Muito honrado em colaborar com o brazil-on-guitar.de – site extraordinário, viva e eloquente homenagem do Stephan, meu amigo alemão ao meu amigo duende da floresta afro-brasileira – Baden Powell, gênio musical.
Em 1965, Zequinha Marques da Costa, meu primo querido, me apresentou seus grandes amigos, Vinicius de Moraes, Baden Powell e Ciro Monteiro; alguns meses antes de dar início aos ensaios do espetáculo Vinicius Poesia e Canção, realizado no Teatro Municipal de São Paulo, dirigido e produzido por ele, com a presença do poeta e parceiros; que primo, que amigos, que privilégio!
Tempo Feliz.
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P.S.: entre uns uisquinhos, Vinicius, falando de sua admiração pelo cantor e pela pessoa de Ciro Monteiro, contou que Baden havia composto oito músicas para esse LP – eram previstas dez – quando teve de voltar a Paris, onde morava, para uma série de concertos, e Ciro gentilmente completou as dez com duas músicas suas – Alô João e Toma meu coração, oferecendo autoria a Baden Powell e Vinicius de Moraes.
Assim era Ciro Monteiro, o Formigão, como era carinhosamente chamado, de quem Vinicius falou:
– Uma criatura de qualidades tão raras que eu acho improvável qualquer de seus amigos não se haver dito, num dia de humildade, que gostaria de ser Cyro Monteiro. Pois Cyro, pra lá do cantor e do homem excepcional, é um grande abraço em toda a humanidade.
Ciro Monteiro, por Miécio Caffé
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P.S.: Num dos intervalos de Vinicius Poesia e Canção, não lembro porque, papeando com Ciro, mencionei algo ligado a algum político que aprontou alguma, e o Formigão saiu com essa:
– Pois é Edgard, o candidato é aquele cara que fala bonito, tudo aquilo que a gente quer ouvir; quem não cumpre é o eleito!
Rei da divisão, do molho e da mumunha. Boêmio inveterado, morreu aos vinte e oito anos de idade. Ouça o carinha cantando Na Estrada da Vida, de Wilson Baptista em gravação de 1933, batucando no seu chapéu de palha e acompanhado espetacularmente ao piano por Custódio Mesquita, algo assim como uma tabelinha Pelé e Coutinho:
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E Seja Breve, composição de Noel Rosa em dueto com João Petra, gravação de 1933. Custódio Mesquita, pra variar, arrasando no piano.
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Vassourinha
Mário Ramos, genial sambista paulistano, que nos deixou em 1942 aos 19 anos de idade. Garôto sincopado, sua obra se resume em apenas seis discos 78 rpm. Ouça essas duas gravações do varredor da Rádio Record, com o acompanhamento mais que demais do regional de Benedito Lacerda: Vassourinha, uma estrela luminosa e breve.
… e o Juiz Apitou, de Wilson Baptista. Gravação de 1942.
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Volta pra Casa Emília, de Wilson Baptista. Gravação de 1942.
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Contribuí com algumas fotos e pitacos para o curta metragem A Voz e o Vazio; a Vez de Vassourinha, (1998), roteiro e direção de Carlos Adriano “ganhador da Gold Plaque de melhor documentário de curta metragem do 36o. Festival Internacional de Cinema de Chicago (Estados Unidos, 2000) e eleito um dos dez melhores documentários brasileiros sobre música, em votação realizada pelo É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários (Brasil, 2004). Seu roteiro inicial foi premiado no 1o Concurso de Projetos de Curta Metragem e Produção Independente do Ministério da Cultura brasileiro, em 2007″, que infelizmente nunca assisti.
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Cyro Monteiro
Descendente direto de Luiz Barbosa, ao invés do chapéu de palha, caixa de fósforos, assim como Wilson Baptista, de quem foi grande intérprete. Estive diversas vezes com ele em 1965, por ocasião da montagem do espectáculo Vinicius Poesia e Canção, no Teatro Municipal de São Paulo, com direção de meu primo Zequinha Marques da Costa. Cyro, uma das pessoas mais bonitas e bondosas que conheci na vida foi unanimidade entre os artistas como exemplo de ser humano. Grande contador de histórias, bom de papo, num dos intervalos dos ensaios, saímos pra molhar a palavra e no meio da conversa que girava em torno da desfaçatez e do cinismo dos políticos ele sai com essa:
– Edgard, o candidato é um ótimo sujeito, fala tudo que a gente quer ouvir, promete o mundo que a gente quer, quem não cumpre é o eleito!
Tinha pavor de avião, só entrava em caso extremo e sob proteção de São Evilásio… – São Evilásio, Cyro?
– Pois é, santo desconhecido tem maior disponibilidade…
Rio – São Paulo, só no saudoso trem nocturno que batizou de “avião dos covardes”. Na companhia de Aracy de Almeida, a dama da Central, Vinicius de Moraes, Baden Powell, Braguinha, vararam noites bebendo e cantando no carro restaurante que fechava às onze e meia da noite, mas com uma boa caixinha ia até às tantas. Eu mesmo – que nunca fui covarde, o que me falta é coragem – quando tinha de ir ao Rio, para reuniões de pré-produção da Turma do Balão Mágico, me servia desse expediente.
Ouça o querido Formigão cantando Quatro loucos num Samba do LP Senhor Samba, lançado pela CBS. 1961 e leia o texto de contracapa escrito por Vinicius de Moraes.
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Quatro loucos num Samba, de Mary Monteiro e Cyro Monteiro, gravação de 1961.
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Falsa Baiana, de Geraldo Pereira. Gravada em 1944.
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João Gilberto
Gênio inimitável, já veio em stereo: voz e violão. Mudou a história da música popular mundial.
João é sambista! Tive a graça de conhece-lo em 1961, nos bastidores do programa Brasil 61 apresentado por Bibi Ferreira, no antigo canal 9, na rua Nestor Pestana em São Paulo. Jamais vou esquecer a maneira gentil como me tratou – eu tinha 15 anos e ele era o meu ídolo. No dia seguinte liguei – apedido dele! pro Lord Palace Hotel onde se hospedava em São Paulo e e ele me ensinou a tocar Um Abraço no Bonfá por telefone! Conversei com João mais vezes, mas isso é papo para um outro post.
Ouça, pegue o pinho e tente fazer igual, é super fácil!
Pra Que Discutir com Madame, de Haroldo Barbosa e Janet de Almeida. Gravada ao vivo em Montreaux, 1990.
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Bolinha de Papel, de Geraldo Pereira. Gravação em 1961.
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Cyro Monteiro por Miécio Caffé
Luiz Barbosa por Miécio Caffé
Vassourinha na capa da revista Carioca em 1935 aos doze anos de idade
Detalhe do meu violão com os autógrafos de Cyro Monteiro e João Gilberto
Pixinguinha, Dorival Caymmi, Vinicius de Moraes, com a capa do maravilhoso LP The Wonderful World of Antonio Carlos Jobim, de 1965, acompanhados ao violão por Baden Powell.
Outra noite, não lembro se no canal Curta ou no Arte 1 – ligo a TV e vou direto neles – assisti a um video maravilhoso sobre Flávio Rangel. Chorei. Que pessoa que eu tive o privilégio de conhecer! Foi nos ensaios do espetáculo Vinicius Poesia e Canção, realizado no Teatro Municipal de São Paulo em dezembro de 1965, dirigido por meu querido primo Zequinha Marques da Costa. Flávio aparecia pra dar uma força com seu entusiasmo contagiante. Depois de um ensaio tinha tudo na cabeça e distribuia seu conhecimento com bondade e doçura. De graça.
Tomamos algumas. Aí está seu autógrafo no meu violão, entre Edú Lobo, Vinicius de Moraes, Sérgio Mendes e Baden Powell, em ótima companhia.
Flávio nasceu em seis de agosto de 1934 e morreu em 25 de outubro de 1988.Imagino a beleza que ele deve estar montando lá em cima.Elenco não falta.
Em abril de 1954 e de 1955, o grande radialista Almirante, a partir de uma idéia que surgiu num papo de bar, com Aracy de Almeida e Sérgio Porto, organizou e produziu para a Rádio Record de São Paulo duas edições do Festival da Velha Guarda. Dr Paulo Machado de Carvalho, dono da rádio, mandou buscar o pessoal da pesada no Rio de Janeiro, que se apresentou nos estúdios da Record, no célebre Clubinho dos Artistas, no Teatro Artur Azevedo no bairro do Brás, no auditório da Universidade Mackenzie e no Parque do Ibirapuera. Essas apresentações tambem faziam parte das comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo.
Assista esta apresentação da Turma, em 1954, no parque do Ibirapuera – um presente que Thomaz Farkas deu ao Brasil:
Agora, repare nesta foto: o jovem e a atenção que desperta tocando violão é o genial Baden Powell, que veio na comitiva em 1955, a pedido de Pixinguinha, Donga e João da Baiana. O menino recebeu grande influência dos tres, que viria manisfestar ao longo da sua grandiosa obra como compositor e violonista.
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Saravá, Baden Powell,
Duende da floresta afro brasileira!
Vinicius de Moraes, em Samba da Benção, dele com Baden.
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Encontrei essa preciosa foto no livro A Música Popular no Rádio Paulista, 1928 – 1960, de Thaís Matarazzo Canter, ABR editora. Embora Baden não esteja citado, garanto que é ele. Furo de reportagem do blog!
Uma prova: Pgs 44 e 45 de O Violão vadio de Baden Powell, de Dominique Dreyfus.
Recordação de uma tarde com Vinicius de Moraes na casa de meu primo Joca pelos meados dos anos sessenta.
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PS#1. Na ânsia de contar a história citei “O tempo de amor” como sendo afro-samba e não é. Confundi com “Berimbau” que não está incluido no repertório do disco original, com Baden e Vinicius.
PS#2. Conheci o Hancock em 1968, quando ele veio passar a lua de mel no Brasil.
No final de 1982, fui chamado pela diretoria da gravadora CBS para trabalhar no segundo LP da Turma do Balão Mágico e a música de trabalho do disco já estava escolhida. Fiz a letra, dei o nome de Juntos e foi gravada pela Baby Consuelo e as criancas. Só que durante o processo, pintou o Sobrenatural de Almeida que jogou o Superfantástico na minha mão – num próximo post conto a história – e foi um estouro. Cantada magistralmente pelo Djavan e a Turma alavancou o disco que bateu o recorde de venda no Brasil. Daí pra frente a cada LP novos convidados. Roberto Carlos, Fábio Jr, Erasmo Carlos, Moraes Moreira, Simone, Léo Jaime, Dominó, Metrô, Castrinho, Fofão, José Luis Perales deram a maior força pro balão subir e o mundo ficar bem mais divertido. Anos depois, trabalhando no repertório do sexto LP dei a idéia à gravadora de convidar Jô Soares para cantar com as crianças. Jô, que estava bombando na TV Globo com seu humor refinado era o cara para cantar Mistura Fina, (homenagem a Lamartine Babo), em parceria com Paul Mounsey, um escocês legítimo apaixonado pelo Brasil. Fiz uma gravação demo (rascunhada) e mandei para a gravadora.
A turma gravou sozinha e não gostei do resultado; a produção mudou a levada e a tarantela virou chuca chuca. Quanto ao Jô, não sei se ouviu, se não se interessou, nunca me disseram nada.
Jô Soares
A verdade é que pra mim foi aquela frustração. Logo eu que acompanhei sua carreira desde sua participação no hilariante O Homem do Sputnik, contracenando com meu ídolo Oscarito, a impagável Zezé Macêdo, Cill Farney, Norma Benguell, sob o nome de Joe Soares! Saudades da Atlântida! Porque não relançam o acervo em DVD? Lembro do Jô, de assistente no programa Silveira Sampaio – teria sido o primeiro talk show da TV brasileira? Foi nêsse programa que vi pela primeira vez os parceiros Baden Powell e Vinicius de Moraes cantando Berimbau – um afrogolpe na Bossa Nova. A música brasileira nunca mais foi a mesma. Em seguida na Família Trapo, sucesso da TV Record, ao lado dos inesquecíveis Ronald Golias, Renata Fronzi e o excepcional ator Otelo Zeloni. Aí veio a Globo, o teatro e êle se consagrou como um dos nossos maiores humoristas. E ainda estavam por vir o escritor, entrevistador, pintor, enfim, o multijô que a gente gosta. Até hoje imagino com teria ficado a Mistura Fina com o Jô e as crianças. A gravação que aí está é do CD Pirlimpimpim Pam Pum. O arranjo é meu e a execução dos samplers é do grande Nelson Ayres. Segue um karaokê pra quem quiser brincar, o Jô inclusive.
Mistura Fina
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Karaokê
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Mistura Fina
Oh, Joaquim!
Cheirinho d’alecrim
Azeite no bacalhau
Catupiry
Pajé de parati
Nas águas do seu Cabral
Nona Concetta
Nicola di Porpetta
I pizza di macaró
Hans und Fritz
Chucruts von chopps
Bier alemon
Abdala kibe
Tabule pra Nagib
Adib Salem Salim
Sing Ling Xong
Pastel e ping pong
Pagode de mandarim
Ora vejam só !
De lá dos Cafundó, vieram pros Catumbi
Marajá em marajó, só tem aqui!
Glasnost strogonoff! Hei !
Rachmaninoff
Shalom Shalom Salomon
Si Adelita si fuera con otro, por Dios
Donde estas my corazon ?
Nakamura san
Sakamoto san
Zapon garantido, né !
Rei Zulu
Um axé cor de café!
Elle s’apelle Michelle (Coro): Ba ba da ba da ba ba da ba da