Lá se vão mais de sessenta anos! Jogamos muito pingpong, na sede da Associação Portuguesa de Desportos, minha lusa querida, que ficava no Largo de São Bento, em frente a igreja. No salão de jogos, de janelas altas, com vista para o largo, enfrentei Djalma Santos em memoráveis partidas, a lusaiada em volta da mesa, vibrava. Às vezes formávamos duplas com Ortega, ponta esquerda colombiano portador do maior petardo, como se dizia, com o genial Pinga, o nosso goleiro Muca que nos deixou tão cedo e Mário Américo, homem bom, a pessoa mais engraçada que conheci na vida.
Os caras jogavam muito, pudera, naquele tempo, concentração era pingpong, baralho e bilhar. Ipod, tablet, celular, jogos eletronicos, Maria Chuteira, nem em sonho. Às vezes, meu pai, que passava as tardes jogando sueca, dava uma carona no nosso DKW para o querido Djalma – naquele tempo demorava para um jogador comprar um carro. Lembro do portuga aconselhando o futuro lateral direito campeão do mundo a cuidar bem do dinheirinho, quem sabe comprando, lógico: uma padaria!
Djalma Santos honrou a camisa da Portuguesa, depois a do Palmeiras e com a canarinho foi bicampeão mundial. Em 1958, jogando apenas a final contra a Suécia, foi eleito o maior lateral direito da Copa.
Estive no Pacaembú no seu jogo de despedida da seleção, e não resisti às lágrimas na sua volta olimpica, gloriosamente aplaudido. Nunca mais o craque e sua classe, seu dominio de bola, o jeito de correr com as pernas em arco, as famosa laterais que alcançavam a pequena área, e mais que tudo isso, a dignidade com que exerceu sua profissão.
Foto da charge, publicada no extinto jornal Gazeta Esportiva, de autoria do tambem querido e saudoso Miécio Caffé.
O original, muito mais bonito, se encontra no Estúdio Plug In, do meu filho Diogo.
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P.S.: Djalma Santos encerrou sua carreira brilhante aos quarenta e dois anos de idade e nunca foi expulso de campo.
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