Tango composto para a peça Tratado Geral sobre a Fofoca*, de Ana Luiza Fonseca, encenada em 1980, no Teatro Anchieta, baseada no livro de mesmo nome, com o sub título uma análise da desconfiança humana, de autoria do dr. José Angelo Gaiarsa.
Mano a Mano, foi composto para um personagem, que se modelou pela perspectiva de todos; para ele, “ser”, dependia do poder de fora. “Ser” contrariava o staus quo, e aí, sobrevinha a culpa => Meu modelo é voce. A tragicômica relação do “grande ator” e sua platéia interna foi, irônicamente, batizada com o título do célebre tango.
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Nelson Ayres – Edgard Poças
A farsa se acabou no pano que caiu
Arrebatada a platéia aplaudiu
Pasmada que ficou
Ao céu se dirigiu:
– Que astro no teu véu assim luziu?
Atrás de ilusão
Adoração fingiu
Num riso de ribalta se traiu
Atriz da ilusão
Comovida chora
Rendida de paixão não vai embora
E o pobre sedutor, lá dentro, num pavor
Escuta a velha voz que lhe devora
Que grita com furor:
– À cena impostor !
E fotos, filas, fãs , fiéis, lá fora
Um tiro põe um fim
O espelho se desfaz
E a trama toda estilhaçada jaz
No chão do camarim
Num corpo de arlequim
Em cacos de platéia
Enfim, em paz
Nunca mais alguem verá tão grande ator
E jamais receberá tão grande amor
Quem tão sedutora e tão fiel ?
Quem merecedor desse papel?
Como bom final não é muito feliz
Mas se foi fatal foi tal como se quis
Mano a mano, vão-se ator e atriz
Num louco ato único e sem bis.
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*Detalhes sobre a peça em:
http://www.edgardpocas.com.br/wp-admin/post.php?post=12537&action=edit
Comentários sobre o livro em:
http://estudoliteraturas.blogspot.com.br/2009/01/tratado-geral-sobre-fofoca.html
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