado a Cartola, como flagrá-lo num jantar que lhe foi oferecido por celebridades em New York num bate-papo animado com Duke Ellington.
Explosivo, carinhoso, bem-humorado, jogador fanfarrão de sinuca que tirou grana do próprio bolso para financiar o bloco carnavalesco “Sodade do Cordão”, que, segundo Renato de Almeida, tentava reviver os antigos grupos de velhos, onde palhaços, morcegos e rainhas misturavam-se – a instrumentália percursiva de adufos, reco-recos. – Hermínio Bello de Carvalho.
•
“A arte existe para exprimir e satisfazer a humanidade. O verdadeiro ideal do artista é servir a massa do povo, dar-lhe alguma coisa que, graças aos seus sons naturais, só ele pode dar”
“A música é a única expressão da Arte que reúne os requisitos de força dominadora compreensível a todas as raças, e por isso mesmo capaz de uma conciliação racional entre os povos.”
Perguntaram-lhe certa feita se era futurista. Respondeu: – Não . Nem futurista nem passadista. E acrescentou:- Eu sou eu!
Villa-Lobos, ao ser indagado pelos artistas parisiense com quem iria estudar, respondeu logo que chegou: – “Não vim para estudar com vocês, vim para lhes mostrar o que tenho feito”.
“Villa-Lobos acaba de chegar de Paris. Quem chega de Paris espera-se que venha cheio de Paris. Entretanto Villa-Lobos chegou de lá cheio de Villa-Lobos. – Manuel Bandeira
•
“Logo que sinto a influência de alguém me sacado todo e pulo fora”.
Esse, o Villa amigo de Cartola e de Donga, esse o educador preocupado com a “educação social pela música”, esse, o índio de casaca, como chamou Menotti del Picchia, esse o amante atento que autografava bilhete em fotos que, de madrugada, deixava no colo de Mindinha, guardiã de seus trabalhos que entravam noite a dentro. – Hermínio Bello de Carvalho
“Num país de tendências liberais e democráticas como o Brasil, todas as correntes técnicas e estéticas aparecem, apesar das naturais reações do público conservador, como acontece nas nações civilizadas.”
•
EXCELENTE documentário “O Índio de Casaca”, produzido em 1987, com direção de Roberto Feith e apresentado pelo ator Paulo José. Entre as imagens raras do compositor e de sua época, há depoimentos de personagens como Guerra Peixe, Tom Jobim, Andrés Segovia, Ana Stella Schic, Walter Burle Marx, Turíbio Santos, Vasco Mariz, Maria Augusta Machado e outros. http://bossa-brasileira.blogspot.com/2013/08/o-indio-de-casaca-villa-lobos-no-cinema.html
Loque Arcanjo, doutor em história, violonista e professor de música da Universidade do Estado de Minas Gerais, autor do livro, “Heitor Villa-Lobos – os sons de uma nação imaginada”, apresentando uma perspectiva histórica sobre a vida de um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos”. https://www.youtube.com/watch?v=EVNoKLXQh-8
SCHIC, Anna Stella. Villa-Lobos – O Índio Branco.Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda.1989.
KIEFER, Bruno. Villa-Lobos e o Modernismo na Música Brasileira. Porto Alegre: Editora Movimento.1981.
CLARET, Martin. O Pensamento Vivo de Heitor Villa-Lobos. São Paulo: Martin Claret Editores. 1987.
HORTA, Luiz Paulo. Villa-Lobos. Uma Introdução. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores. 1987.
MACHADO, Maria Célia. Heitor Villa-Lobos. Tradição e Renovação na Música Brasileira. Rio de Janeiro: Editora UFRJ.
NEGWER, Manuel. Villa-Lobos. O florescimento da música brasileira. São Paulo: Martins Fontes Editora. 2009.
GUIMARÃES, Luiz e Colaboradores. Villa-Lobos – Visto da Plateia e na Intimidade. Rio de Janeiro: Gráfica Editora Arte Moderna. 1972.
CARVALHO, Hermínio Bello de. O Canto do Pajé – Villa-Lobos e a Música Popular Brasileira. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo. 1988.
PALMA, Enos da Costa. CHAVES JUNIOR, Edgard de Brito. As Bachianas Brasileiras de Villa-Lobos. Rio de Janeiro: Companhia Editora Americana. 1971.
HORTA, Luís Paulo. Edição de Centenário Villa-Lobos. Projeto da Companhia Brasileira de Projetos e Obras. São Paulo: Edições Alumbramento – Livroarte Editora. 1986.
ANDRADE, Mário de Andrade. Música, Doce Música. São Paulo: Livraria Martins Editora. 1963.
ANDRADE, Mário de Andrade. Pequena História da Música. São Paulo. Livraria Martins Editora. 1967.
VILLA-LOBOS, Heitor. Guia Prático. Estudo Folclórico Musical. Primeiro Volume. São Paulo e Rio de Janeiro: Irmãos Vitale.1941.
VILLA-LOBOS, Heitor. Canto Orfeônico. Primeiro Volume. São Paulo e Rio de Janeiro: Irmãos Vitale. 1940.
VILLA-LOBOS, Heitor. Canto Orfeônico. Segundo Volume. São Paulo e Rio de Janeiro: Irmãos Vitale. 1951.
MARIZ, Vasco.Vida Musical. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 1997.
Museu Villa-Lobos.Presença de Villa-Lobos– 8. Volume MEC- DAC – Rio de Janeiro. 1973.
SEVERIANO, Jairo. MELLO, Zuza Homem de. A Canção no tempo. 85 anos de músicas brasileiras. Vol. 1. 1901-1957. São Paulo: Editora 34. 1997.
SEVERIANO, Jairo. MELLO, Zuza Homem de. A Canção no tempo. 85 anos de músicas brasileiras. Vol. 2. 1958-1985. São Paulo: Editora 34. 1998.
MARIZ, VASCO .A Canção Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira. 1985.
PASSOS, Claribalte. Vultos e Temas da Música Brasileira. Rio de Janeiro: Paralelo. 1972.
ANDRADE, Mario de. Aspectos da Música Brasileira. São Paulo: Livraria Martins Editora. 1965.
MARTINS, J.B.Antropologia da Música Brasileira. São Paulo: Editora Obelisco. 1978.
MEDAGLIA, Júlio. Música Impopular. São Paulo: Global. 1988.
ACIOLY, Karen. Tuhú, o menino Villa-Lobos. Rio de Janeiro: Editora Ltda. 2007.
SQUEFF, Enio. WISNIK, José Miguel. O nacional e o popular na cultura brasileira. São Paulo: Brasiliense. 1982.
BARBOSA, Valdinha. DEVOS, Anne Marie. Radames Gnattali. O Eterno Experimentador. Rio de Janeiro: Funarte. 1985.
“Toda minha filosofia se centraliza na música porque a música é a única razão, único motivo para a minha existência. Eu somente sou útil, de alguma forma, através da música. Componho por imperativo biológico”.
“Devemos procurar educar os nossos artistas e compositores de modo a que acabem apreciando devidamente o seu dever de servidores da humanidade. ”
Pra frente, ó música! Que algum dia tu sejas a maior inspirara da Paz entre os homens”.
•
“Era um espetáculo. Tinha algo de vento forte na mata, arrancando e fazendo redemoinhar ramos e folhas; caía depois sobre a cidade para bater contra as vidraças, abri-las ou despedaçá-las, espalhando-se pelas casas, derrubando tudo; quando parecia chegado ao fim do mundo, ia abrandando, convertia-se em brisa vesperal, cheia de doçura. Só então se percebia que era música, sempre fora música. Assim é que eu vejo Heitor Villa-Lobos na minha saudade que está apenas começando, ao saber de sua morte, mas que não altera a visão antiga e constante. Quem o viu um dia comandando o coro de quarenta mil vozes adolescentes, no estádio do Vasco da Gama, não pode esquecê-lo nunca. Era a fúria organizando-se em ritmo, tornando-se melodia e criando a comunhão mais generosa, ardente e purificadora que seria possível conceber. A multidão em torno vivia uma emoção brasileira e cósmica, estávamos tão unidos uns aos outros, tão participantes e ao mesmo tempo tão individualizados e ricos de nós mesmos, na plenitude de nossa capacidade sensorial, era tão belo e esmagador, que para muitos não havia outro jeito senão chorar, chorar de pura alegria. Através da cortina de lágrimas, desenhava-se a nevoenta figura do maestro, que captara a essência musical de nosso povo, índios, negros, trabalhadores, caboclos, seresteiros de arrabalde; que lhe juntara ecos e rumores de rios, encostas, grutas, lavouras, jogos infantis, assovios e risadas de capetas folclóricos”. – Carlos Drummond de Andrade
Em meados da década de 1950, nosso grande Villa-Lobos foi convidado a compor a trilha do filme Green Mansions, do diretor americano Mel Ferrer, estrelado por sua esposa, Audrey Hepburn e o galã Tony Perkins. O filme, um absurdo total, passou desapercebido. A trilha original de Villa-Lobos foi “adaptada” pelo compositor polonês Bronislaw Kaper. E, a canção, interpretada por Tony Perkins ao violão, é música para filme de cowboy. Assista o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=FkTar7VJ4xg Villa não gostou nenhum pouco das mudanças na sua partitura e reaproveitou as ideias musicais compondo a cantata A Floresta do Amazonas. Uma das canções da cantata, a Melodia Sentimental, foi um sucesso, e ultrapassando os limites das salas de concerto, entrou para o repertório da música popular. Villa-Lobos promoveu, constantemente, a síntese entre os universos erudito e popular. Suas peças para violão são exemplares. Desde a gravação de Elizeth Cardoso, nos anos 1960, a Melodia Sentimental vem ganhando lugar no repertório de diversos cantores.
Em 1974, fui ao Rio de Janeiro, de trem noturno – apelidado por Vinicius de Moraes de”avião dos covardes” – para conhecer o Museu Villa-Lobos. Dormi quase nada pensando na possibilidade de, quem sabe, arrumar um estágio na Universidade Musical de Cascadura.
Infelizmente não havia vaga nenhuma ,mas, houve um delicioso papo com dona Arminda, mulher do Indio de casaca, que comandava o museu, à quem ele dedicou as Nove Bachianas Brasileiras, os Cinco Prelúdios Para Violão, e um bocado de outras mais.
Seguem os três melhores momentos.
• Dona Mindinha contou que numa ocasião, em Nova York, seu marido a levou para conhecer ouvir um grande compositor se apresentar ao piano – não disse quem nem onde. O lugar, segundo ela, bem mixuruca, o artista estava numa pindaíba danada, era nada mais nada menos que Béla Bartók!
• Perguntei se ela conhecia Antonio Carlos Jobim e da admiração do Tom pela obra de Villa-Lobos.
– Sim, claro que conheço, ele compõe melodias lindas, e ama a obra do Villa. Lá, pelos anos 50, ele esteve em nossa casa. Lembro bem dele brincando ao se despedir: – Maestro, quer vender pra mim a ária da Bachiana Nº5? O Villa ri; ele gostava do Tom e até havia avisado ao Santoro (Claudio) não se arriscar na música popular, porque com o Antônio Carlos Jobim na parada a coisa complicava pra ele! Tom estava começando sua carreira de compositor, que o consagrou no mundo inteiro. O Brasileiro se tornou Planetário.
• Após um cafezinho, dona Mindinha foi atender alguém, disse que voltava logo e que eu a esperasse. Fiquei sapeando pela sala alguns pertences do maestro; batuta, piteira, borrachas, óculos vários lápis, entre eles, um com prolongador e que não parava de olhar pra mim. Dona Mindinha voltou a tempo de frustrar e rir da minha investida no patrimônio nacional e ouvir minha pretensão.
– Dona Mindinha, desde pequeno, eu sei que é feio roubar; acontece que esse lápis encantado eu escrevo minha sinfonia!
•
Voltei com um bocado de partituras, entre elas, a Melodia Sentimental, que vinte e dois anos depois, sugeri à Zizi Possi que a incluir no repertório do CD Mais Simples, e livro Solfejos que aí está, autografado por Mindinha Villa-Lobos
Na música, até o silêncio tem ritmo. é o chefão do movimento!
Então, eu te pergunto:
– Pedra tem RITMO? Eu acho que não … está petri-ficado … c’est finit!
O RITMO gosta de ação Ele é o maestro na Sinfonia do Infinito!
Em homenagem ao ritmo eu compus – que palavra! – este Milk Shake de ritmos para você solfejar ad libitum, ou seja, à vontade – no seu ritmo.
Coloque na pauta, uma porção de rap com um toque de rock cem gramas de forró e samba à vontade carimbó também três xícaras de rumba, duas de vaneirão umas de baião desfiado, outras de frevo rasgado, um fado afiado uma pitada de merengue um maço de chorinhos um passo de bolero um lero de baquetas no aro, uma colher de salsa diversas folhas de valsa e meia marcha lenta sem pausas refogada num breque de break acelerado seguido duma balada derretida numa bela tarantela… aí carregue no reggae rodelas de axé sem espinhas e tempere com pito compassos de techno picado com funk ralado polvilhe e deixe num molho hip-hop por breve fermata e bata nos ouvidos até ficar macio – o som, é claro – ajuste o gogó a seu gosto e sirva -se
Beba, moderadamente à vontade!
E, trate de balançar pra não ficar com cara de sofá!
Cachoeira chora, chora não descansa de chorar cachoeira, acho eu esse choro é saudade do mar
Cachoeira chora, chora não descansa de chorar cachoeira, acho eu esse choro é saudade do mar
E o mar está tão longe nem sequer te vê mas eu juro, nesse choro que ele chora por você
Carinhoso, Gracioso, Chorinho faceiro, Murmurando, Ingênuo, Lamento, Brasileiro
Cachoeira, chora agora, um chorinho de alegria natureza, água viva, dia noite, noite e dia cachoeira serra abaixo riacho, rio, mar
•
“A criação é um ato de amor, alguma coisa que se comunica a toda humanidade. Um artista não pode fazer nada que contribua para piorar o mundo. Acho que tenho deveres para com as pessoas com quem convivo”. Antônio Carlos Jobim
BIOGRAFIA INDICADA: CABRAL, Sérgio. Antonio Carlos Jobim. Uma Biografia. Rio de Janeiro: Lumiar Editora: 1997.
SUPER INDICADO: Tons sobre Tom. Tárik de Souza, Márcia Sesimbra, Tessy Calado. Rio de Janeiro: Revan: 1995. Tem um artigo brilhante: O Arquiteto da Utopia, de Tárik de Souza.
STONE FLOWER: (Álbum inteiro – Lançamento de Chovendo na roseira e uma belíssima Aquarela do Brasil, Amparo, melodia que virou Olha Maria): https://www.youtube.com/watch?v=_lfHX8NBmXk
• Tom gostava de bichos, de plantas. Ele prestava atenção numa formiga passando. Imitava o barulho do macaco. Ele falava de pássaros, assobiava. Era um brasileiro. João Gilberto
TOM JOBIM AND FRIENDS – 1996 Álbum inteiro: https://www.youtube.com/watch?v=WxJ-xRzKWJM – 00:00 Inútil Paisagem; Triste; Esperança Perdida – Herbie Hancock 08:29 Ela É Carioca – Herbie Hancock 14:52 The Boy From Ipanema (versao: N. Gimbel) – Shirley Horn 17:36 Once I Loved (O Amor Em Paz – versao: R. Gilbert) – Shirley Horn 23:05 O Grande Amor – Gonzalo Rubalcaba & Joe Henderson 32:32 No More Blues (Chega De Saudade – versão: J.Cavanaugh) – Herbie Hancock & Joe Henderson 37:58 Água De Beber – Gonzalo Rubalcaba 43:55 A Felicidade – Tom & Gal 48:54 Se Todos Fossem Iguais A Você – Tom & Gal 54:00 Luíza – Tom 57:29 Wave (Vou Te Contar) – Tom 01:01:54 Caminhos Cruzados (Newton Mendonça) – Tom & Gal 01:06:25 Finale: The Girl From Ipanema – todos
•
• Nascimento da maior parceria da música popular brasileira:
No início, havia uma certa timidez. As primeiras músicas ficaram uma porcarias. Fizemos três sambas horríveis, num desajuste total. Mas Vinicius, pacientemente, queria que fôssemos trabalhando até sair uma coisa direita – Tom Jobim.
• Lembro de Tom na gravação de Chega de Saudade. Ele estava ali, na cabine, e eu no estúdio. Tom estava olhando, tinha os olhos emocionados, entusiasmados. João Gilberto
• A canção que me causou maior impacto de todas as canções que eu já ouvi na minha vida foi uma do Tom, Chega de saudade. Foi um marco em minha vida, em todos os sentidos – Caetano Veloso
• Me lembro do dia exato em que ouvi o Chega de saudade. Lembro exatamente onde eu estava e tudo. E lembro da impressão que tive quando ouvi essa música. Foi muito forte mesmo. Muita coisa mudou na minha cabeça – Edu Lobo
• A grande música que me bateu foi quando papai chegou da Odeon com o 78 Chega de Saudade – Danilo Caymmi
• Lembro nitidamente da canção que me fez acordar para a música. Paulo César Pinheiro
•Uma pessoa que fez Chega de saudade não precisa nunca mais me dar mais nada. E na verdade nós nunca daremos o bastante a ele. Nunca teremos dado o bastante – Caetano Veloso
O trabalho que fiz com Tom Jobim foi um dos que mais me deram satisfação pessoal e profissional em minha carreira. Ele era um gênio e fazia qualquer um que trabalhava com ele sentir-se bem – Frank Sinatra
Eu frequentava muito a casa dele. Pescamos bastante. Não se pode ficar concentrado só na música. Pescamos muito na Barra da Tijuca. Um dia me surgiu Correnteza mostrei para o Tom e aí fizemos juntos – Luís Bonfá
“Eu acho que universal mesmo é fazer samba. Quer dizer, um pintor universal é aquele que pinta bem o seu quintal. Agora, se o brasileiro vai querer pintar o quintal sueco, aí já fica mais difícil“.
TOM JOBIM- As Nascentes – Acervo da TV CULTURA – (IMPERDÍVEL!) Tom fala de Villa-Lobos, Pixinguinha, Radamés, Ary Barroso, Vinicius de Moraes, da Bossa Nova, da Garota de Ipanema, de Chico Buarque: https://www.youtube.com/watch?v=54VNMBOTtvk
Tom apresentando para Nelson Pereira dos Santos, Equipe da TV Bandeirantes, Dori Daymmi e Danilo Caymmi, a música Passarim ainda inacabada https://www.youtube.com/watch?v=z9HH98woqfw
Documentário: 3 Antonios 1 jobim – Documentário que representa um bate papo informal entre quatro grandes brasileiros: Tom Jobim, Antonio Callado, Antonio Houaiss e Antonio Candido. No qual conversam sobre suas experiências bem como do século XX brasileiro :Dirigido por Rodolfo Brandão: em 1993. https://www.youtube.com/watch?v=H5eT1ZY_UTQ
Caetano Veloso mencionou a história abaixo, em 1981, numa entrevista para Roberto D’Avila, no Canal Livre da TV Bandeirantes:
“Tom era o grande músico que foi capaz de realizar, como arranjador, como orientador, como uma pessoa que domina os meios de expressão da música, como compositor, um novo movimento. E é o maior do Brasil, por causa disso”. Caetano Veloso
Pena a parceria não ter saído. Deixa aqui, uma sugestão para Caetano Veloso por letra na melodia e gravar em dueto com Gal Costa, o belíssimo Diálogo, do LP Wave, de 1967 Ouça e considere se minha sugestão procede: http://letras.kboing.com.br/#!/tom-jobim
Dediquei minha vida à música brasileira, porque já tem francês para escrever música francesa, americano para escrever música americana.
SONGBOOKS
• CANCIONEIRO JOBIM – Obras completas. Cinco volumes. JOBIM MUSIC. Perfeito. As composições escritas de acordo com a concepção do maestro. Equipe de craques.
• CANCIONEIRO JOBIM – Obras escolhidas. O máximo! JOBIM MUSIC CASA DA PALAVRA.
O Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB) é uma organização sem fins lucrativos sediada em Niterói – RJ que é voltada para a pesquisa, preservação e promoção da Música Popular Brasileira. Sua missão consiste em documentar, catalogar e divulgar o acervo musical brasileiro, passado e presente, através da manutenção e atualização de um banco de dados virtual. O resultado é um dos maiores arquivos online de informações, sons e imagens da discografia brasileira, disponível na internet para consultas gratuitas. Fundado em 2006, o IMMuB conseguiu mapear e catalogar mais de 82 mil discos produzidos no país. Isto equivale a aproximadamente 580mil fonogramas, reunindo mais de 91 mil compositores e intérpretes. Fruto de 25 anos de pesquisa, a catalogação abrange toda a história da música brasileira, desde a primeira gravação em 1902 até os lançamentos mais recentes. O acervo segue em constante expansão, recebendo centenas de discos, capas e músicas mensalmente. https://immub.org/p/o-instituto.
•
BIBLIOGRAFIA
OBS: Grande parte desse material não se encontra mais à venda. Algo ainda pode ser encontrado nos sebos e na NET e mídias digitais.
CABRAL, Sérgio. Antonio Carlos Jobim. Uma Biografia. Rio de Janeiro: Lumiar Editora: 1997.
JOBIM, Helena. Antonio Carlos Jobim. Um Homem Iluminado. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira. 1996.
SOUZA, Tárik de, Márcia Sesimbra, Tessy Calado. Tons sobre Tom.Rio de Janeiro: Revan: 1995.
CASTRO, Ruy. Chega de saudade – São Paulo: Companhia das Letras. 1990
CASTRO, Ruy. A onda que se ergueu no mar – São Paulo: Companhia das Letras. 2001
ENCONTROS/TOM JOBIM. Tom Jobim. Organização e apresentação Frederico Coelho e Daniel Caetano.Rio de Janeiro: Azougue Editorial. 2011.
CASTELLO, José. Vinicius de Moraes: O Poeta da Paixão. São Paulo: Companhia das Letras. 1994.
SÁNCHEZ, José Luis. Tom Jobim. A simplicidade do génio.Rio de Janeiro: Record: 1998.
MAMMI, Lorenzo. NESTROVSKI, Arthur. TATIT, Luiz. Três canções de Jobim. São Paulo: Cosac Naify. 2004.
CARVALHO, Hermínio Bello de. Sessão Passatempo. Rio de Janeiro: Relume – Dumará. 1995.
NAVES, Santuza Cambraia. Canção popular no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2010.
HOMEM, Wagner, OLIVEIRA, Luiz Roberto. Histórias de Canções – Tom Jobim. São Paulo: Leya. 2012.
MELLO, Zuza Homem de. João Gilberto. Publifolha. 2001.
VIVACQUA, Renato. Música Popular Brasileira. Cantos e Encantos. São Paulo: João Scortezi Editora. 1992.
NESTROVSKI, Arthur. Lendo Música. 10 ensaios sobre 10 canções. São Paulo: Publifolha. 2007.
LISBOA JUNIOR, LUIZ AMÉRICO. 81 Temas da Música Popular Brasileira.Itabuna: Agora Editoria Gráfica Ltda, 2000.
GENTE DE SUCESSO. A vida de Tom Jobim.Rio de Janeiro: Editora Rio.
SEVERIANO, Jairo. MELLO, Zuza Homem de. A Canção no tempo. 85 anos de músicas brasileiras. Vol. 1 – 1901-1957. São Paulo: Editora 34. 1997 e 1998
SEVERIANO, Jairo. MELLO, Zuza Homem de. A Canção no tempo. 85 anos de músicas brasileiras. Vol. 2 -1958-1985. São Paulo: Editora 34. 1998.
MARIZ, VASCO. A Canção Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira. 1985.
PASSOS, Claribalte. Vultos e Temas da Música Brasileira. Rio de Janeiro: Paralelo. 1972.
TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular. São Paulo: Art. 1991.
Tom devia se sentir muito sozinho, porque era superior. Quando manifestava admiração pela sensibilidade de Villa-Lobos, havia uma identidade de posição diante do panorama brasileiro. Tom demonstrava essa identidade nas conversas em que citava Villa-Lobos, contava histórias e até comentava a solidão do Villa-Lobos no Brasil. Todo homem excepcional, todo grande criador encontra estas dificuldades no seio da humanidade, em qualquer pais do mundo. No Brasil, com uma tradição de frustrações e de impotências em todas as áreas, quando surge um ser muito potente, ele vai enfrentar aborrecimentos terrivelmente irritantes e geradores de infelicidade, que não podem ser interpretados como um não reconhecimento de talento. – Caetano Veloso
•
Lembro de Tom no concerto no Carnegie Hall. Ele moço, tocando piano. Nós ali, fazendo música. Nós ali, representando o Brasil. A gente querendo homenagear o Brasil, querendo o bem do Brasil. Nós querendo fazer uma coisa boa para o país. Um Brasil que fosse representado pela sua música, uma música bonita. Era uma coisa meio infantil, ilusão da juventude, o que seja. Mas acho que fizemos alguma coisa pelo Brasil. Tom fez tanto pelo Brasil (João Gilberto chora, chora, chora). O Brasil já foi tão bonito – João Gilberto – reportagem da revista VEJA, publicada em 25 de janeiro de 2014.
Fotografei você, na minha Rollei Flash, revelou-se minha enorme gratidão.
•
O Tom foi uma sequencia do Villa-Lobos, do Radamés Gnattali. Foi o paisagista do Brasil. Mesmo na música que não tem letra, era o Brasil. São imagens brasileiras. É cinema puro.” – Paulo César Pinheiro – Tons sobre Tom – Márcia Cezimbra – Tessy Callado e Tarik de Souza (Editora Revan) 1995
•
“A morte de Tom tem que ser levada como a expressão mais simples do decorrer da vida. Nasce-se e morre-se. Eu nunca poderia admitir a morte de Tom Jobim – ele andava se queixando da saúde – e tive que engolir seco e me preparar para isso durante anos”. Dorival Caymmi.
“Ele sabia o poder que tinha, sem parecer vaidoso. Sabia o que significava como artista do Brasil para o resto do mundo e para o próprio Brasil. Ficava orgulhoso com o que deixaria para a eternidade. A obra de Tom é grandiosa. É obra de imortalidade”. – Paulo Cesar Pinheiro – Tons sobre Tom – Márcia Cezimbra – Tessy Callado e Tarik de Souza (Editora Revan) 1995.
– Gostou parceirinho? – Vina, esse negócio de “tão sem passarinho”, sei não… – Você não gostou Tonzinho? E de “tão linda no espaço”? – Eu tirava o passarinho, deixava a moça, e trocava o espaço pelo “caminho do mar…”
•
É por aí parceirinho!
Olha que coisa mais linda!
… que vem e que passa…
Ah, a beleza que existe!
Desconfio que vai dar pé…
Tonzinho e eu fizemos um sambinha pra você.
Gravação realizada no restaurante Au Bon Gourmet em Copacabana, R.J., dia 02 de agosto de 1962, por ocasião do show “Encontro com Tom Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto”, com a participação de “Os Cariocas”. Lançamento de “Garota de Ipanema”, e com introdução!
Ensaio. No canto esquerdo, Baden Powell. “O astronauta ao menos viu que a terra é toda azul”
ensaiando…
A gravação que estourou saiu nesse LP. No início João cantou uma vez inteira, e em seguida entrou a Astrud. A gravadora teve a ideia de cortar a entrada do João e começar direto com a Astrud e foi um sucesso mundial!
•
Frank, é melhor chamar um baterista brasileiro!
Ouve a batida…
Eu não canto assim (soft) desde que tive laringite…
Spanishguitar, Francisco, a violão!
O disco do ano nos USA!
It sounds great Antonio!
Tall and tanned and young and lovely…
•
Deu pé parceirinho!
– Que bom que você botou o passarim pra fora da letra! – Verdade, Tonzinho, você entende do assunto!
•
• Entrevista de Tom Jobim à Rádio JB em 1977 (comemoração do seu cinquentenário). Aos 7’29” , Tom conta a história de Garota de Ipanema em parceria com Vinicius de Moraes :
• Eu tenho 304 diferentes gravações de “Garota de Ipanema”,colhidas até o final de 2000. Hoje deve ter bem mais e tem coisa que até o Cristo Redentor duvida!
Conheço Dorival Caymmi desde o início da década de quarenta, quando cheguei da Inglaterra, onde estudava, fugindo à segunda Grande Guerra. Encontrava o baiano ali pelo Leblon, que nessa época esta a começando apenas a dar um ar de sua graça. Minha casa ficava na Rua General San Martin, e entre uma sortida e outra à praia, nossa patota, (naquele tempo se dizia turma) descansava o espírito num bar-mercearia que havia na esquina da Ataulfo de Paiva com a Carlos Góis: – éramos eu, Rubem Braga, Moacir Werneck de Castro, Jimmy Abercrombie, Carlos Leão, Juca Chaves, o engenheiro e o dono do famoso Juca’s Bar, de saudosa memória) e outros aderentes eventuais, alguns dos quais já se mandaram a muito. Caymmi mora a numa casa, de aparência estranha, no fim da Ataulfo de Paiva, que, se não me engana, ainda existe. Nada prenuncia ainda que o Leblon se fosse tornar um bairro tão em vago. O baiano gostava de tomar um conhaquinho, devagar e sempre. Nós éramos do chope e da cerveja. O verão carioca eliminava tudo na transpiração.
Desde então ficamos amigos. Nossas vidas eram diferentes. Caymmi era mais da patota de Jorge Amado. Eu tinha tido um período de compositor, aí pelos 16 anos com os irmãos Tapajós, dupla vocal famosa na época, mas depois deixei. Só o viria retornar 27 anos mais tarde, quando Antônio Maria entrou de sola em nossas vidas. Já o forte de Caymmi era a composição. Alguns de seus mais belos samba canções.
Quando, em 1950, regressei do meu posto de vice-cônsul em Los Angeles, depois de cinco anos de ausência. Caymmi e Antônio Maria começaram a frequentar assiduamente minha casa. As facilidades diplomáticas então existentes induziram-me a trazer 30 caixas de uísque que tiveram o poder de aguçar extraordinariamente o faro de meus amigos. A casa viva cheia, dia e noite. Lembro que uma tarde estava com Paulo Mendes Campos, no Juca’s Bar, na cidade, quando ouvi um cara desconhecido na mesa ao lado, convidar um outro para ir a minha casa, onde – assegurava ele – o uísque corria. Só sei dizer que 360 garrafas do mais puro escocês foram absorvidas em menos de 2 meses, o que representa uma média de 6 unidades por dia. E a moçada já era sadia.
Entre 50 a 53, ano em que parti em posto para Paris. Caymmi e eu nos vimos com bastante frequência, em companhia de Antônio Maria, Aracy de Almeida, Paulinho Soledade, Fernando Lobo e outros encaixotadores de sereno.
Encontrávamo-nos a noite, no finado Vogue. Depois íamos para o “Sacha’s”, depois para o Clube da Chave, onde conheci, pouco antes de partir, meu parceiro Antônio Carlos Jobim. A conversa era fácil e maledicente. Caymmi seguia compondo. Quando posteriormente começou a trabalhar no “36” da Rua Rodolfo Dantas, nós não saíamos de lá. Era uma época boa e descompromissada com a voz de Aracy, Elisete, Nora Ney, Dóris Monteiro, Ângela Maria, e depois Maysa enlanguescendo as madrugadas…
Saudade, torrente de paixão, emoção diferente, que aniquila a vida da gente, uma dor que eu não sei de onde vem…
Eu fizera sozinho meus primeiros sambas. Amávamos a noite como se ela fosse uma mulher. Nosso último reduto, era o Pescadores, na Francisco Otaviano, onde se comia os melhores ovos com presunto da madrugada e, eventualmente, saía cada pau de meter medo, por isso “que a turma já vinha de muitas horas de voo.
Em 57, estando eu em Paris, soube que Caymmi ia chegar. Sem poder ir ao aeroporto, pedi a relações públicas da velha Panair que o localizasse para mim em Orly, e falamos ao telefone. Fiz questão de assinar o ponto da amizade e muito bem obrei, pois os baianos residentes, a frente dos quais se colocou Odorico Tavares que viajara com ele, o sequestraram de tal modo, que só o pude ver uma noite no “Calavadões”, onde ele tocou violão e cantou para o trio local “ Los Latinos” nome a que nós, os frequentadores de sempre, acrescentávamos a letra R.
Mas foi somente em fins de 64 que nossa amizade se solidificou para valer, graças a um convite de Aloisio Oliveira e Paulinho Soledade, proprietário do” Zum Zum”, para que fizéssemos um show juntos, escorados pelo Quarteto em Cy, e o conjunto de Oscar Castro Neves. O show constituiu um grande sucesso, e nele lançou Caymmi sua bela valsa, … das Tosas, cuja criação me anunciava 7 anos antes, numa tarde na casa de Jorge Amado. Isso para dar uma pala de como o baiano curte o que compõe.
Nós todos o acompanhávamos na belíssima História de Pescadores. Eu dizia sempre O Dia da Criação, com a boate no mais absoluto silêncio, e isso para mim foi muito bom, esse contato poético com o público, que me certificou de que a poesia ainda não havia morrido. Nosso bate-papo entre os números, na base do improviso, ficou muito popular na noite carioca, e Aloisio pensou em dele tirar um LP, que afinal não foi avante. Mas as fitas existem por aí, para documentar sua espontaneidade, e as maravilhosas e sábias tiradas de Caymmi, que faziam o público morrer de rir.
Capa
De pouquíssimos seres humanos eu gosto tanto. Não há amigo mais perfeito, se não se exigir mais do que ele, em sua baianidade, pode e sabe dar: e não é por acaso este o segredo da amizade, a gente não forçar a barra do amigo, deixa-lo ser ele mesmo usufruir do seu convívio, no que ele tem de mais saboroso e autêntico?
“Acontece que sou baiano”, disse ele, num de seus melhores sambas. E é realmente difícil encontrar alguém mais baianamente dengoso que Caymmi, apesar de sua grande quilometragem carioca. Sua barriga redonda e cheia de ritmo, que parece dançar por conta própria quando ele canta – à barriga que viveu e amou a vida – é o retrato de sua Bahia. Como de resto, sua cor, a malemolência brejeira de seus olhos, quando interpreta, e o balanço gordo e descansado do seu samba: samba que parece ter o visgo gostoso de ar da Bahia, feito de calor e brisa; o quebranto de suas cadeiras, por onde os baianos descem desmanchando as ancas, a untuosidade pungente de suas comidas e seus pirões afrodisíacos, onde o dendê, o amendoim, o gengibre e a pimenta- de cheiro são condimentos obrigatórios, a patina de seu casario, como no Pelourinho, e a misteriosa claridade de seu lar, que o fez dizer, num verso da mais alta síntese poética, em sua canção sobre a Lagoa do Abaeté.
A noite tá que é um dia…
Caymmi constitui, a meu ver, como Pixinguinha, Noel Rosa, Antônio Carlos Jobim e agora despontando no amanhecer Chico Buarque de Holanda, um dos cinco solitários da música popular brasileira. Canções como O Mar, Dora, João Valentão, É Doce Morrer no Mar, Lenda do Abaeté, Saudade de Itapoã, Rosa Morena são obras-primas sem jaça das maiores de todos os tempos no populário nacional ou estrangeiro. E assim, é meu Caymmi, grande sábio, vasto, intenso: um excelso mandarim baiano, que ainda representa melhor que ninguém esse maravilhoso berço mestiço da nacionalidade que é sua Bahia nativa – a terra onde os preconceitos não tem cor e a falta de bossa não tem vez.
… eu que tenho rosas como tema, canto no compasso que quiser.
Escute aqui o tom do Duprat, num plá de uma nota só, do grande Rogério, tio do meu amigo e parceiro, irmão do Régis que é pai do Ruriá Duprat, que também leva um jeito familiar na arte de combinar os sons.
Publicado em “História da música popular brasileira” – edição Abril Cultural
Sol é luz de ouro Lua, luz de prata o amor é um tesouro prata, ouro, ouro e prata Sol, ô Sol capricha nessa luz dourada hoje à noite eu vou sair toda prateada Que astro-rei sou eu minha luazinha de mel sem você sou pilha fraquinha e apago a luz do céu
Lembra do colar de estrelas que me prometeu ao anoitecer depois, meu astro-rei, deixa comigo vou luar até amanhecer
O colar está prontinho pra te enfeitar estrelas, não canso de vê-las mas é todo teu o meu olhar Sol, Solzinho não vivo sem o teu calor hoje eu vou de lua cheia Lua cheia de amor Madrugada afora até a alvorada quero ver você luar ao romper da aurora eu vou-me embora é hora de raiar Lua, ó Lua! Sol, ô Sol! a nossa estrada é um desejo e o nosso beijo é o mais lindo arrebol!
Ô Sol! Ó Lua!
Sol e Lua, Lua e Sol por Céu e Diogo Poças
• Um dos compositores de maior expressão na música popular brasileira. Sua musicografia completa, que inclui versões e músicas compostas para histórias infantis, passa dos 400 títulos – Dicionário Cravo Albin da música popular brasileira
• O grande cartunista e escritor Ziraldo – conhecedor da obra do Braguinha – ao ser apresentado a ele: – O senhor é o Cancioneiro Popular Brasileiro!
• Cantores do rádio: Carmen Miranda e sua irmã Aurora cantando a canção no filme “Alô, Alô, Carnaval“, sucesso gravado em 1936 – visite o post CANTORES DO RÁDIO em ALMANAQUE QUALQUER NOTA pra saber a história dessa música: https://www.youtube.com/watch?v=EM02ENiiuZ0
• Cantores do rádio (Braguinha, Lamartine Babo e Alberto Ribeiro) – Elis Regina, Rita Lee, Maria Bethania, Gal Costa, Fafá de Belém, Marina, Joyce, Zezé Motta, Joana, Quarteto em Cy: https://www.youtube.com/watch?v=prPXz-_L5og
• Seu Libório. Não foi um hit como as anteriores, mas vale a pena ouvir o grande Vassourinha (1923 – 1942) e a flauta do inigualável de Benedito Lacerda (1903 -1958), e o molho do seu regional. Vassourinha foi o nome artístico adotado por Mário de Oliveira Ramos, grande promessa, que foi embora com apenas 19 anos, deixando apenas 12 músicas gravadas. https://www.youtube.com/watch?v=2kWq8PQKsZw
Smile (Original: Música de Charlie Chaplin e letra de John Turner e Geoffrey Parsons) na interpretação do genial Jimmy Durante: https://www.youtube.com/watch?v=UM–qYBjYlc
•
• O CARNAVAL do BRAGUINHA
Chiquita Bacana lá da martinica, se veste com uma casca de banana nanica!
Quando o Brasil marcou o quarto gol contra a temida seleção espanhola, no campeonato mundial de 1950, um torcedor emocionado, afundado na cadeira, chamava atenção: era o único torcedor que não estava comemorava a nossa goleada. – Pessoal, olha só esse cara quietinho, só pode ser espanhol… Em seguida vem o quinto gol e o coro imenso toma conta do estádio:
Eu fui às touradas de Madri Parará-tchim-bum-bum-bum Parará-tchim-bum-bum-bum E quase não volto mais aqui…
O tal torcedor quietinho, não consegue conter o choro; são 200.000 brasileiros cantando Touradas em Madri, a música que ele, Carlos Alberto Braga, o João de Barro, ou Braguinha, compôs com Alberto Ribeiro para o Carnaval de 1938. Ouça a gravação original, com Almirante: • Touradas em Madri – https://www.youtube.com/watch?v=CDWopjSWot0
Vale a pena escarafunchar a letra dessa música. Tem muito a ver.
• Pastorinhas (Noel Rosa e Braguinha). Marcha-rancho inspirada no Rancho das Pastoras de Vila Isabel, foi lançada em 1935, na voz de João Petra de Barros, sob o título de “Linda pequena“, não obteve sucesso. Entretanto, Braguinha , pouco depois da morte de Noel, relançou a composição, com algumas mudanças na letra e no nome, que passou a ser “Pastorinhas”.Essa versão venceu o concurso carnavalesco da prefeitura do Rio de Janeiro, em 1938. Estava em segundo lugar entre as marchinhas, e para o primeiro porque a que liderava até então – Touradas em Madri (!), de Braguinha e Alberto Ribeiro – foi desclassificada, sob a alegação de que era um passo-doble (dança de origem espanhola, muito executada em touradas!). Lançada na voz de Sílvio Caldas em 1dezembro de 1937, obteve sucesso merecido com várias regravações. Esta é a original: https://www.youtube.com/watch?v=dIAMPwqDYlA
• Tem gato na tuba (Braguinha)- Essa foi uma das quatro marchinhas de carnaval que selecionei para o repertório do primeiro LP da Turma do Balão Mágico* . As outras foram P.R. Você, de Hervé Cordovil e Cristovão de Alencar, Cowboy do Amor, de Wilson Baptista Roberto Martins e Upa! Upa! (Meu Trolinho), de Ary Barroso. Foi gratificante ouvir as crianças cantarem composições de autores que até hoje admiro. Aqui, o gato na tuba: https://www.youtube.com/watch?v=oFf0Wiyvgok.
* Escrevi 56 letras para os 7 LPs da Turma do Balão Mágico .
Braguinha e alguns colegas em reunião na casa de Vinicius de Moraes, na Gávea, Rio de Janeiro, para salvar a música de carnaval. 1967. Quem identificar mais de dez, receberá, via email, um apertado abraço virtual.
Braguinha e o colega que levou o piano pra Mangueira
O Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB) é uma organização sem fins lucrativos sediada em Niterói – RJ que é voltada para a pesquisa, preservação e promoção da Música Popular Brasileira. Sua missão consiste em documentar, catalogar e divulgar o acervo musical brasileiro, passado e presente, através da manutenção e atualização de um banco de dados virtual. O resultado é um dos maiores arquivos online de informações, sons e imagens da discografia brasileira, disponível na internet para consultas gratuitas.
Fundado em 2006, o IMMuB conseguiu mapear e catalogar mais de 82 mil discos produzidos no país. Isto equivale a aproximadamente 580mil fonogramas, reunindo mais de 91 mil compositores e intérpretes. Fruto de 25 anos de pesquisa, a catalogação abrange toda a história da música brasileira, desde a primeira gravação em 1902 até os lançamentos mais recentes. O acervo segue em constante expansão, recebendo centenas de discos, capas e músicas mensalmente. https://immub.org/p/o-instituto.
BIBLIOGRAFIA:
OBS: Grande parte destes livros não se encontram mais à venda, mas, os sebos e a NET estão aí para nos salvar.
SEVERIANO, Jairo. Yes, nós temos Braguinha. Rio de Janeiro: Funarte. 1987.
REIS, Aquiles Rique. O gogó de Aquiles. São Paulo. A Girafa Editora. 2004.
VIVACQUA, Renato. Música Popular Brasileira. Cantos e Encantos. São Paulo. João Scortezi Editora. 1992.
LISBOA JUNIOR, LUIZ AMÉRICO. 81 Temas da Música Popular Brasileira.Itabuna: Agora Editoria Gráfica Ltda, 2000.
CUNHA, Maria Clementina Pereira. Ecos da Folia. Uma história social do Carnaval Carioca entre 1880 e 1920. São Paulo: Companhia das Letras. 2001.
ENEIDA. História do Carnaval Carioca, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 1958.
SEVERIANO, Jairo. MELLO, Zuza Homem de. A Canção no tempo. 85 anos de músicas brasileiras. Vol 1. 1901-1957.São Paulo: Editora 34. 1997.
VALENÇA, Soares Suetônio. Tra-lá-lá. Rio de Janeiro: Funarte. 1981.
SEVERIANO, Jairo. MELLO, Zuza Homem de. A Canção no tempo. 85 anos de músicas brasileiras. Vol. 2. 1958-1985. São Paulo: Editora 34. 1998.
MARIZ, VASCO. A Canção Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira. 1985.
PASSOS, Claribalte. Vultos e Temas da Música Brasileira. Rio de Janeiro: Paralelo. 1972.
ALENCAR, Edigar de. O carnaval carioca através da música, 2 vols. Rio de Janeiro: Freitas Bastos. 1965.
TINHORÃO, José Ramos.Pequena história da música popular. São Paulo: Art. 1991.
ANDRADE, Mario de. Aspectos da Música Brasileira. São Paulo: Livraria Martins Editora. 1965.
DIDIER, Carlos. Nássara – Passado a limpo. Rio de Janeiro: Editora José Olympio. 2010.
SANTA CRUZ, Maria Aurea. A Musa sem máscara. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1992.
MARTINS, J.B. Antropologia da Música Brasileira. São Paulo: Editora Obelisco. 1978.
CALDAS, Waldenyr. Iniciação à Música Popular Brasileira. São Paulo: Editora Ática. 1989.
CABRAL, Sérgio. Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Lazuli Editora. 2011.
BARBOSA, Valdinha. DEVOS, Anne Marie. Radames Gnattali – O Eterno Experimentador. Rio de Janeiro: Funarte. 1985.
TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular: da modinha ao Tropicalismo. São Paulo: Art Editora. 1986.
TINHORÃO, José Ramos. Música Popular: um tema em debate. São Paulo: Editora 34. 1997.
CABRAL, Sérgio. Pixinguinha. Vida e Obra. Rio de Janeiro: Lumiar Editora. 1997.
MPB COMPOSITORES – Você e a MPB. Contém biografias, fotos, discografias e CDs. 41 CDs e 40 fascículos. Editora Globo.
OS GRANDES SAMBAS DA HISTÓRIA. Contém biografias, fotos, discografias e CDs. Editora Globo e BMG gravadora.
•
• Visite os posts CANTORES DO RÁDIO e BRAGUINHA 90 anos 90, em ALMANAQUE QUALQUER NOTA, vol 1 e vol.2.
•
Carlos Alberto Ferreira Braga, o Braguinha, ao comemorar 90 anos:
– A vida gosta de quem gosta dela.
Braguinha morreu em 24/12/2006, aos 99 anos.
•
O CD “CadaUmComSeuCadaUm pode ser ouvido: Youtube Music, Spotify, Deezer, Apple Music.