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Minha mãe e o lente Mário de Andrade.

domingo, maio 8th, 2022

Minha mãe Antonietta, formou-se professora de piano pelo Conservátorio Dramático Musical de São Paulo, e pelas anotações nas suas partituras – Cravo bem Temperado, Sonatas de Mozart, Beethoven, Estudos, Prelúdios e Valsas de Chopin, que eu adorava, etc… –  posso imaginar quanto os lentes, eram rigorosos. História da Arte: Mário de Andrade.

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Muitas vezes perguntei a ela:

– Mãe, como era o Mário de Andrade?

– Ih, ele era muito sério…rigoroso… 

Os anos iam passando e eu, de vez em quando, querendo saber um pouco mais sobre o Multimário, repetia curioso:

– Mãe, como era o Mário de Andrade?

Ela repicava solfejando com o sotaque do Brás; naquele tempo, bairro tinha sotaque.

Até que um belo dia, mandei o ostinato:

– Mãe, como era o Mário de Andrade?

– Ih, ele era muito sério…rigoroso… 

– Ô mãe, improvisa pô! 

 

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Nunca ouvi ninguém tocar o Tico tico no fubá com o molho e o humor da Nena. Uma vez, ouvindo-a tocar em cada da tia Elvira, juro que vi, na janela que dava pra rua Florêncio de Abreu, o Zequinha  e o Pixinguinha, concordando.

A partitura – desse clássico paulista, mais a de Tardes de Lindóia – foram compradas de um suarento Zequinha de Abreu, cansado, vendendo sua obra de porta em porta, na inclinada rua Asdrúbal do Nascimento, aqui em São Paulo.

Pobre Zequinha!

Tardes de Lindóia, dei de presente ao amigo José Ramos Tinhorão, e hoje ela está muito bem guardada no acervo do Instituto Moreira Salles, que é um arraso!

 

Saudades da minha Neninha.

Ernesto Nazareth

sexta-feira, março 20th, 2020

Ernesto Nazareth, primeiro gênio da música brasileira, nasceu em 20 de março de 1863.

Aqui vão duas das suas composições.

Para ouvir ajoelhado.

Carioca, com Arthur Moreira Lima:

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Odeon, com Nara Leão, letra – composta a pedido dela ao nosso grande Vinicius de Moraes. Desculpem o chiado:digitalizei do LP Nara, muito ouvido e não olvidado, comprado em 1968, na Eletroarte da rua Augusta.

Odeon, com Nara Leão, letra – composta a pedido dela pelo nosso grande Vinicius de Moraes. Desculpe o chiado; digitalizei do LP Nara, muito ouvido e não olvidado, comprado em 1968, na Eletroarte da rua Augusta.

O compositor francês Darius Milhaud incorporou Carioca (alem de Ferramenta, Escovado, Apanhei-te Cavaquinho e Brejeiro do nazareth) e várias outras de outros autores brasileiros à partitura do seu ballet Le Boeuf Sur le Toit (O Boi no Telhado).

Texto de Daniella Thompson extraído de um ensaio elaborado especialmente para o projeto Músicos do Brasil: Uma Enciclopédia patrocinado pela Petrobras através da Lei Rouanet:

Le Boeuf sur le Toit, a composição mais conhecida de Milhaud, é uma concatenação animada de motivos melódicos tomados de empréstimo a 28 músicas, 24 das quais publicadas no Brasil entre 1890 e 1919, sendo a maioria datada do período em que o compositor viveu no Brasil. Com a exceção de “O Boi no Telhado” (composta em 1918 e, portanto, nunca uma “velha ária brasileira” como disse Milhaud), de cujo título se apropriou, ele nunca mencionou os nomes das canções brasileiras que incorporou ao Le Boeuf sur le Toit. Sete das canções eram de autoria de Tupinambá e quatro de Nazareth mas, apesar de seu entusiasmo declarado pelos dois compositores, Milhaud nunca reconheceu as contribuições deles à sua obra, como também jamais mencionou os outros doze compositores brasileiros cujas melodias citou.

http://ensaios.musicodobrasil.com.br/daniellathompson-comooboisubiunotelhado.htm

Na sua autobiografia Milhaud escreveu:

Um dos melhores compositores (de maxixes e tangos), Nazareth costumava tocar piano em frente à porta de um cinema na avenida Rio Branco.  Sua execução fluída, elusiva e triste me ajudou a compreender melhor a alma brasileira.

Trecho de O Boi no Telhado onde aparece carioca e em seguida em contraponto com Escovado, tambem de Ernesrto Nazareth, extraído do LP

que pode ser ouvido na íntegra no endereço:

Vale a pena visitar o site:

http://daniellathompson.com/

e ler The Boeuf Chronicles completas.

E pra esgotar o assunto, o livro O Boi no Telhado, Darius Milhaud e a música brasileira no modernismo francês, organizado por Manoel Aranha Corrêa do Lago.

Sobre Ernesto Nazareth, nada melhor do que o livro O enigma do homem célebre: ambição e vocação de Ernesto Nazareth, de Cacá Machado, Instituto Moreira Salles, 2007, mas, antes, vai bem a leitura do conto Um Homem Célebre, de Machado de Assis.

http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/MachadodeAssis/umhomemcelebre.htm

NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA!

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E pensar que ele não curtia muito a sua obra!

Apanharam-te Nestico!