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Tom do Sertão. A música de Tom Jobim por Chitãozinho e Xororó.

segunda-feira, janeiro 25th, 2021

Meus amigos, esse post é dedicado ao CD Tom do Sertão: músicas de Tom Jobim, gênio brasileiro, interpretadas por Chitãozinho e Xororó, no qual participei na pesquisa de repertório, produção musical e arranjos de base em parceria com meus queridos amigos Claudio Paladini e Ney Marques. Os belíssimos arranjos de cordas ficaram por conta de Ruriá Duprat e Lucas Lima.

Trabalhar com a música de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, o maior compositor de música popular do mundo, na minha opinião, é lidar com jóias preciosas, e Chitãozinho e Xororó encararam brilhantemente o desafio de interpretá-las num tom sertanejo, revelando ao seu imenso público mais uma face da obra do nosso grande maestro.

Xororó ao telefone:

– Edgard, êsse é o disco mais sertanejo que gravamos em toda carreira!

Que bom, saber que a música de Tom Jobim vai chegar aos fãs da mais importante dupla sertaneja!

   

Na trama, com a dupla, Ney Marques e Claudio Paladini em minha casa.

 

Sugestões para foto da capa e contracapa. Tom Jobim e Vinicius de Moraes em Brasília em 1959 . Estavam hospedados no Catetinho, com a missão de compor a Sinfonia da Alvorada, encomendada a eles pelo presidente Juscelino Kubitschek para comemorar o nascimento da nova capital do Brasil.

Água de Beber foi composta naqueles, sob a inspiração de um “lindo olho d’água que brotava no capão do mato”, como descreveu Vinicius em crônica.

   

       

 

No Estúdio Trama

 

 

 

 

 

 

 

Águas de Março (Antonio Carlos Jobim)

Estrada Branca  (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes)

Chovendo na roseira   (Antonio Carlos Jobim)

A chuva caiu   (Antonio Carlos Jobim e Luís Bonfá)

Se é por falta de adeus (Antonio Carlos Jobim e  Dolores Duran)

Se todos fossem iguais a você  (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes)

Caminho de pedra  (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes)

Correnteza (Antonio Carlos Jobim e Luís Bonfá)

Chega de Saudade  (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes)

Equipe unida

Entrevista no Programa do Jô. Março 2015:

http://globotv.globo.com/rede-globo/programa-do-jo/t/videos/v/chitaozinho-xororo-falam-sobre-o-disco-tom-do-sertao/4074680/

Um abraço a todos que participaram desse projeto maravilhoso.

 

Clique para ampliar

 

Com Ch & X e Ney Marques

Viva Tom Jobim!

Viva o Tom do Sertão!

Uma homenagem ao imenso Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim e aos queridos amigos Chitãozinho e Xororó que gravaram, magnificamente o CD Tom do Sertão.

Voz: maestro Claudio Paladini

Paul Mounsey – Edgard Poças

Recitativo:

Gado miúdo, curral redondo

Não há quem conte, senão seu dono

 

Canto:

Lá, lá no coração

É lá onde a emoção

Onde o que fazer

Se não luar

Luar de amor

Do meu sertão

Ah, esse meu viver

Cantar esse  bem querer

Esse meu irmão

Essa canção que tem o tom

Tom do sertão

Quanto mais eu canto

Mais estou perto do sertão

Meu avarandado, o cantinho, o violão

Na asa do Jereba voa imaginação

Sertanejo é o tom que eu canto

Meu luar de prata, o pé de manjericão

Cheiro de saudade

Aconchego pé no chão

Passo Preto faz a sua casa no capão

Sertanejo é o tom que eu canto

Tão brasileiro

Sertanejo sim senhor

No cantar dos passarinhos

Nessa história de amor

Que invade nosso peito

Numa forma de oração

Esse é o tom

Tom do Sertão

Viva Villa-Lobos!

quinta-feira, abril 16th, 2020

Dezessete de novembro, dia em que o Indio de Casaca se despediu da tribo e deixou  um Amazonas de musica para a humanidade.

O menino Tuhú sabia que a pipa ia voar alto.

Diogo, meu pai, chegou a noitinha com o extinto jornal A Gazeta e a triste manchete – Morreu Heitor Villa-Lobos! Eu tinha 13 anos em 1959  e conhecia o Prelúdio, da Bachiana nº4 , que minha mãe  Antonietta tocava a transcrição para piano.

Por volta de 1964 havia um programa na rádio Eldorado de São Paulo cujo prefixo era uma música maravilhosa. Sabia que os intérpretes eram o Modern Jazz Quartet, pelo solo de vibrafone de Milt Jackson e o piano de John Lewis, mas e o compositor? Resolvi a questão na Eletroarte, antiga loja de discos na rua Augusta – onde eu costumava esconder  os discos de bossa nova, jazz, etc… atrás daqueles que eu imaginava pelos meus favoritos – com a ajuda do Toninho que sabia do meu truque e tambem me apresentava os ultimos lançamentos: era a ária da Bachiana nº 5, de Heitor Villa-Lobos, do LP The Sheriff . Gastei o disco. Villa-Lobos eentrou para sempre na minha seleção brasileira ao lado de Tom Jobim, João Gilberto, Pelé, Garrincha, Pixinguinha, Vinicius, Noël, Ary, Oscarito, Grande Otelo…

Aos vinte e um anos ouvi pela primeira vez os estudos e prelúdios para violão do nosso índio de casaca. O Brasil que eu sentia e não sabia explicar. Comprei as partituras e estudei que nem louco. Depois veio o Concerto para Violão e Orquestra, simplesmente o máximo. No Guia Prático, estudo folclórico musical achei a maquete  do gênio.

Tom Jobim reverenciou sua musica. Canta, canta mais, Saudades do Brasil, Brasilia, Sinfonia da Alvorada, são provas disso. Na corda da viola, em Stone Flower,  e A maré encheu, em Autopsicografia, letra de Fernando Pessoa, prováveis são lembranças dos seus estudos do Guia Prático. Se é por falta de adeus – nnazo tenho receio de dizer que fecha com uma citação do Trenzinho do Caipira.

Seguem quatro faixas do CD “Villa-Lobos e Carlos Gomes para Crianças” que produzi para a revista CARAS. São quatro Cirandinhas arranjadas pelo mestre para piano solo sequenciadas nos softwares Logic e Performer e executadas por um computador MacIntosh.

Carneirinho, carneirão

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O Cravo Brigou com a Rosa

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Todo Mundo Passa

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A Canoa Virou

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A imortalidade registrada pela música

“Era um espetáculo. Tinha algo de vento forte na mata, arrancando e fazendo redemoinhar ramos e folhas; caía depois sobre a cidade para bater contra as vidraças, abri-las ou despedaçá-las, espalhando-se pelas casas, derrubando tudo; quando parecia chegado ao fim do mundo, ia abrandando, convertia-se em brisa vesperal, cheia de doçura. Só então se percebia que era música, sempre fora música.

Assim é que eu vejo Heitor Villa-Lobos na minha saudade que está apenas começando, ao saber de sua morte, mas que não altera a visão antiga e constante.
Quem o viu um dia comandando o coro de quarenta mil vozes adolescentes, no estádio do Vasco da Gama, não pode esquecê-lo nunca. Era a fúria organizando-se em ritmo, tornando-se melodia e criando a comunhão mais generosa, ardente e purificadora que seria possível conceber.

A multidão em torno vivia uma emoção brasileira e cósmica, estávamos tão unidos uns aos outros, tão participantes e ao mesmo tempo tão individualizados e ricos de nós mesmos, na plenitude de nossa capacidade sensorial, era tão belo e esmagador, que para muitos não havia outro jeito senão chorar, chorar de pura alegria.
Através da cortina de lágrimas, desenhava-se a nevoenta figura do maestro, que captara a essência musical de nosso povo, índios, negros, trabalhadores do eito, caboclos, seresteiros de arrabalde; que lhe juntara ecos e rumores de rios, encostas, grutas, lavouras, jogos infantis, assovios e risadas de capetas folclóricos”.

Carlos Drummond de Andrade

“Villa-Lobos acaba de chegar de Paris. Quem chega de Paris espera-se que chegue cheio de Paris. Entretanto, Villa-Lobos chegou cheio de Villa-Lobos.

Manuel Bandeira, na revista Ariel, 1924.

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Sobre a inspiração:

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Viva Villa-Lobos!

P.S.:

Em 1974, convalescendo de uma terceira cirurgia corretiva na mão esquerda,

entusiasmado com a possibilidade de voltar a estudar as peças do mestre, fui ao Rio de Janeiro conhecer o Museu Villa-Lobos; quem sabe não voltava a São Paulo com um convite para um estágio na Universidade de Cascadura?

O convite não veio, mas em compensação levei um papo inesquecível com Dona Mindinha, mulher do grande Villa, a quem ele dedicou, entre outras dezenas de peças, os Cinco Prelúdios Para Violão e as Nove Bachianas Brasileiras. 

Mindinha contou que numa noite em Nova York, Villa lhe convidou para assitir a um grande compositor, esse sim!, que iria se apresentar ao piano. O lugar, segundo ela era bem mixuruca, e o músico, numa pindaíba danada, era nada mais nada menos que Béla Bartók!

Coincidentemente, Villa-Lobos e Bartók tinham ouvido absoluto; compunham sem usar nenhum intrumento, ou seja, tudo na cuca.

Perguntei a ela se conhecia Antonio Carlos Jobim.

– Sim, claro tem melodias lindas, e ama a obra de Villa-Lobos. Uma ocasião esteve em casa, lá pelos anos 50, bebia bem esse moço, na hora da despedida perguntou brincando :

– Maestro, vende pra mim a ária da Bachiana Nº5?

O Villa riu e gostou. 

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim que amava a música de Villa-Lobos, estava começando sua carreira de compositor consagrado no mundo inteiro.

 Antônio Carlos Planetário de Almeida Jobim.

Depois de um cafezinho, Mindinha foi atender alguem e eu fiquei sozinho na sala com vários pertences do nosso Villa: batutas, piteiras, lápis, borrachas, óculos, partituras e veio a tentação de roubar um lápis – com prolongador.  Mindinha voltou a tempo de frustrar o assalto ao patrimônio nacional e eu confessei minha intenção.

– Edgard, que coisa feia!

– Dona Mindinha, é que esse lápis está encantado! Com ele até eu escrevo uma sinfonia!

Pois sim…

Ganhei várias partituras e dona Arminda de Villa-Lobos, entre elas a Melodia Sentimental, e vinte e dois anos depois mostrei à Zizi Possi que gravou no CD Mais Simples.

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Assista trechos do meu depoimento para o documentário Villa-Lobos
“O Tempo e a Música”.