Toca o telefone; do outro lado da linha, meu primo Zezito Marques da Costa:
– Edegar, tenho uma coisa para te falar. Zezito me chama de Edegar, que nem minha querida autora e saudosa mãe Antonietta, desconsiderando os dois chiquérrimos “dês” mudos do Edgard que ela me sapecou
– Diga primo.
– Lembrei de uma frase que voce falou há muito tempo atrás, e repetiu várias vezes, no meio duma uiscada, e que estou achando que tinha pertinência:
– Que frase?
– Voce disse que uma boa revolução social, seria a revolução dos ricos.
Respondi que ficava feliz por ele se lembrar da minha hipotenusa mental.
Passou-se o tempo e não voltamos ao assunto. Hoje, sóbrio, considerando que os eflúvios etílicos promovem revoluções que não passam da saideira, penso que os ricos poderiam ser o grande poder transformador, mas, a riqueza é que nem água salgada, quanto mais se bebe mais sede se tem, e na ânsia de poder e de benefícios próprios, a maioria deles se esquece de que a única raça de gente é a humanidade, afinal estamos no mesmo barco e as turbulências entre a tripulação apontam à deriva com riscos de naufragar.
– À los remos, remadores!
Abração Zé, do primo Edgard, com dois “des” mudos.
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