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Choro da Cachoeira.

terça-feira, julho 4th, 2023

Pichu Borrelli e Edgard Poças

dedicado a Antonio Carlos Jobim (1927-1994)

Cachoeira chora, chora  
não descansa de chorar
cachoeira, acho eu
esse choro é saudade do mar

Cachoeira chora, chora  
não descansa de chorar
cachoeira, acho eu
esse choro é saudade do mar

E o mar está tão longe
nem sequer te vê
mas eu juro, nesse choro
que ele chora por você
 
Carinhoso, Gracioso, Chorinho faceiro,   
Murmurando, Ingênuo, Lamento, Brasileiro
 
Cachoeira, chora agora, um chorinho de alegria 
natureza, água viva, dia noite, noite e dia
cachoeira serra abaixo  
riacho, rio, mar

A criação é um ato de amor, alguma coisa que se comunica a toda humanidade. Um artista não pode fazer nada que contribua para piorar o mundo. Acho que tenho deveres para com as pessoas com quem convivo”. Antônio Carlos Jobim

ANTES DE MAIS NADA

o belíssimo site do nosso maestro soberano : http://www.jobim.org/

BIOGRAFIA INDICADA: CABRAL, Sérgio. Antonio Carlos Jobim. Uma Biografia. Rio de Janeiro: Lumiar Editora: 1997.

SUPER INDICADO: Tons sobre Tom. Tárik de Souza, Márcia Sesimbra, Tessy Calado. Rio de Janeiro: Revan: 1995. Tem um artigo brilhante: O Arquiteto da Utopia, de Tárik de Souza.

Clique para ouvir Coletânea (1 hora e vinte e seis minutos de composições de Tom Jobim): https://www.youtube.com/watch?v=A5L1CDe6QfA

Tom Jobim Perfil 1: https://www.youtube.com/watch?v=tW6Mt2f8iDc

Tom Jobim Perfil 2: https://www.youtube.com/watch?v=SA4IttEl49E

Falando de amor– Tom Jobim – O choro canção do Tom, motivo do nosso Choro da cachoeira: https://www.youtube.com/watch?v=Or7mKb_xmdw.

Falando de Amor – papo e ensaio do choro com Tom Jobim e Chico Buarque ): https://www.youtube.com/watch?v=3mIvdzqrpXU

WAVE (Álbum inteiro – Lançamento de Triste e Wave): https://www.youtube.com/watch?v=ux6icj_qRMc

STONE FLOWER: (Álbum inteiro – Lançamento de Chovendo na roseira e uma belíssima Aquarela do Brasil, Amparo, melodia que virou Olha Maria): https://www.youtube.com/watch?v=_lfHX8NBmXk

PASSARIM: (Álbum inteiro):https:// www.youtube.com/watch?v=MZySW6I0G6o

Tom gostava de bichos, de plantas. Ele prestava atenção numa formiga passando. Imitava o barulho do macaco. Ele falava de pássaros, assobiava. Era um brasileiro. João Gilberto

TOM JOBIM AND FRIENDS – 1996 Álbum inteiro:
https://www.youtube.com/watch?v=WxJ-xRzKWJM00:00 Inútil Paisagem; Triste; Esperança Perdida – Herbie Hancock 08:29 Ela É Carioca – Herbie Hancock 14:52 The Boy From Ipanema (versao: N. Gimbel) – Shirley Horn 17:36 Once I Loved (O Amor Em Paz – versao: R. Gilbert) – Shirley Horn 23:05 O Grande Amor – Gonzalo Rubalcaba & Joe Henderson 32:32 No More Blues (Chega De Saudade – versão: J.Cavanaugh) – Herbie Hancock & Joe Henderson 37:58 Água De Beber – Gonzalo Rubalcaba 43:55 A Felicidade – Tom & Gal 48:54 Se Todos Fossem Iguais A Você – Tom & Gal 54:00 Luíza – Tom 57:29 Wave (Vou Te Contar) – Tom 01:01:54 Caminhos Cruzados (Newton Mendonça) – Tom & Gal 01:06:25 Finale: The Girl From Ipanema – todos

Nascimento da maior parceria da música popular brasileira:

No início, havia uma certa timidez. As primeiras músicas ficaram uma porcarias. Fizemos três sambas horríveis, num desajuste total. Mas Vinicius, pacientemente, queria que fôssemos trabalhando até sair uma coisa direita – Tom Jobim.

A felicidade é como a gota de orvalho numa pétala de flor/ Brilha tranquila, depois de leve oscila, e cai como uma lágrima de amor.

João Gilberto – Chega de saudade – Álbum Inteiro – receita de Bossa Nova : https://www.youtube.com/watch?v=EQC4Ye7hr9Y

Chega de saudade, a realidade é…

Lembro de Tom na gravação de Chega de Saudade. Ele estava ali, na cabine, e eu no estúdio. Tom estava olhando, tinha os olhos emocionados, entusiasmados. João Gilberto

A canção que me causou maior impacto de todas as canções que eu já ouvi na minha vida foi uma do Tom, Chega de saudade. Foi um marco em minha vida, em todos os sentidos – Caetano Veloso

Me lembro do dia exato em que ouvi o Chega de saudade.  Lembro exatamente onde eu estava e tudo. E lembro da impressão que tive quando ouvi essa música. Foi muito forte mesmo. Muita coisa mudou na minha cabeça – Edu Lobo  

A grande música que me bateu foi quando papai chegou da Odeon com o 78 Chega de Saudade – Danilo Caymmi 

Lembro nitidamente da canção que me fez acordar para a música. Paulo César Pinheiro

Roberto Carlos e Caetano Veloso – Chega de saudade (vídeo): https://www.youtube.com/watch?v=dFm7RfpZp5g

Uma pessoa que fez Chega de saudade não precisa nunca mais me dar mais nada. E na verdade nós nunca daremos o bastante a ele. Nunca teremos dado o bastante – Caetano Veloso

Gal Costa – Chega de saudade (Vídeo): https://www.youtube.com/watch?v=7ErQv8vwStk

Essa é demais!: https://www.youtube.com/watch?v=vUx1tXJvsd0

No peito dos desafinado também bate um coração: https://www.youtube.com/watch?v=n81JA6xSbcss

… and a window looking on the mountains and the sea, how lovely…: https://www.youtube.com/watch?v=0BPRYiZOlig

O trabalho que fiz com Tom Jobim foi um dos que mais me deram satisfação pessoal e profissional em minha carreira. Ele era um gênio e fazia qualquer um que trabalhava com ele sentir-se bem – Frank Sinatra

TOM e ELIS: ÁGUAS DE MARÇO (vale a pena assistir e ler os comentários no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=E1tOV7y94DY

RASCUNHO de um CLÁSSICO

TOM e ELIS – ÁGUAS DE MARÇO (no Fantástico da Rede Globo de Televisão): https://mobile.mis.rj.gov.br/perolas/aguasdemarco/

… é o mistério profundo, é o queira ou não queira…

Sei que ainda vou voltar, para o meu lugar… https://www.youtube.com/watch?v=84J0UXxxBXQ

Na fotografia, estamos felizes https://www.youtube.com/watch?v=dE3LeirvWIo

“Quando conheci o Tom, ele já era para mim uma figura mitológica. Eu já conhecia as músicas dele, antes da Bossa Nova”. Chico Buarque 

Meu coração, não sei porque… – https://www.youtube.com/watch?v=fkpwly5OG1o

Matita Perê e Yauaretê – https://www.youtube.com/watch?v=oJ3gLQFarig

Esquadrão brasileiro

Se fizer bom tempo amanhã eu vou… https://www.youtube.com/watch?v=fWdEiHA5yps

Dois gênios

Dois gênios – Tom e Radamés! https://www.youtube.com/watch?v=4qt1LMgE_YQ

Radamés y Pelé: https://www.youtube.com/watch?v=sOaW6zt7Pc8

“… quando você cria uma coisa, você cria uma capacidade…” Que saudade!

Matias cujo o nome é Pedro, aliás Horácio, vulgo Simão/ Lá um, chamado Tião, chamado João. https://www.letras.mus.br/tom-jobim/86229/

“A correnteza do rio vai levando aquela flor
O meu bem já está dormindo,
zombando do meu amor” – Tom e Bonfá – https://www.youtube.com/watch?v=1wA4eYVMH6c

Eu frequentava muito a casa dele. Pescamos bastante. Não se pode ficar concentrado só na música. Pescamos muito na Barra da Tijuca. Um dia me surgiu Correnteza mostrei para o Tom e aí fizemos juntos – Luís Bonfá

A correnteza – Chitãozinho e Xororó – https://www.youtube.com/watch?v=8fyak1WmRnk

Eu acho que universal mesmo é fazer samba. Quer dizer, um pintor universal é aquele que pinta bem o seu quintal. Agora, se o brasileiro vai querer pintar o quintal sueco, aí já fica mais difícil“.

Já mandei subir o piano pra Mangueira.

https://www.youtube.com/watch?v=6oXvEKRsZx

Eu sei que vou te amar – Dilacerante – https://www.youtube.com/watch?v=n01WO1MpH90

Vinicius e Tom Mascotes: https://globoplay.globo.com/v/3831146/

DOCUMENTÁRIOS

TOM JOBIM- As Nascentes – Acervo da TV CULTURA – (IMPERDÍVEL!) Tom fala de Villa-Lobos, Pixinguinha, Radamés, Ary Barroso, Vinicius de Moraes, da Bossa Nova, da Garota de Ipanema, de Chico Buarque: https://www.youtube.com/watch?v=54VNMBOTtvk

Documentário raridade: https://www.youtube.com/watch?v=gjRHZvYPQxw

VISÃO DO PARAÍSO – Tom fala da Mata Atlântica – Apresentação e narração de Fernanda Montenegro. Em cinco episódios:

I – https://www.youtube.com/watch?v=yqYwvrvxjfM.
II – https://www.youtube.com/watch?v=cyGCJHw2NFo. III – https://www.youtube.com/watch?v=H5C9FSzYWbk. IV – https://www.youtube.com/watch?v=OTGMT8-8G9U&list=RDOTGMT8-8G9U&start_radio=1&t=23.  V – https://www.youtube.com/watch?v=O8yU9pjDS5k

BBC Documentary 2016. https://www.youtube.com/watch?v=UCGHjn8cqJg

Tom Jobim & Guerry Mulligan (Não perca!) – https://www.youtube.com/watch?v=Ig-uatgWpV8

Jobim on the NBC in 1986: https://www.youtube.com/watch?v=FxRk8cz8qj4

Tom Jobim fala sobre a bossa nova: https://www.youtube.com/watch?v=vIB2NI5UaKM

A Casa de Tom Jobim: https://www.youtube.com/watch?v=JaL_FjH87ck

Ensaio na casa de Tom Jobim :https://www.youtube.com/watch?v=xB63XCAWgMk

Filme: A música segundo Tom Jobim de Nelson Pereira dos Santos e Dora Jobim: trailer https://www.youtube.com/watch?v=du_bmbElPbs

Filme: RARÍSSIMA participação de Tom Jobim no filme ‘Pluft, O Fantasminha’, de Romain Lesage, 1962: https://www.youtube.com/watch?v=UkbRdM6m8RA

Tom Jobim – 1987 (TV Cultura)
https://www.youtube.com/watch?v=AeDaoignWPE

Tom apresentando para Nelson Pereira dos Santos, Equipe da TV Bandeirantes, Dori Daymmi e Danilo Caymmi, a música Passarim ainda inacabada https://www.youtube.com/watch?v=z9HH98woqfw

Documentário: 3 Antonios 1 jobim – Documentário que representa um bate papo informal entre quatro grandes brasileiros: Tom Jobim, Antonio Callado, Antonio Houaiss e Antonio Candido. No qual conversam sobre suas experiências bem como do século XX brasileiro :Dirigido por Rodolfo Brandão: em 1993. https://www.youtube.com/watch?v=H5eT1ZY_UTQ

ENTREVISTAS

Rádio AM JB (1977)   https://www.youtube.com/watch?v=meK4BXA-YYQ

Com Roberto D’Avila (1981): https://www.youtube.com/watch?v=CFq3uFjXYEU

Gente de Expressão (com Bruna Lombardi) – https://www.youtube.com/watch?v=9BkysXxNLNs

Clarice Lispector entrevista Tom – 21/9/1968: http://www.vermelho.org.br/noticia/292511-1

Caetano Veloso mencionou a história abaixo, em 1981, numa entrevista para Roberto D’Avila, no Canal Livre da TV Bandeirantes:

Tom era o grande músico que foi capaz de realizar, como arranjador, como orientador, como uma pessoa que domina os meios de expressão da música, como compositor, um novo movimento. E é o maior do Brasil, por causa disso”. Caetano Veloso

Pena a parceria não ter saído. Deixa aqui, uma sugestão para Caetano Veloso por letra na melodia e gravar em dueto com Gal Costa, o belíssimo Diálogo, do LP Wave, de 1967
Ouça e considere se minha sugestão procede: http://letras.kboing.com.br/#!/tom-jobim

Com Marília Gabriela (1987): https://www.youtube.com/watch?v=J8jr65wVA7k

Na TV Cultura Roda Viva: https://www.youtube.com/watch?v=8w2Dq8bscY4

Com Jô Soares (1993): https://www.youtube.com/watch?v=AxdmriJ-5D4

Entrevista para Leda Nagle (1985) https://www.youtube.com/watch?v=AuuOD3Ldj9c

Dediquei minha vida à música brasileira, porque já tem francês para escrever música francesa, americano para escrever música americana.

SONGBOOKS

CANCIONEIRO JOBIM – Obras completas. Cinco volumes. JOBIM MUSIC. Perfeito. As composições escritas de acordo com a concepção do maestro. Equipe de craques.

CANCIONEIRO JOBIM – Obras escolhidas. O máximo! JOBIM MUSIC CASA DA PALAVRA.

• CHEDIAK, Almir. Tom Jobim – 3 volumes – Songbook – Petrópolis: Lumiar Editora. 1990.  

O Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB) é uma organização sem fins lucrativos sediada em Niterói – RJ que é voltada para a pesquisa, preservação e promoção da Música Popular Brasileira. Sua missão consiste em documentar, catalogar e divulgar o acervo musical brasileiro, passado e presente, através da manutenção e atualização de um banco de dados virtual. O resultado é um dos maiores arquivos online de informações, sons e imagens da discografia brasileira, disponível na internet para consultas gratuitas. Fundado em 2006, o IMMuB conseguiu mapear e catalogar mais de 82 mil discos produzidos no país. Isto equivale a aproximadamente 580mil fonogramas, reunindo mais de 91 mil compositores e intérpretes. Fruto de 25 anos de pesquisa, a catalogação abrange toda a história da música brasileira, desde a primeira gravação em 1902 até os lançamentos mais recentes. O acervo segue em constante expansão, recebendo centenas de discos, capas e músicas mensalmente. https://immub.org/p/o-instituto.

BIBLIOGRAFIA

OBS: Grande parte desse material não se encontra mais à venda. Algo ainda pode ser encontrado nos sebos e na NET e mídias digitais.

CABRAL, Sérgio. Antonio Carlos Jobim. Uma Biografia. Rio de Janeiro: Lumiar Editora: 1997.

JOBIM, Helena. Antonio Carlos Jobim. Um Homem Iluminado. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira. 1996.

SOUZA, Tárik de, Márcia Sesimbra, Tessy Calado. Tons sobre Tom.Rio de Janeiro: Revan: 1995.

CASTRO, Ruy. Chega de saudade – São Paulo: Companhia das Letras. 1990

CASTRO, Ruy. A onda que se ergueu no mar – São Paulo: Companhia das Letras. 2001

ENCONTROS/TOM JOBIM. Tom Jobim. Organização e apresentação Frederico Coelho e Daniel Caetano.Rio de Janeiro: Azougue Editorial. 2011.

CASTELLO, José. Vinicius de Moraes: O Poeta da Paixão. São Paulo: Companhia das Letras. 1994.

SÁNCHEZ, José Luis. Tom Jobim. A simplicidade do génio.Rio de Janeiro: Record: 1998.

MAMMI, Lorenzo. NESTROVSKI, Arthur. TATIT, Luiz. Três canções de Jobim. São Paulo: Cosac Naify. 2004.

CARVALHO, Hermínio Bello de. Sessão Passatempo. Rio de Janeiro: Relume – Dumará. 1995.

NAVES, Santuza Cambraia. Canção popular no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2010.

HOMEM, Wagner, OLIVEIRA, Luiz Roberto. Histórias de Canções – Tom Jobim. São Paulo:  Leya. 2012.

MELLO, Zuza Homem de. João Gilberto. Publifolha. 2001.

VIVACQUA, Renato. Música Popular Brasileira. Cantos e Encantos. São Paulo: João Scortezi Editora. 1992.

NESTROVSKI, Arthur. Lendo Música. 10 ensaios sobre 10 canções. São Paulo: Publifolha. 2007.

LISBOA JUNIOR, LUIZ AMÉRICO. 81 Temas da Música Popular Brasileira.Itabuna: Agora Editoria Gráfica Ltda, 2000.

GENTE DE SUCESSO. A vida de Tom Jobim.Rio de Janeiro: Editora Rio. 

SEVERIANO, Jairo. MELLO, Zuza Homem de. A Canção no tempo. 85 anos de músicas brasileiras. Vol. 1 – 1901-1957. São Paulo: Editora 34. 1997 e 1998

SEVERIANO, Jairo. MELLO, Zuza Homem de. A Canção no tempo. 85 anos de músicas brasileiras. Vol. 2 -1958-1985. São Paulo: Editora 34. 1998.

MARIZ, VASCO. A Canção Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira. 1985.

PASSOS, Claribalte. Vultos e Temas da Música Brasileira. Rio de Janeiro: Paralelo. 1972.

TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular. São Paulo: Art. 1991.

ANDRADE, Mário. Dicionário Musical Brasileiro. São Paulo. Editora Itatiaia Ltda. 1989.

VASCONCELOS, Ary. Panorama da música popular brasileira. Rio de Janeiro: Martins Editora.1977.

ANDRADE, Mario de. Aspectos da Música Brasileira. São Paulo: Livraria Martins Editora. 1965.

MARTINS, J.B.Antropologia da Música Brasileira. São Paulo: Editora Obelisco. 1978.

BELTRÃO JR, Synval. A musa mulher na canção brasileira. São Paulo: Estação Liberdade. 1993.

CALDAS, Waldenyr. Iniciação à Música Popular Brasileira. São Paulo:  Editora Ática. 1989.

CABRAL, Sergio. A MPB na era do rádio. Rio de Janeiro: Editora Moderna. 1996.

PECCI, João Carlos. Vinícius Sem Ponto Final.São Paulo: Editora Saraiva. 1994.

RAMALHO NETO, A. Historinha do Desafinado (bossa nova). Rio de Janeiro: Editora Vecchi. 1966.

CABRAL, Sérgio. Escolas de Samba do Rio de Janeiro.Rio de Janeiro: Lazuli Editora. 2011.

CAZES, Henrique. Choro do Quintal ao Municipal.São Paulo: Editora 34. 1998.

BARBOSA, Valdinha. DEVOS, Anne Marie. Radames Gnattali. O Eterno Experimentador.
Rio de Janeiro: Funarte. 1985.

MPB COMPOSITORES – Você e a MPB. Contém biografias, fotos, discografias e CDs. 41 CDs e 40 fascículos. Editora Globo.

OS GRANDES SAMBAS DA HISTÓRIA. Contém biografias, fotos, discografias e CDs. Editora Globo e BMG gravadora.

Jacques Morelenbaum – Só respirar o mesmo ar que ele, já era uma inspiração sem tamanho.

Bondade colega

Quando desabafo digo coisa tristes, que sinto. Mas não sou eu sou eu quem fala mal do Brasil, é o Brasil que fala mal do Brasil.

Saudades do Brasil: URUBU https://www.youtube.com/watch?v=QLICHiLdFKw

O Brasil tem tudo pra dar certo, é um país riquíssimo, onde você pode ter cinco, seis colheitas por ano.

Samba do avião – Tom Jobim – whttps://www.youtube.com/watch?v=bQM-vP5BcGwatch?v=bQM-vP5BcGw

Estou morrendo de saudade.

Tom devia se sentir muito sozinho, porque era superior. Quando manifestava admiração pela sensibilidade de Villa-Lobos, havia uma identidade de posição diante do panorama brasileiro. Tom demonstrava essa identidade nas conversas em que citava Villa-Lobos, contava histórias e até comentava a solidão do Villa-Lobos no Brasil. Todo homem excepcional, todo grande criador encontra estas dificuldades no seio da humanidade, em qualquer pais do mundo. No Brasil, com uma tradição de frustrações e de impotências em todas as áreas, quando surge um ser muito potente, ele vai enfrentar aborrecimentos terrivelmente irritantes e geradores de infelicidade, que não podem ser interpretados como um não reconhecimento de talento. – Caetano Veloso

Lembro de Tom no concerto no Carnegie Hall. Ele moço, tocando piano. Nós ali, fazendo música. Nós ali, representando o Brasil. A gente querendo homenagear o Brasil, querendo o bem do Brasil. Nós querendo fazer uma coisa boa para o país. Um Brasil que fosse representado pela sua música, uma música bonita. Era uma coisa meio infantil, ilusão da juventude, o que seja. Mas acho que fizemos alguma coisa pelo Brasil. Tom fez tanto pelo Brasil (João Gilberto chora, chora, chora). O Brasil já foi tão bonito – João Gilberto – reportagem da revista VEJA, publicada em 25 de janeiro de 2014.

Fotografei você, na minha Rollei Flash, revelou-se minha enorme gratidão.

O Tom foi uma sequencia do Villa-Lobos, do Radamés Gnattali. Foi o paisagista do Brasil. Mesmo na música que não tem letra, era o Brasil. São imagens brasileiras. É cinema puro.” – Paulo César Pinheiro – Tons sobre Tom – Márcia Cezimbra – Tessy Callado e Tarik de Souza (Editora Revan) 1995

A morte de Tom tem que ser levada como a expressão mais simples do decorrer da vida. Nasce-se e morre-se. Eu nunca poderia admitir a morte de Tom Jobim – ele andava se queixando da saúde – e tive que engolir seco e me preparar para isso durante anos”. Dorival Caymmi.

Estou morrendo de saudade – https://www.youtube.com/watch?v=bQM-vP5BcGw

“Ele sabia o poder que tinha, sem parecer vaidoso. Sabia o que significava como artista do Brasil para o resto do mundo e para o próprio Brasil. Ficava orgulhoso com o que deixaria para a eternidade. A obra de Tom é grandiosa. É obra de imortalidade”. – Paulo Cesar Pinheiro – Tons sobre Tom – Márcia Cezimbra – Tessy Callado e Tarik de Souza (Editora Revan) 1995.

Se todos fossem iguais a você https://www.youtube.com/watch?v=Wdi9Tmk-y04

O resto é mar, é tudo que eu não sei dizer.

O CD “CadaUmComSeuCadaUm pode ser ouvido: Youtube Music, Spotify, Deezer, Apple Music.

Garota de Ipanema

terça-feira, julho 4th, 2023
Tonzinho, eu vi uma garota toda cheia de graça…
Eis aqui este sambinha, o que você acha?
Rascunhinhozinho
– Gostou parceirinho?
– Vina, esse negócio de “tão sem passarinho”, sei não…
– Você não gostou Tonzinho? E de “tão linda no espaço”?
– Eu tirava o passarinho, deixava a moça, e trocava o espaço pelo “caminho do mar…”

É por aí parceirinho!
Olha que coisa mais linda!
… que vem e que passa…
Ah, a beleza que existe!

Desconfio que vai dar pé…
Tonzinho e eu fizemos um sambinha pra você.

Gravação realizada no restaurante Au Bon Gourmet em Copacabana, R.J., dia 02 de agosto de 1962, por ocasião do show
“Encontro com Tom Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto”, com a participação de “Os Cariocas”. Lançamento de “Garota de Ipanema”, e com introdução!

Ensaio. No canto esquerdo, Baden Powell. “O astronauta ao menos viu que a terra é toda azul”
ensaiando…

A gravação que estourou saiu nesse LP. No início João cantou uma vez inteira, e em seguida entrou a Astrud. A gravadora teve a ideia de cortar a entrada do João e começar direto com a Astrud e foi um sucesso mundial!

Frank, é melhor chamar um baterista brasileiro!
Ouve a batida…
Eu não canto assim (soft) desde que tive laringite…
Spanishguitar, Francisco,
a violão!
O disco do ano nos USA!
It sounds great Antonio!
Tall and tanned and young and lovely…

Deu pé parceirinho!
– Que bom que você botou o passarim pra fora da letra!
– Verdade, Tonzinho, você entende do assunto!

Entrevista de Tom Jobim à Rádio JB em 1977 (comemoração do seu cinquentenário). Aos 7’29” , Tom conta a história de Garota de Ipanema em parceria com Vinicius de Moraes :

https://www.youtube.com/watch?v=6B_sJC4EWp8&feature=share

• Eu tenho 304 diferentes gravações de “Garota de Ipanema”, colhidas até o final de 2000. Hoje deve ter bem mais e tem coisa que até o Cristo Redentor duvida!

Garota passando em Esperanto:

OUÇA a gravação campeã:

Tonzinho, até que ela canta bonitinho!

Ah, se ela soubesse…

Tom escreveu para Vinicius…

Viva Antonio Carlos Jobim!

segunda-feira, janeiro 25th, 2021

Viva Tom Jobim!

25 de janeiro. Aniversário de São Paulo, e do maior compositor de música popular de todos os tempos! Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim!

Semibreves

• Wave

Era o tempo dos radinhos Spika, e dos primeiros disk-jockeys; eu era um.  Com uma vassoura velha como microfone, ia mandando para o ar o Hit Parade da discoteca do meu pai. Grandes sucessos . Mantovani, Percy Faith, Chuck Berry, Teddy Reno, Carlos Gardel, Sammy Davis Jr, Dean Martin, Angela Maria, Dorival Caymmi, Rosemary Clooney… O primeiro lugar vinha sendo dia-dia disputado pelo Frankie Layne, com Jezebel e Black Gold, pelo Roy Hamilton, com Ebb Tide e Unchained Melody, e pelos Diamonds com Little Darling, o estouro do ano.

“Oh little darling

Tchup tchu-ara

Tchup tchu-ara

Oh little darling

Oh oh oh oh”

A versão em português foi gravada por Lana Bittencourt e também estourou, mas, do lado B, vinha uma canção pelo ar, uma cidade a cantar, uma mulher a cantar “Se Todos Fossem Iguais a Você”, de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, que conquistou a audiência e ficou semanas no topo da parada. Foi a primeira vez que vi o nome dessa sublime parceria.

E, um pouco mais que de repente, chegou “Chega de Saudade”, e o disk-jockey largou a rádio no ar, e tratou de aprender violão.

 •

• Tom

Fotografou o som

com sua Rolleyflex

revelou-se a sua enorme inspiração.

• One Finger

Meu amigo e parceiro Luiz Roberto Mello e Souza Oliveira, paulista do Leblon, músico e tomaníaco, numa visita ao Colégio Mello e Souza, no Rio de Janeiro, encontrou nos seus arquivos, o script de uma peça, que foi representada pelos alunos, lá pelos anos trinta do século passada.

O autor, não sei quem era. mas, no papel de Dr. Carrapatoso, estava o garoto Antonio Carlos Jobim.

Aquele um.

• Meditação

Antonio

Carlos

Brasileiro

de

Almeida

Jobim

Antonio Carlos Planetário de Almeida Jobim

Tom Mixer.

 • Outras notas, mas, a base é uma só.

#1. O grande Ronaldo Bôscoli, letrista de “Lobo Bôbo”, “Barquinho”, “Fim de noite”, “Saudade Fez um Samba”, “Você”, e muitas outras da Bossa Nova, por pouco não foi o letrista de um tema que Tom Jobim mostrou a ele em primeira mão. Chegou a fazer um esboço, mas foi seu cunhado Vinícius de Moraes, quem acabou escrevendo a letra de “Garota de Ipanema”.

#2. Vinícius não acertou de cara na letra, e quem quiser conhecer uma tentativa (Menina que Passa),leia “Antonio Carlos Jobim, uma Biografia”, de Sérgio Cabral, Ed. Lumiar. Tem também no Cancioneiro Jobim.

#3. Ronaldo Bôscoli reinvindicava que foi ele quem apresentou o Tom a Vinicius, e não o Lúcio Rangel, na lendário Casa Villarino Bar.

#4. Tom, Bôscoli e João Gilberto fizeram 2 músicas em parceria!               Uma, ninguém lembra mais, e a outra,  

Só a saudade assim, faz um dia a gente saber que o amor existe, sim.             Só um dia assim, faz a gente sentir que o amor chegou ao fim…

ficou, segundo o maestro, um plágio de “Meditação”, também dele, em parceria com Newton Mendonça.

#5. Ronaldo Bôscoli foi quem escreveu os versos para a introdução recitativa do “Desafinado”: Quando eu vou cantar você não deixa…

#6. Segundo ele, os nomes de mulher de mulher citados nas músicas de Tom, não tem nada a ver. Ana Luiza, Lígia etc… todos esses nomes são códigos. Inclusive Ângela, que ele fez para o Roberto Carlos – o qual, aliás, estupidamente, a esnobou – é linda.                                                                         –  Miéli e eu praticamente obrigamos o Rei a cantá-la num show – e ele finalmente a cantou, entre um e outro pot-pourri de seus sucessos.

#7. Bôscoli afirma também que colaborou em Luíza com sete cores, sete mil amores.

A resposta do Tom, e a confirmação dessas dicas, vocês encontram no livro Eles e Eu – Memórias de Ronaldo Bôscoli, por Luiz Carlos Maciel e Ângela Chaves, Editora Nova Fronteira.

#8. A música Corcovado, pra mim, a cara da bossa nova, começava originalmente, com cara de samba canção:

                                          Um cigarro um violão….       

nada condizente com os estatutos ensolarados da BN, remetendo ao Cubo das Trevas – assim, Tom chamava as antigas boites esfumaçadas onde ele tocava seu pianinho, correndo atrás do aluguel.

Quem deu o toque, e Tom aceitou, foi o mago de Juazeiro, João Gilberto      do Prado Pereira de Oliveira, e ficou assim:

Um cantinho e um violão…

#9. Tom nasceu num dia 25 de janeiro – aniversário de São Paulo, e “Chega de Saudade”, com João Gilberto estourou em São Paulo, e, no início dos anos sessenta apresentava um programa de televisão na TV Paulista, canal 5! Acredite quem quiser! O programa chamava-se “O Bom Tom” e eu tive a felicidade de assistir vários deles. Lembro dos programas com João Gilberto, Luís Bonfá, Ronaldo Bôscoli. Jamais vou esquecer de Vinícius, Aloysio de Oliveira e Sylvia Telles abraçados, dançando e cantando “Eu preciso de você”, como se fosse um can can, com o maestro soberano ao piano.

Como o sol precisa de um poente

Eu preciso de você

Só de você

Como toda orquestra de um regente

Eu preciso de você

Só de você…

É duro aceitar que não temos sequer um fotograma de “O Bom Tom”. Incrível é que o programa era o segundo lugar em audiência em São Paulo, perdendo apenas para o Cirquinho do Arrelia, no canal 7!

#10. Carinhoso.

LP (ou CD) do Século

janeiro de 2000

Estamos nos aproximando da virada do século, e pelo jeito que as coisas caminham, o espaço pro genial está totalmente preenchido, visto que proliferam eleições e coleções dos melhores de tudo, de tudo que é assunto, e com um ano de antecedência.

É de se supor que, ninguém mais acredita caber mais alguém, nessa nau dos imortais que partiu, no oceano sem praias…

E, já que estamos fechando para balanço, apresento o meu voto, que aliás, ninguém perguntou, para o melhor CD ou LP deste século de musica popular:

Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim

Beleza, charme, técnica, afinação, repertório, execução, balanço, mixagem, sonoridade, harmonia, timbrística, delicadeza, discrição, amor pelo trabalho, profissionalismo, coração. Bossa.

O maior cantor de todos os tempos e o maior compositor da música popular.

Um telefonema, do próprio Frank, pro Bar Veloso, deu o chute inicial.

As gravações, com os belíssimos arranjos de Claus Ogerman, iniciaram dia 30 de janeiro de 1967 as 20 horas.

A formação da orquestra era de 10 violinos, 4 violas, 4 cellos, 3 flautas, trombone, contrabaixo, piano e 2 bateristas, um para as músicas americanas, e o Dom Um Romão para as brasileiras, atendendo a um pungente pedido do Tom : – Se você não vier, vou entrar por um cano que não tem tamanho!

E aquele violãozinho do Astênio Claustro Fobim  “que não tocava bem”, mas que tocava como ninguém, bem colocado, suingado, preenchendo os espaços com elegância, e sem malabarismos, o violão mais bossa nova de toda Bossa Nova.

(João Gilberto é outro assunto).

Contracantos geniais, as chamadas  “inner voices”, que o nosso Maestro fazia magistralmente.

O CD, remixado, contem algumas intervenções geniais, que não aparecem no LP. Por exemplo, a “baixaria “ que o Tom faz em “I Concentrate on You” enquanto o Frank está cantando, o final de “Garota de Ipanema” (aliás a melhor gravação desta música, (São João que me perdoe) e outras mais.

A primeira música gravada foi “Baubles, Bangles and Beads”. Sinatra não gostou: – Preciso botar menos gelo nos meus drinques!

Mandaram o Tom cantar mais alto. Sinatra aconselhou :

– Abra o paletó, mostre o colete à prova de balas e cante.

Mataram às 20h e 45m, no setimo take.

A primeira música de Tom Jobim que o Frank gravou foi Dindi, que terminou lá pelas 23 horas com o comentário do “The Voice” :

– Porra, que beleza de canção!

Sinatra brincou com Ogerman e Tom sobre a delicadeza e a suavidade dos arranjos : – Não canto assim desde que tive faringite !

Foram três noites de gravação, jantares e drinques, e o resultado foi eleito pela crítica americana como o àlbum do ano.

Para mim esses dois batutas produziram o tal biscoito fino, o melhor do século!

Quem quiser que mostre outro.

Como diria o nosso Baden Powell: – Encosta pra ver se dá!

O homem cordial e bondoso.

• E voltei pra minha nota

#10. Um dia, papeando com o maestro soberano, contei a ele que minha mãe se formou em piano no Conservatório Dramático Musical de São Paulo, onde foi aluna de Mário de Andrade, em História da Música; ele abriu um sorriso e com seu jeito cordial disse:- Que bom, Edgard, os paulistas são formidáveis e os Andrades (Oswald e Mário) são dois craques!

Brincando, aproveitei a chance e falei, que ele estava devendo uma musica para São Paulo, afinal ele nasceu no dia 25 de janeiro, e ele disse que estava fazendo. Aqui está ela:

#11. Apostaria minhas colcheias que o “Prelúdio Nº3”, para violão, de Heitor Villa-Lobos, foi motivo de inspiração para a maravilha que é “Saudades do Brasil”.

#12. O trisavô paterno do compositor, José Martins da Cruz Jobim, era natural de Jovim, Gondomar, Portugal. O sobrenome Jobim alude a essa localidade.

Ora pois: será que aí não houve a troca “B” pelo “V” e bice bersa, ó pá?

Viva o nosso Tom!

 Rei, que nem Pelé!

 Tom brasileiro!

Viva Villa-Lobos!

quinta-feira, abril 16th, 2020

Dezessete de novembro, dia em que o Indio de Casaca se despediu da tribo e deixou  um Amazonas de musica para a humanidade.

O menino Tuhú sabia que a pipa ia voar alto.

Diogo, meu pai, chegou a noitinha com o extinto jornal A Gazeta e a triste manchete – Morreu Heitor Villa-Lobos! Eu tinha 13 anos em 1959  e conhecia o Prelúdio, da Bachiana nº4 , que minha mãe  Antonietta tocava a transcrição para piano.

Por volta de 1964 havia um programa na rádio Eldorado de São Paulo cujo prefixo era uma música maravilhosa. Sabia que os intérpretes eram o Modern Jazz Quartet, pelo solo de vibrafone de Milt Jackson e o piano de John Lewis, mas e o compositor? Resolvi a questão na Eletroarte, antiga loja de discos na rua Augusta – onde eu costumava esconder  os discos de bossa nova, jazz, etc… atrás daqueles que eu imaginava pelos meus favoritos – com a ajuda do Toninho que sabia do meu truque e tambem me apresentava os ultimos lançamentos: era a ária da Bachiana nº 5, de Heitor Villa-Lobos, do LP The Sheriff . Gastei o disco. Villa-Lobos eentrou para sempre na minha seleção brasileira ao lado de Tom Jobim, João Gilberto, Pelé, Garrincha, Pixinguinha, Vinicius, Noël, Ary, Oscarito, Grande Otelo…

Aos vinte e um anos ouvi pela primeira vez os estudos e prelúdios para violão do nosso índio de casaca. O Brasil que eu sentia e não sabia explicar. Comprei as partituras e estudei que nem louco. Depois veio o Concerto para Violão e Orquestra, simplesmente o máximo. No Guia Prático, estudo folclórico musical achei a maquete  do gênio.

Tom Jobim reverenciou sua musica. Canta, canta mais, Saudades do Brasil, Brasilia, Sinfonia da Alvorada, são provas disso. Na corda da viola, em Stone Flower,  e A maré encheu, em Autopsicografia, letra de Fernando Pessoa, prováveis são lembranças dos seus estudos do Guia Prático. Se é por falta de adeus – nnazo tenho receio de dizer que fecha com uma citação do Trenzinho do Caipira.

Seguem quatro faixas do CD “Villa-Lobos e Carlos Gomes para Crianças” que produzi para a revista CARAS. São quatro Cirandinhas arranjadas pelo mestre para piano solo sequenciadas nos softwares Logic e Performer e executadas por um computador MacIntosh.

Carneirinho, carneirão

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O Cravo Brigou com a Rosa

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Todo Mundo Passa

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A Canoa Virou

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A imortalidade registrada pela música

“Era um espetáculo. Tinha algo de vento forte na mata, arrancando e fazendo redemoinhar ramos e folhas; caía depois sobre a cidade para bater contra as vidraças, abri-las ou despedaçá-las, espalhando-se pelas casas, derrubando tudo; quando parecia chegado ao fim do mundo, ia abrandando, convertia-se em brisa vesperal, cheia de doçura. Só então se percebia que era música, sempre fora música.

Assim é que eu vejo Heitor Villa-Lobos na minha saudade que está apenas começando, ao saber de sua morte, mas que não altera a visão antiga e constante.
Quem o viu um dia comandando o coro de quarenta mil vozes adolescentes, no estádio do Vasco da Gama, não pode esquecê-lo nunca. Era a fúria organizando-se em ritmo, tornando-se melodia e criando a comunhão mais generosa, ardente e purificadora que seria possível conceber.

A multidão em torno vivia uma emoção brasileira e cósmica, estávamos tão unidos uns aos outros, tão participantes e ao mesmo tempo tão individualizados e ricos de nós mesmos, na plenitude de nossa capacidade sensorial, era tão belo e esmagador, que para muitos não havia outro jeito senão chorar, chorar de pura alegria.
Através da cortina de lágrimas, desenhava-se a nevoenta figura do maestro, que captara a essência musical de nosso povo, índios, negros, trabalhadores do eito, caboclos, seresteiros de arrabalde; que lhe juntara ecos e rumores de rios, encostas, grutas, lavouras, jogos infantis, assovios e risadas de capetas folclóricos”.

Carlos Drummond de Andrade

“Villa-Lobos acaba de chegar de Paris. Quem chega de Paris espera-se que chegue cheio de Paris. Entretanto, Villa-Lobos chegou cheio de Villa-Lobos.

Manuel Bandeira, na revista Ariel, 1924.

 •

Sobre a inspiração:

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Viva Villa-Lobos!

P.S.:

Em 1974, convalescendo de uma terceira cirurgia corretiva na mão esquerda,

entusiasmado com a possibilidade de voltar a estudar as peças do mestre, fui ao Rio de Janeiro conhecer o Museu Villa-Lobos; quem sabe não voltava a São Paulo com um convite para um estágio na Universidade de Cascadura?

O convite não veio, mas em compensação levei um papo inesquecível com Dona Mindinha, mulher do grande Villa, a quem ele dedicou, entre outras dezenas de peças, os Cinco Prelúdios Para Violão e as Nove Bachianas Brasileiras. 

Mindinha contou que numa noite em Nova York, Villa lhe convidou para assitir a um grande compositor, esse sim!, que iria se apresentar ao piano. O lugar, segundo ela era bem mixuruca, e o músico, numa pindaíba danada, era nada mais nada menos que Béla Bartók!

Coincidentemente, Villa-Lobos e Bartók tinham ouvido absoluto; compunham sem usar nenhum intrumento, ou seja, tudo na cuca.

Perguntei a ela se conhecia Antonio Carlos Jobim.

– Sim, claro tem melodias lindas, e ama a obra de Villa-Lobos. Uma ocasião esteve em casa, lá pelos anos 50, bebia bem esse moço, na hora da despedida perguntou brincando :

– Maestro, vende pra mim a ária da Bachiana Nº5?

O Villa riu e gostou. 

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim que amava a música de Villa-Lobos, estava começando sua carreira de compositor consagrado no mundo inteiro.

 Antônio Carlos Planetário de Almeida Jobim.

Depois de um cafezinho, Mindinha foi atender alguem e eu fiquei sozinho na sala com vários pertences do nosso Villa: batutas, piteiras, lápis, borrachas, óculos, partituras e veio a tentação de roubar um lápis – com prolongador.  Mindinha voltou a tempo de frustrar o assalto ao patrimônio nacional e eu confessei minha intenção.

– Edgard, que coisa feia!

– Dona Mindinha, é que esse lápis está encantado! Com ele até eu escrevo uma sinfonia!

Pois sim…

Ganhei várias partituras e dona Arminda de Villa-Lobos, entre elas a Melodia Sentimental, e vinte e dois anos depois mostrei à Zizi Possi que gravou no CD Mais Simples.

Clique para ampliar

Assista trechos do meu depoimento para o documentário Villa-Lobos
“O Tempo e a Música”.

Quatro amigos e uma saudade imensa.

sexta-feira, junho 26th, 2015

Deixa tocando enquanto voce lê:

Em 1965, Zequinha Marques da Costa, meu primo querido, me apresentou seus grandes amigos, Vinicius de Moraes, Baden Powell e Ciro Monteiro; alguns meses antes de dar início aos ensaios do espetáculo Vinicius Poesia e Canção, realizado no Teatro Municipal de São Paulo, dirigido e produzido por ele, com a presença do poeta e parceiros; que primo, que amigos, que privilégio!


                                                                                             


Tempo Feliz.

P.S.: entre uns uisquinhos, Vinicius, falando de sua admiração pelo cantor e pela pessoa de Ciro Monteiro, contou que Baden havia composto oito músicas para esse LP – eram previstas dez – quando teve de voltar a Paris, onde morava, para uma série de concertos, e Ciro gentilmente completou as dez com duas músicas suas – Alô João  e Toma meu coração, oferecendo autoria a Baden Powell e Vinicius de Moraes.

Assim era Ciro Monteiro, o Formigão, como era carinhosamente chamado, de quem Vinicius falou:

– Uma criatura de qualidades tão raras que eu acho improvável qualquer de seus amigos não se haver dito, num dia de humildade, que gostaria de ser Cyro Monteiro. Pois Cyro, pra lá do cantor e do homem excepcional, é um grande abraço em toda a humanidade.

Ciro Monteiro, por Miécio Caffé

P.S.: Num dos intervalos de Vinicius Poesia e Canção, não lembro porque, papeando com Ciro, mencionei algo ligado a algum político que aprontou alguma, e o Formigão saiu com essa:

– Pois é Edgard, o candidato é aquele cara que fala bonito, tudo aquilo que a gente quer ouvir; quem não cumpre é o eleito!

Sábias palavras.

Beija Flor. Música de Garoto. Letra de Edgard Poças

sexta-feira, junho 19th, 2015

Em 1987, após terminar  de compor algumas musicas para o primeiro LP da dupla Jairzinho e Simony – primeiro e único, a despeito do enorme sucesso de Coração de Papelão – fui ao escritório do  grupo editorial Arlequim para assinar o contrato de versão da musica Pirata, incluida no disco, cujos direitos autorais eram administrados por eles. No cafezinho contei  ao Waldemar Marchetti, o Corisco, diretor do grupo, que, alguns anos atrás, havia colocado musicas de Ary Barroso, Braguinha, Wilson Baptista e Hervé Cordovil no repertório da Turma do Balão Mágico, e ele sugeriu que eu olhasse o catálogo das obras do seu grupo editorial, quem sabe, poderia encontrar material para futuros projetos. Me interessei por uns pequenos albuns de composições do grande Garôto (Annibal Augusto Sardinha, 1915 – 1833) – que continham somente melodias, sem os acordes cifrados; ganhei a coleção e a promessa de que poderia letrar as melodias que eu quisesse.

Achei essa jóia de valsinha, Sapateando. Por um tempo trabalhei nesse tema, mas,  no final optei pelo beijaflor. Espero que o Garôto não se zangue.


Garoto foi genio. Faz parte da galeria dos maiorais da nossa musica. Pai do violão modernos, multiinstrumentista excepcional e compositor revolucionário.

Siga as as indicações abaixo e constate o quanto o garoto paulistano contribuiu com a MPB. A Bossa Nova que o  diga.

Antonio Carlos Jobim compos o belo choro Garoto em sua homenagem.

Excelente trabalho: “O Violão de Garôto” – A escrita e o estilo violonístico de Annibal Augusto Sardinha. Celso Tenório Delneri

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27158/tde-26102010-165400/pt-br.php

Como comprar partituras:

http://www.samba-choro.com.br/noticias/arquivo/2440

Ouça Garoto por um grande intérprete – Paulo Bellinati:

http://musicadaboa-boa.blogspot.com/2009/10/violao-brasileiro-garoto.html

Outro excelente trabalho sobre o Garoto, não deixe de ler:

http://sovacodecobra.uol.com.br/2009/02/carmen-miranda-e-garoto/

Um CD pra baixar:

http://www.mediafire.com/download.php?tijrqndot3y

Talvez, em algum sebo, ou pela  NET, ainda poder-se encontrar  algum exemplar  da ótima monografia “Garoto – Sinal dos Tempos”, de Irati Antonio e Regina Pereira. Editora Mec / Funarte. 1982

Contracapa do primeiro LP de Paulo Bellinati com a obra de Annibal Augusto Sardinha, o imortal Garoto.

Clique para ampliar

Garôto, pelo meu inesquecível amigo Miécio Caffé

Cinco Bastantes.

quarta-feira, maio 20th, 2015

Pixinguinha, Dorival Caymmi, Vinicius de Moraes, com a capa do maravilhoso LP The Wonderful World of Antonio Carlos Jobim, de 1965,     acompanhados ao violão por Baden Powell.

O Samba Carioca de Wilson Baptista • O album e o espetáculo do ano.

quinta-feira, agosto 18th, 2011

Se voce ainda não comprou esse disco duplo, lançado pela Biscoito Fino, com a musica do maior sambista do Brasil, considere-se ultrapassado pelo passado porque meu querido amigo Rodrigo Alzuguir botou a obra no presente. Vinte faixas com grandes intérpretes e a trilha sonora do espetáculo sobre a obra de Wilson Baptista. Produção impecável. Êta pessoalzinho competente sô!

Aliás o Rodrigo logo logo vai presentear a música brasileira com a biografia, ou melhor, a tese do major.

Ouvi os CDs e chorei várias vezes, parece que o Brasil não conhece e em alguns casos não merece o Brasil. Morei na rua Domingos Leme que cruza com Bueno Brandão, Escobar Ortiz, Braz Cardoso, Domingos Fernandes, Philadelpho Azevedo, Balthazar da Veiga, Bastos Pereira, Afonso Brás e outros homenageados que desconheço profundamente – será que eu tambem não mereço o Brasil? – me sentiria muito melhor na rua Wilson Baptista. Se bem que se eu fosse o chefe mandava logo uma Via Wilson Baptista. A Estrada da Vida.

Eu daria tudo para voltar aos meus quinze anos numa noite em 1961 – nos bastidores do programa Brasil 61 de Bibi Ferreira – quando estive com ele e pedir sua benção.

Vinicius de Moraes, um ano depois, no célebre Encontro, com Antonio Carlos Jobim, João Gilberto e os Cariocas no Au Bon Gourmet, lançou seu Samba da Benção e esqueceu do maioral.

Rodrigo redimiu ambos com O Samba Carioca de Wilson Baptista. O album e o espetáculo do ano.

A benção Wilson Baptista!

Querendo saber mais sobre o album do ano, entre no endereço abaixo. E depois faça um favor a si e prove esse biscoito fino.

http://osambacariocadewilsonbaptista.blogspot.com/

http://osambacariocadewilsonbaptista.blogspot.com/2011/09/ceu-edgard-diogo-e-luzia.html

 P.S#1: Danilo Miranda, tá aí uma boa dica – traz o espetáculo do seu conterrâneo Wilson – pra arrasar nos SESCs da paulicéia! Não tô charlando não!

P.S#2: Céu cantando Nega Luzia, do meu sambista favorito é demais pro coração do papi!

P.S#3: Rodrigo, acho justíssimo que o Carlos Monte tenha apresentado sua lista das grandes ausentes nos CDs e no espetáculo e aproveitando esse espaço para lançar a minha, quem sabe uma sugestão para o repertório do aguardado volume 2.

LISTA DO DEGAS:

Mariposa

Sistema nervoso

Esta noite eu tive um sonho

A mão do Alcides

Virou. . . virou. . .

Cowboy do amor  (que eu coloquei no primeiro LP da Turma do Balão Mágico – imagina o Wilson compondo para crianças!)

Comício em Mangueira

Nossa Senhora das Graças

Gênio mau

Lá vem o Ipanema

Volta pra casa, Emília

Flor da Lapa

Deus no céu e ela na terra

Rodrigo e eu por ocasião da gravação de Nega Luzia com participação da minha filha Céu no estúdio do meu filho Diogo.

Ao fundo à esquerda, Vassourinha, o grande intérprete dando uma força.

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