Grupo Pau Brasil comemora 40 anos com o álbum infantil Cantos da Natureza, lançado pelo Selo Sesc
Letras de Edgard Poças musicadas por Rodolfo Stroeter e Nelson Ayres, arranjadas e executadas pelos músicos do Pau Brasil evidenciam as riquezas e belezas da nossa natureza; entre os intérpretes, tem as cantoras Ceu, Marlui Miranda, o cantor Edgard Gianullo e o Trio Amaranto; álbum chega primeiro no Sesc Digital no dia 7 de outubro, e nos demais players de streaming no feriado de 12 de outubro, Dia das Crianças
Trata-se de um projeto educacional e didático que visa apresentar à criança as belezas, emoções e riquezas naturais, com o adulto na leitura das canções. Um disco a ser utilizado até mesmo nas salas de aula.
São 19 faixas que descrevem de forma muito criativa e divertida os quatro elementos da natureza – a água, o fogo, a terra e o ar –, a chuva, a nuvem branquinha, o céu cinzento, o arco-íris, o relâmpago e o trovão. Do mundo animal, um estranho mamífero que bota ovo e que tem um ferrão venenoso, mas é bonzinho. Estamos falando do ornitorrinco, um bicho que pouca gente conhece.
Todas as letras são do compositor, escritor e pesquisador Edgard Poças – criador da Turma do Balão Mágico. Entre os intérpretes, destaque para as cantoras Céu, Marlui Miranda, que já fez parte do Pau Brasil, e Maria Clara Novaes, e os cantores Edgard Gianullo, Renato Braz, Sérgio Santos e Diogo Poças, além do próprio Edgard que canta em duas faixas. Participam também o coral infantil Trovadores Mirins, sob regência da maestrina Lucila Novaes e o Trio Amaranto, de Belo Horizonte, formado pelas irmãs Ferraz, Flávia, Lúcia e Marina.
Cantos da Natureza chega em 2020, mas a sementinha do projeto começou a ser semeada ainda no início dos 1970. A história passa por Rodolfo Stroeter quando, ainda adolescente, aos 14 anos de idade, foi estudar música com Edgard Poças que desembargava em São Paulo, vindo de Portugal, após uma curta temporada no país europeu. E foram nas aulas de iniciação musical que Poças estimulou Stroeter a conhecer também o universo da literatura. A relação do letrista e compositor com o que viria a ser tornar o contrabaixista do Pau Brasil se estabelece a partir daí.
Passadas algumas décadas, Rodolfo Stroeter produzir um disco de música infantil do Trio Amaranto – que também são a gênese deste projeto do Pau Brasil –, e cujo repertório incluiu a Suíte 4 Elementos e O Ornitorrinco, também presentes neste álbum do quinteto paulista. A partir daí, Edgard e Rodolfo intensificaram o trabalho em conjunto com o objetivo de ampliar o repertório de canções. Desta vez, pensado para o grupo Pau Brasil.
“Cantos da Natureza é a celebração de um projeto infantil dentro de um contexto de um grupo de música. É a música cuidada, tratada, arranjada, executada e improvisada, ou não, por um conjunto musical que tem distinção sonora. Depois de 40 anos, o grupo Pau Brasil se tornou um som”, destaca Rodolfo Stroeter.
Das 19 músicas, vale alguns destaques começando pela Abertura Suíte 4 Elementos, onde Edgard Poças transforma em personagens os quatro principais elementos da natureza: a água, o fogo, a terra e o ar. Uma composição com enredo de musical infantil. Segundo o letrista, é a primeira vez que a música infantil se apropria da ideia de Suíte – que é reunir em uma única obra várias peças musicais.
Apresentações feitas, cada um dos elementos naturais chega na sequência com a sua própria canção. Na ordem, Água traz uma singela descrição desta substância química cujas moléculas são formadas por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Abundante no universo, em especial no planeta Terra, onde cobre grande parte de sua superfície com rios, lagos e mares.
Fonte de energia e risco às florestas, a música Fogo expõe as diferentes formas encontradas desta mistura de gases a altas temperaturas. Das fogueiras à lava dos vulcões, das lareiras e até mesmo à língua dos dragões. Interpretada pela cantora Marlui Miranda na companhia do Trio Amaranto, Terra lembra que vivemos no planeta que é a casa do mundo e que se trata do elemento natural que precisa dos outros três – o fogo, a água e o ar. Por fim, a mistura de gases que compõem a atmosfera da Terra. Em Ar, a letra de Edgard Poças destaca que todo mundo precisa e quer um ar puro e é por isso que dizemos: chega de poluição!
Edgard Poças relaciona todos esses aspectos da natureza para trazer um mundo melhor às crianças. A nossa natureza que é linda, viva, colorida e movimentada, é também lembrada através das flores, das estrelas, do som, do mar e até dos peixes que não são peixes.
A nuvem branquinha, o céu cinzento, o relâmpago e o trovão, a chuva e o arco-íris aparecem em forma de canções na Suíte da Chuva. Em Adivinha, Quem Sou Eu?, está o som e a sua propagação em suas múltiplas formas, presente em todos os lugares e todos os cantos. A letra de Chuva começa com uma nuvem que parece um carneirinho e, de repente, se transforma em um leão.
Com letra e interpretação de Edgard Poças, a cantiga de ninar Soneca é a composição do disco para os adultos embalarem os bebês no sono. A letra é um convite a contar, um a um, a passagem dos Sete Anões. Do sabido Mestre ao carinha amoroso que é o Feliz, sem se esquecer do engraçado do Dunga, do mal-humorado do Zangado, do faceiro e manhoso do Dengoso e do Atchim. E cadê o Soneca na terra dos sonhos?
Repertório, acesse o link abaixo.
Letras
19 faixas
Minha Terra
Dá licença dá licença
é a vez da minha terra
de cantar os seu encantos
e as riquezas que ela tem
Minha terra é tão bonita
que dá gosto a gente ver
e não há lugar no mundo
tão bom de se viver
Nosso céu tem mais estrelas
nossos bosques tem mais flores
nossa vida mais amores
e aqui eu sou feliz
Minha terra é um barquinho
navegando no infinito
minha terra meu planeta azul
você é meu país
•
Abertura Suíte “Os 4 Elementos”
Um, dois, três, quatro amigos
nem precisa apresentar
somos os quatro elementos
água, fogo, terra, ar
Somos muito importantes
cada qual no seu lugar
um, dois, três, quatro amigos
água, fogo, terra, ar
Água de beber, camará
fogo de acender, oleré
terra de plantar, olará
ar pra respirar
huuuuummmmm
Água de banhar, camará
fogo de queimar, oleré
terra de colher, olará
tudo pelo ar
oh….
Um, dois, três, quatro amigos
água, fogo, terra, ar
nós fazemos tantas coisas
deixe cada um contar
Nós fazemos tantas coisas deixe cada um contar
Água
Não tenho sabor nem gosto
nem cheiro, nem tenho cor
mas, todo mundo me acha
fresca, gostosa e boa
sou neve, neblina, nuvem
orvalho, gelo, vapor
sou pingo, e também sou chuva
sereno, garoa
Sou riacho, rio, mar
cachoeira eu desço a serra
mato a sede da terra
sei lavar e cozinhar
Sou calma e movimento
lago e correnteza
doce e salgada
espelho do céu
e fonte da natureza
Não tenho sabor nem gosto
nem cheiro, nem tenho cor
mas, todo mundo me acha
Fresca, gostosa e boa
Xuê, xuê
xuá, xuá
água limpinha
pra gente tomar
Xuê, xuê
xuá, xuá
água de beber, camará
Fogo
Eu sou quente eu sou fogo
fervo e boto pra queimar
de faísca à labareda
posso até incendiar
Eu sou fonte de energia
precisando é só chamar
quando eu queimo as florestas
chama a água pra apagar
Quem souber usar
sei que vai gostar de mim
e quem se queimar
pode achar que eu sou ruim
Alegria das fogueiras
sou a lava dos vulcões
sou a dança das lareiras
e a língua ds dragões
Dos fogões, eu sou o rei
rei das velas, o pavio
eu aqueço corações
e esquento até o frio
Terra
O nome desse planeta
É o mesmo que o meu
É o meu
Por isso
A mais importante dos quatro
Sou eu
É brincadeira, estou provocando vocês
Vocês
O fogo, a água, o ar
Eu preciso dos três
Terra, a casa do mundo
O raso, o fundo
O piso, o chão
A cordilheira gigante
Poeira miúda
Na palma da sua mão
Terra, o solo, aonde se planta
Se colhe, pra gente viver
Terra, sou fértil e sêca
Macia e dura
Até de moer
Pra me banhar
Tenho água da chuva
Do rio, e do mar
A luz do sol
E o fogo pra me esquentar
Falta um só elemento se apresentar
É o ar
Vem seu cabeça-de-vento
Sua vez de cantar
Vem seu cabeça-de-vento
Sua vez de cantar
De cantar
Ar
Ar
Huuuummmmmmm
Ar
Ar
Eu sou o ar
salve o ar
viva! viva
é tão gostoso
inspirar e expirar
Eu sou o ar
salve o ar
todo mundo quer ar puro
viva! viva
salve o ar
É por isso que eu digo
chega de poluição
o ar puro é saúde
viva! viva
seu pulmão
Eu sou o ar
salve o ar
viva! viva
é tão gostoso inspirar e expirar
Encerramento da Suíte
Um, dois, três, quatro amigos
água, Fogo, Terra, Ar
estamos aqui para servir vocês
usem sem abusar
Um, dois, três, quatro amigos
o mais importante é nenhum
Somos quatro mosqueteiros
um por todos
todos por um
Somos quatro mosqueteiros
um por todos todos por um
•
O cravo casou com a rosa
O cravo beijou a rosa
debaixo de uma sacada
a rosa que era amarela
ficou vermelha envergonhada
Depois os dois se casaram
fizeram uma festança
vieram as flores belas
trazendo cores e muita dança
Alamanda, Açucena, Flor-de-Liz
Madressilva, Girassol
Tulipa
Abélia
Crisântemo, Papoula, Malmequer
Lírio, Palma, Azaléia
Begônia
Bromélia
Gerânio
Zínia
Glicínia
Brinco-de-Princesa
Orquídea
Jasmim
Gardênia
Copo-de-Leite
Sálvia
Dália
Isso sim, é que é jardim
Petúnia! Jacinto! Violeta
todo mundo satisfeito
Margarida, Hortência, Narciso
esperando o Amor-Perfeito
Onze-Horas, com um Buquê-de-Noiva
a Camélia toda prosa no salão
ano que vem, na primavera
vai se casar com o Dente-de-Leão
Estrelinha
Estrelinha linda
era só brilhar
e sonhar no azul do céu
e caiu no mar
Veio uma onda
lhe deixou na areia
estrelinha dormiu apagou-se
acordou sereia
Foi morar numa ilha, sozinha
cantou o seu canto encantado
pras ondas de prata trazerem
um namorado
Piratas e aventureiros
surgiram de todos os lados
e bons marinheiros
e alguns tubarões
apaixonados
As ondas traziam mensagens ardentes
e bravos marujos, carinhas valentes
nenhum era seu bem amado
ninguém era o sonho acordado
Se cansou da ilha
se encheu do mar
se lembrou de olhar o céu
desejou voltar
E chorou tão triste
dava dó de vê-la
mergulhou num sonho profundo
acordou estrela
Marola
A sereia não é peixe
A sereia peixe é
A sereia só é peixe
Na vazante da maré
Quantos peixes tem o mar
quem quiser é só contar
tem peixe de montão
seu badejo, seu badejo
seu badejo, seu badejo
caranguejo, não é peixe não
Quantos peixes tem o mar
quem quiser é só contar
tem peixe de montão
seu Peixoto, seu Peixoto
olho vivo seu Peixoto
boto, não é peixe não
A sereia não é peixe
A sereia peixe é
A sereia só é peixe
Na vazante da maré
Quantos peixes tem o mar
quem quiser é só contar
tem peixe de montão
seu Marinho, seu Marinho
seu Marinho, seu Marinho
golfinho não é peixe não
Quantos peixes tem o mar
quem quiser é só contar
tem peixe de montão
seu Lampreia, seu Lampreia
seu Lampreia, seu Lampreia
baleia, não é peixe não
A sereia não é peixe
A sereia peixe é
A sereia só é peixe
Na vazante da maré
Ornitorrinco
Se alguém diz que eu sou feio
eu rio e brinco
diz que eu sou esquisito
eu rio e brinco
Que eu sou isso, sou aquilo
mais aquilo, é quem me diz
sou um ornitorrinco
e muito feliz
Que é que tem, eu sou mamífero, e boto ovo
tenho um bico parecido com um pato
rabo longo achatado, que nem peixe
eu me acho muito gato
Minhas patas dianteiras se parecem asas
não tenho orelha, meu ouvido é um furinho
eu não ligo
rio e brinco
e me acho gostosinho
Tenho um esporão venenoso
pra me defender do inimigo
mas eu sou mansinho
pode se chegar, não tem perigo
Moro na toca, na margem do rio
sou bom nadador, beleza beleza
o ornitorrinco é a prova
do bom humor da natureza
Se alguém diz que eu sou feio
eu rio e brinco
diz que eu sou esquisito
eu rio e brinco
Adivinha, quem sou eu?
Adivinha quem sou eu
sei falar e sei cantar
choro, rio, assobio
só não sei é me calar
Sou ruído, sou barulho
também gosto de zoar
conto lendas e histórias
tenho muito que contar
Vivo bem em qualquer canto
sou a voz dos animais
dos motores, dos trovões
instrumentos musicais
Das sirenes, das buzinas
eu cochicho, ronco e grito
dobro esquinas
tenho eco, e me repito
Ora forte, ora fraco
vou do grave ao agudo
eu não sei guardar segredo
não consigo ficar mudo
Eu adoro um zum-zum-zum
sou um traque, sou um … pum
dou o tom… adivinhou
eu sou o som
Ilha
Mar à vista
mar à vista
maravilha
maravilha
ilha
ilha
ilha
ilha
Uma onda sorrindo
vindo te abraçar
um colar de espuma
pra te enfeitar
Mar à vista
mar à vista
maravilha
maravilha.
ilha, ilha, ilha, ilha
Uma onda sorrindo
vindo te abraçar
um colar de espuma
pra te enfeitar
Mar à vista… mar à vista
maravilha… maravilha.
ilha, ilha, ilha, ilha
terra do mar
Terra à vista, terra à vista, terra à vista
terra, terra, terra
ilha do mar
•
Suite “A Chuva”
Nuvem branquinha
Olha lá no céu
o carneirinho de algodão
já não é mais ele
virou um leão
O leão cresceu
e se transformou
num dragão gigante
que se desmanchou
Nuvem lá no vento vai
nuvem lá no vento vem
no seu movimento
nuvem vai e vem
Nuvem foi pro norte foi
nuvem foi pro sul
nuvem foi no vento
virou céu azul
Céu Cinzento
O azul ficou cinzento
o céu meio zangado
as nuvens cinza também
o tempo bem carregado
Um arrepio de vento
soprou um cheiro molhado
e sussurrou apressado
Aí vem chuva
De repente, relâmpago e trovão
(Relâmpago):
De repente eu risco o céu, faço um clarão
minha eletricidade anuncia a tempestade
chuva também, mas, nem me fale de garoa
muito menos de sereno, que eu não relampeio à toa
(Trovão):
Cabra metido! Não faz sequer um zumbido
nem ruído, um estampido
quer brincar com o trovão
não importa de que altura você venha
se eu subo a temperatura
segura a explosão
(Relâmpago):
Minha centelha corre pelo campo elétrico
sou um cabra magnético
vou das nuvens ‘té o chão
caro trovão, você faz um barulhão
mas as ondas que eu provoco
é que dão o empurrão
(Trovão):
Eu nem te ligo até porque sou teu amigo
porque penso aqui comigo
raio forte, chuva farta
preste atenção, que eu vou te dar um toque
se você me der um choque
vai pro raio-que-o-parta
(Relâmpago e Trovão):
Relampa lampa
relâmpago e trovoada
nossa vida é assim anunciar a chuvarada
vamos em frente que a estrada é bem comprida
é hora de despedida
olha a chuva minha gente
Relampa, lampa, lampa
relâmpago e trovão
é lampa, é lampa, é lampa
é lampa, é lampião
Chuva
Chove chuva chove chove
chove aqui na minha mão
Chove chuva
chuva boa
molha a rua
banha o chão
Chuva forte eu tenho medo
se tem raio e tem trovão
mas se for chuvinha fraca
eu não tenho medo não
Chove chuva chove chove
chove aqui na minha mão
Chove chuva
chuva boa
molha a rua
banha o chão
Chove chuva
pingo pinga
canta canta no telhado
Chove chuva
chora chora
um chorinho bem molhado
Chuva forte eu tenho medo
se tem raio e tem trovão
mas se for chuvinha fraca
eu não tenho medo não
Arco-iris
A chuva parou! Parou de chover
corre aqui vem ver
a chuva parou! olha lá no céu
quem resolveu aparecer
Arco-íris
sete cores
aquarela sorrindo
natureza anunciando
o bom tempo que vem vindo
Arco-íris
traga sempre seu tesouro
seu sorriso colorido
bom amigo
bom agouro
Arco-íris
venha sempre que quiser
você é sempre bem-vindo
venha a chuva que vier
(Recitativo)
E a chuva foi embora
longe
choveu
Céu ficou azul clarinho
olha
uma nuvenzinha branca parece um carneirinho
Soneca
São sete
São sete
São sete anõezinhos
Contei um, dois, três, quatro, cinco e seis
São sete que eu sei
E passaram só seis
Se não pinta o sete
Eu conto outra vez
É um, é o Mestre
Um cara sabido
É dois, é o Dunga
Que é muito engraçado
É três, é o Zangado
Que mal-humorado
É quatro, é o Aaaaatchim
É cinco, é o Dengoso
Faceiro, manhoso
É seis, é o Feliz, carinha amoroso
Cadê o Soneca
Só falta o Soneca em Pirlimpimpim
Bam bam bam, balalão
Pa-ra-tchim, pa-ra-tchim, paratchimbum
Bam bam bam, balalão
Pirlimpimpim, pam pum