Archive for setembro, 2015

Carlos Manga. Minha homenagem.

sexta-feira, setembro 18th, 2015

Duas vezes seguidas. Carlos Manga foi um ídolo para mim. A Atlântida foi é e será sempre história de um Brasil querido e ele foi protagonista.

Tive a alegria de filmar com ele. E tomar uma bronca:

– Corta, voce olhou para a câmera!

Eu fazia uns filmes como modêlo e era um canastrão, mas a honra de ser dirigido por Carlos Manga é toda minha. Era um filme publicitário para a Transbrasil, intitulado Defendendo as Cores, com produção da E. B. Filmes. 1986. Lembro que ele não olhava pela câmera; assistia o filme vendo tudo e todos. Eu tinha que descer pela escada rolante do aeroporto para encontrar minha esposa que chegara de viagem e abraçá-la. Ele lá embaixo, gente passando pra lá e pra cá, lembro que tinha um time de basquete chegando, gente se abraçando, deu a ordem:

– Roda!

No que eu coloquei o pé na escada o grito ecoou no hall:

– Corta, voce olhou para a câmera!

Duas vezes seguidas.

Lembro disso com lágrimas nos olhos; depois da cena aprovada ele se dirigiu a mim e disse que não ficasse chateado, diretor de cinema era chato mesmo! Aproveitei a chance e puxei o papo para O homem do Sputinik, Matar ou Correr, Nem Sansão nem Dalila, meus preferidos, que ele dirigiu na gloriosa Atlântida Filmes, e ficaria a noite toda ouvindo suas histórias. Carlos Manga era um emérito contador de histórias.

Onze anos depois gravei por telefone seu depoimento para o espetáculo Braguinha, 90 anos 90  em homenagem ao genial compositor, que escrevi a convite de meu parceiro Rodolfo Stroeter para o SESC e que teve a participação de Johnny Alf, Mônica Salmaso, Renato Brás, Noite Ilustrada, André Abujamra, Cyro Pereira, Nelson Ayres e a estréia da minha filha Céu cantando  A Tuba do Serafim. Gravei tambem depoimentos de Aurora Miranda, Mário Lago, José Ramos Tinhorão, Gilberto Gil, Washington Olivetto, Joyce Pascovitch que ficarão para um futuro post sobre o espetáculo que ficou muito bonito.

Deixo aqui, sem cortes, no ar, o grande e generoso Carlos Manga, condescendendo com a agitação do entrevistador diante de um ídolo e com o bip inconveniente da secretária eletrônica de onde realizei a entrevista.

Agora o céu é Atlântida.

 

Ary Barroso e Trio Los Panchos, conforme Vinicius de Moraes me contou.

quarta-feira, setembro 2nd, 2015

Ouça enquanto eu conto:

Em 1965, após ouvirmos o disco de Angela Maria interpretando suas parcerias com Ary Barroso, Vinicius de Moraes mr contou o seguinte episódio que ele presenciou na companhia de Ary Barroso – o poeta foi o ultimo parceiro do autor da Aquarela do Brasil.

O consagrado Trio los Panchos, reis do bolero, apresentando-se numa boite no Rio de Janeiro, resolve oferecer o samba canção Risque, megasucesso do grande Ary, cantado em ritmo de bolero: “nuestra homenaje al gran compositor brasileño, que nos honra con su presencia!”

Ary, que já estava bem adiantado, levantou-se, irritadíssimo e sem o menor lero lero, botou o rei Congo no congado:

– Não aceito! Risque é um samba canção!

P.S.#1: Os jornais noticiaram que Ruy Castro e Zuza Homem de Mello estão escrevendo sobre o samba canção. Serão, com certeza, dois livros bemvindos a história da nossa grandiosa musica popular.

P.S.#2: A cantora de Risque é Linda Batista e o violino é Fafá Lemos.

Vinicius, Antonio Maria e Ary Barroso

Ary entre Vinicius e um menino grande que tambem gostava de sambas canções.