Foi muito importante para mim, para minha vida musical, por causa do ritmo, do
balanço que ele tem, a maneira de dividir as frases.
Quando ele estorou aqui no sul com Sebastiana e gritava, y, a, e,i ,o, u…
Eu era garoto eu ficava impressionado, com o molho, ritmo, balanço, com a divisão do Jackson do Pandeiro e com a música do Beethoven que minha mãe tocava no piano – A Sonata ao luar – Pour Elise.
Um dia Pichu e eu, começamos a brincar com a primeira parte do Pour Elise, pensando como se fosse uma música de carnaval ( cantarolou… la,la,la,la,la,la…) e Beethoven morreu em 1827– e a música está ai até hoje, tocando nos caminhões de gás.
E aí a gente fez o refrão em cima de uma brincadeira, em cima de uma coisa que eu pensava muito, quando garoto que era falar sopasopasopa e ficar ao contrário passo – e virar sopa.
Aí fizemos o refrão e a Dona Elisa é Pour Elise e quando ela cai no frevo, não é sopa não. É lisa, É lisa.
“Eu tenho um balanço meio chatinho que serve para toda época. A turma se liga porque, a não ser samba-canção, pego de todo lado, de frevo à música de terreiro. Música que tem balanço, no Brasil, faço todas elas. E o coco é o pai do negócio”. – Jackson do Pandeiro.
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• BIOGRAFIA INDICADA: MOURA, Fernando. VICENTE, Antônio. Jackson do Pandeiro. O Rei do Ritmo. São Paulo: Editora 34. 2001.
“Jackson era uma unanimidade. Tocava qualquer coisa. Se você chegar no Rio de Janeiro, tem bons ritmistas nascidos lá. Mas se pedir pra tocar um pandeiro de frevo, ninguém sabe. Jackson tinha o conhecimento de toda essa cultura e mais aquilo que se fazia no Rio. A coisa do samba com ele, era brincadeira… O Jackson ´considerado por todas as pessoas do meio de música, os grandes músicos, os grandes ritmistas, como o maior ritmista brasileiro de todos os tempos.” – Paulinho da Viola.
“O genial Jackson do Pandeiro marcou a música brasileira e revolucionou seu gingado”. – Gilberto Gil
“Eu boto todo o volume dentro da casa. Pra cantar isso” – Zeca Pagodinho, sobre “Como tem Zé na Paraíba“.
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“O João Gilberto, eu acho ele um cara fabuloso, viu? Inclusive, ele dá opinião sobre mim. (…) Eu considero João Gilberto uma das glórias da música brasileira.(…) Ele tem uma puxada de corda que me agrada e cantando, também, eu gosto…”.
“Acredito que Jackson foi o mais tropicalista de todos os compositores de nossa MPB, porque não tinha medo das informações externas, e embora conhecesse muita coisa de música estrangeira, via sempre uma predominância de música brasileira sobre as outras. Para ele, o coco era uma espécie de célula-mãe de todos os outros ritmos. Acho o maior barato um paraibano pensar numa coisa grandiosa desse tipo”– Gilberto Gil
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“Música brasileira, de um modo geral, faz tempo que não ouço. Às vezes até me esqueço, como cantar, porque não tem lugar para trabalhar, né? É difícil até viajar para o interior: não há contrato para ninguém. Tudo isso por conta da invasão da musica estrangeira. Isso não pode continuar assim. Tem tanto artista passando fome…A imprensa deveria fazer campanha para que a música brasileira volte a ser ouvida, para que os músicos voltem a ter emprego”. Jackson do Pandeiro
Sua travessia é um abraço na humanidade e um brado retumbando que a humanidade somos nós.
Cinco continentes.
Cinco amigos.
Cinco irmãos.
“Meu Yauretê Pixuna, minha onça verdadeira. Você é o rei da floresta, da mata brasileira. Meu taquaraçu de espinho, meu carioca mineiro. Meu amor e meu carinho, uirapurú verdadeiro. O amador de passarinho”. Tom Jobim
Era uma vez
um, dois, três, quatro, cinco irmãos
e cada um tinha seu juízo
E cada um era do seu jeito
e cada um era um coração
Eram cinco amigos
felizes cada um com seu cada um
E “era uma vez” voou
o tempo passou, é nossa vez
que tal os cinco continentes
cinco amigos, vindos lá do amor?
“A” maior, que nem os cinco irmãos
Os seus direitos e as suas opiniões
suas ideias e pensamentos
eram conceitos sem pré-conceitos
dos sentimentos sobrava amor
Eram cinco amigos
e cada um dono do seu coração
E “era uma vez” voou
o tempo passou, é nossa vez
que tal os cinco continentes
cinco amigos, vindos lá do amor?
“A” maior, que nem os cinco irmãos
Era uma vez
um, dois, três, quatro, cinco irmãos
e cada um tinha seu juízo
e cada um era do seu jeito
e cada um era um coração
Eram cinco amigos
felizes cada um com seu cada um
eram cinco amigos
e cada um dono do seu coração
eram cinco amigos
felizes cada um com seu cada um
e cada um dono do seu coração
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“Se tem uma coisa que me rege é a minha paixão pelas crianças. Quando eu vejo o olhar de uma criança, fico todo feliz. “. Milton Nascimento
” Você foi chegando, humilde e tomou conta do meu corpo para sempre. Encheu meus dias de beleza e razão para viver”. Lília Silva Campos, mãe de Milton Nascimento. MARAVILHA:http://Dona Lilia e Seu Josino falam de Milton Nascimento
Atuou como crooner do conjunto W‘s Boys – letras iniciais dos nomes de seus integrantes – Wagner Tiso, Waltinho, Wilson e Wanderley (o que o levou a apresentar-se como “Wilton”). Antes do Milton se aventurar pelo Rio de Janeiro, ele gravou um compacto simples com a música BARULHO DE TREM com o grupo HOLLYDAY, primeiro registro fonográfico de uma música de sua autoria: https://www.youtube.com/watch?v=UcSxzUO5v_0
Milton Nascimento cantou com muitos amigos de todo o mundo, muitas tendências musicais. Tom Jobim, Elis Regina, Herbie Hancock, Pena Branca e Xavantinho, Jon Anderson, Gilberto Gil, Wayne Shorter, Rita Lee, Povos da Floresta, Peter Gabriel, Chico Buarque, James Taylor, Mercedes Sosa, Nana Caymmi, Caetano Veloso.
Amigo é coisa pra se guardar, do lado esquerdo do peito.
“Como um patrimônio do Brasil, o valor cultural do Milton não pode ser medido apenas em termos comerciais. o tesouro do Milton pode ser repartido de maneiras ainda não imaginadas”. – Wayne Shorter .
“Correndo na frente do tempo, acima do que ficou combinado, sempre muito mais do que poderia se imaginar, o som do Milton, inquieto e aflito, com a certeza calada de quem está firme nos pés apesar de todas as dores.” – Edu Lobo
“Você faz uma música que parece de criança e aí é uma complicação danada” – Wayne Shorter.
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“Milton é um compositor brilhante, ele tem uma das vozes mais incríveis que eu já ouvi. suas melodias têm uma simplicidade, que vão direto ao centro do seu coração.” Herbie Hancock.
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“A coisa que eu mais acredito na vida, além da amizade, é na música. Quando eu faço um amigo, quero que seja para sempre. A não ser que ele não queira. Por mim, não acaba.”
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“ O compositor invulgar é o único que poderá reagir dentro da sua época e do seu meio à vertigem exagerada do progresso, à fatalidade das tendências e ao delírio das modas, olhando reto, raciocinando justo e agindo rápido, obedecendo às leis lógicas que o destino lhe deu para universalizar os pensamentos humanos” – Heitor Villa-Lobos.
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A lua girou, traçou no céu um compasso. Eu bem queria fazer, um travesseiro dos seus braços.
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Cadaumcomseucadaum
•Filmografia:
1970 – Os Deuses e os Mortos Foi indicado ao Urso de Ouro em Berlin e premiado em sete categorias no Festival de Cinema de Brasília, incluindo melhor filme, direção, ator, atriz, cenografia, fotografia e trilha sonora de Milton Nascimento.
1980 – Música para Sempre
1982 – O Viajante e Fritz Carraldo- filme mais famoso e elogiado do diretor alemão Werner Herzog. Rodado inteiramente na Amazônia. Milton participou do filme como Blackman At Opera House .
1984 – Noites do Sertão – Filme de Carlos Alberto Prates Correia – Elenco Débora Bloch, Tony Ramos, Cristiane Aché, Carlos Kroeber, Carlos Wilson, Sura Berditchenshy e Milton Nascimento.
DOCUMENTÁRIO “Sobre Amigos e Canções” que conta a história do movimento musical mineiro Clube da Esquina. Produzido como trabalho final do curso de Jornalismo da PUC-SP, o filme superou expectativas e foi exibido na TV Cultura e em diversos festivais e mostras. As diretoras entrevistaram e acompanharam, durante todo um ano, músicos como Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Wagner Tiso, Toninho Horta e outros. Além das histórias contadas pelos protagonistas do movimento, o documentário é recheado com um material de pesquisa rico em imagens históricas. Direção e Roteiro: Bel Mercês e Leticia Gimenez Edição: Thais Cortez Apoio: TV PUC / TV Cultura. https://www.youtube.com/watch?v=SACaczm6gA4
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“Milton Nascimento é o maior artista da música de minha geração. Catolicismo mineiro, DNA africano, Milton desceu o vale do Missisipi e subiu os Andes com seus acordes e ritmos cheios de milagre e surpresa. Criou uma escola definida, formou legião de gênios, encantou os gênios do grande mundo e manteve tudo onde o oculto do mistério se escondeu”. Caetano Veloso
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Se eu cantar não chore não, é só poesia
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Discreto, Milton foi se fazendo famoso sem nunca colocar a carapuça de rei. Dorival Caymmi
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BIBLIOGRAFIA
OBS: Grande parte desse material não se encontra mais nas livrarias. Mas, contando com a sorte, pode ser encontrado nos sebos e/ou espalhados pela NET.
SOUZA, Tarik. MPBambas: História e memórias da canção brasileira. São Paulo: Kuarup Produções Ltda. 2016.
Dolores, Maria. Biografia. Travessia: A Vida De Milton Nascimento. 2006. Editora RCB.
Borges, Márcio. Os Sonhos Não Envelhecem: Histórias do Clube da Esquina. 1996. Editorial Geração. Postfácio: Milton Nascimento.
VELOSO, Caetano. O mundo não é chato. São Paulo: Companhia das Letras. 2005.
SOUZA, Tarik de. ANDREATO, Elifas. Rostos e Gostos da Música Popular Brasileira. Porto Alegre: L&PM Editores. 1979.
SEVERIANO, Jairo. MELLO, Zuza Homem de. A Canção no tempo. 85 anos de músicas brasileiras. Vol.2: 1958-1985. São Paulo: Editora 34. 1998.
EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em 24 de abril de 2011. Show: Milton e Caetano – 2005
MARTINS, J.B. Antropologia da Música Brasileira. São Paulo: Editora Obelisco. 1978.
SANTA CRUZ, Maria Aurea. A Musa sem máscara. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1992.
REIS, Aquiles Rique. O gogó de Aquiles. São Paulo: A Girafa Editora. 2004.
MARIZ, VASCO. A Canção Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira. 1985.
PASSOS, Claribalte. Vultos e Temas da Música Brasileira. Rio de Janeiro: Paralelo. 1972.
ANDRADE, Mario de. Aspectos da Música Brasileira. São Paulo: Livraria Martins Editora. 1965.
BARBOSA, Valdinha. DEVOS, Anne Marie. Radames Gnattali. O Eterno Experimentador. Rio de Janeiro: Funarte. 1985.
OS GRANDES SAMBAS DA HISTÓRIA. Contém biografias, fotos, discografias e CDs. Editora Globo e BMG gravadora.
MPB COMPOSITORES – Você e a MPB. Contém biografias, fotos, discografias e CDs. 41 CDs e 40 fascículos. Editora Globo.
“De tudo se faz canção”.
SONGBOOKS & PARTITURAS:
SongBook Milton Nascimento – Por Wilson Lopes: produzido por Barral Lima – Belo Horizonte (MG): Editora Neutra. 2015.
• Não deixe de visitar o acervo Milton Nascimento (Tudo sobre Milton Nascimento) : http://portal.jobim.org/pt/acervos-digitais/milton-nascimento O Acervo de Milton Nascimento encontra-se disponibilizado no INSTITUTO ANTONIO CARLOS JOBIM.
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O Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB) é
uma organização sem fins lucrativos sediada em Niterói – RJ que é
voltada para a pesquisa, preservação e promoção da Música Popular
Brasileira. Sua missão consiste em documentar, catalogar e divulgar o
acervo musical brasileiro, passado e presente, através da manutenção e
atualização de um banco de dados virtual. O resultado é um dos maiores
arquivos online de informações, sons e imagens da discografia
brasileira, disponível na internet para consultas gratuitas.
Fundado em 2006, o IMMuB conseguiu mapear e catalogar
mais de 82 mil discos produzidos no país. Isto equivale a
aproximadamente 580mil fonogramas, reunindo mais de 91 mil compositores e
intérpretes. Fruto de 25 anos de pesquisa, a catalogação abrange toda a
história da música brasileira, desde a primeira gravação em 1902 até os
lançamentos mais recentes. O acervo segue em constante expansão,
recebendo centenas de discos, capas e músicas mensalmente. https://immub.org/p/o-instituto.
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“Nunca encontrei ninguém que tivesse por ele um sentimento amargo.” Dorival Caymmi.
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“Se Deus cantasse seria com a voz do Milton” – Elis Regina
À João Pernambuco (1883 – 1947) e Catulo da Paixão Cearense (1863 – 1946)
Por Lula Barbosa e Maria Clara Novais
Olê olê, olê olá viola ali, viola lá olê olê, olê olá folia ali, folia lá
Ê viola cantadêra, passapé rasqueado é modão, cururu recortado
Ê viola, cantadêra de moda é reisado matuto no meu coração
A viola chegou, abre a roda é toada é cateretê chamamé, é um canto chorado cipó preto, é só escolher
Quando encontra com seu violão não há, ó gente, ó gente, ó não
Ê viola cantadêra, passapé, rasqueado é modão, cururu recortado
Ê viola, cantadêra de moda é reisado matuto no meu coração
Ê viola, madeira de pinho já foi arve que nóis derribô suas corda são os passarinho a cantá o que ela escuitô Quando encontra com seu violão não há, ó gente, ó gente, ó não Ê viola cantadêra cantadêra de moda é reisado no meu coração
JOÃO PERNAMBUCO
“Bach não se envergonharia de assinar seus estudos”. Villa-Lobos, referindo-se a João Pernambuco.
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BIOGRAFIA INDICADA: João Pernambuco, arte de um povo. José de Souza Leal e Artur Luiz Barbosa. Rio de Janeiro: Edição Funarte. 1982.
O célebre Agustin “Mangoré” Barrios (de moustache e polâinas), autor de La Catedral (clássico do violão), entre os violonistas João Pernambuco e Quincas Laranjeira, no Cavaquinho de Ouro, atual Rua da Carioca. De vez e quando, um índio de casaca aparecia por lá, pra fazer um sonzinho,
• ROBERTO CORRÊA. 2011. CD. Viola de Arame {Composições brasileiras}. Viola Corrêa. Brasília Brasil.
• ZÉ DO RANCHO. 1997. CD. Luar do Sertão. BMG. São Paulo Brasil.
• ZÉ DO RANCHO. 1966. LP. A viola do Zé. RCA. São Paulo Brasil. 10
O grande Miécio Caffé (repare a assinatura) me presenteou com essa caricatura de Inezita Barroso que a autografou numa mesa do antigo e saudosíssimo restaurante Parreirinha. Numa outra mesa, Jamelão jantava uma rã, prato clássico da casa que expunha os batráquios em sua vitrine. “Ê viola!”: https://www.youtube.com/watch?v=NuzgF4pRNGA
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CATULO DA PAIXÃO CEARENSE
“Escute / Eu sou o Catullo / E Catullo da Paixão Sou cearense no nome / Mas nasci no Maranhão”.
“Não tem a sua poesia a disciplina da arte dos homens: é forte, insubordinada como a própria natureza”. – Coelho Neto
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“Catullo, depois de seus livros de modinhas e lundús, redescobriu para seu uso próprio, a poesia regionalista, que procura imitar a dicção e o sentir do homem rural. Nessa imitação é que ele tornou-se um poeta admirável, certamente o maior criador de imagens da poesia brasileira”. – Mário de Andrade
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“Acompanhando-se ao violão e cantando uma das suas composições, Catullo é extraordinário, é arrebatador! Duvido que haja um coração insensível à sua arte. No seu gênero, foi o maior cantor do Brasil. ”– Villa-Lobos
escreveu a letra para a melodia de “Flor Amorosa”, composta em 1880 pelo flautista Joaquim Antônio Callado, o”pai dos chorões”, considerada o primeiro choro da história.
foi mestre da arte de fazer versos, de grande musicalidade, utilizando um vocabulário que vai do dialeto da língua nordestina aos clássicos da língua portuguesa, sintetizando o saber popular e o saber erudito.
Publicou dezenas de livros de poesia. Juntou a literatura clássica com a de cordel, popularizando seus versos durante o período da República no Rio de Janeiro.
“Com o Meu Sertão deu um livro pouco menos que genial. Quando Catullo brilha mais, quando atinge os fulgores verdadeiramente sublimes do estro dele, é nos momentos em que descreve a natureza, um sentimento ou um ser, especialmente — a mulher. Catullo não sabe pressupor. Conta tudo para ficar bem entendido pelo autor. É um fenômeno de cultura, de civilização. Mas eis que Catullo Cearense se bota comentando um sentimento, uma cabocla, surge, então, o vate admirável, analista bom, frase percuciente e sobretudo o espantoso criador de metáforas. Catulo Cearense foi sublime no Meu Sertão“. – Mário de Andrade
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Catulo utilizava nas suas letras um vocabulário rebuscado, cheio de preciosismos. Aos poucos, a partir dos anos 20, essa linguagem foi desaparecendo.
Templo Ideal
Albertino Pimentel e Catullo da Paixão Cearense
Olha estes céus, ó anjo, iluminados de corações sofrentes e magoados e o teu candor na tela cérula a brilhar, sob um trasflor de madrepérola de versos consagrados
Com camafeus, opalas e turquesas e as ametistas que tu exalas no falar com o éter da saudade, eterno marmor de sofrer um templo ideal eu vou te erguer
A teus pés terás a hiperdulia da poesia ave-maria dos meus ais! consagração do pranto deste santo coração virgíneo escrinio da ilusão
Ó, teus pés florei com os meus extremos que são fluídos crisântemos deste amor com que te amei mandei a minha dor soluçar num resplendor de diademar
Do coração de essências lacrimosas que eu marchetei de rimas dolorosas fiz um míssil espiritural que adiamantei filigranei com os alvos lírios destas lágrimas saudosas
O teu altar num pedestal de mágoas eu fiz das águas do Jordão do meu penar tens uma grinalda em tua fronte constelei das esmeraldas que por ti sonhei
Versos passionais meigas violetas, borboletas das ideías, orquídeas dos meus ais voai, saudosos, primorosos dulcorosos beija-flores dos tristores que eu lhe fiz dos amargores doces hóstias multicores e um túríbulo de dores cujo incenso é a inspiração
Com amor e pura santidade guardo o culto da saudade no meu coração
Eis o teu templo de aurorais fulgores que eu perfumei só com o ideal das flores arcanjos de ouro tendo às mãos ebúrneas liras e a teu pés cantando em coro sobre um trono de safiras
Nos pedestais dos róseos alabastros verás dois astros: Tasso e Dante a soluçar! sobre o teu altar e debruçado em áurea cruz meu coração numa explosão de luz!
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foi celebridade. Com seu inseparável violão, levou a música popular aos salões da nobreza na corte carioca – era amigo dos presidentes, políticos e empresários. Não só o povo humilde adorava Catulo, como também vários intelectuais e autoridades nacionais.
em 1914, por exemplo, o então presidente da República, marechal Hermes da Fonseca, convidou Catulo para ir ao palácio do Catete cantar suas modas. Lá, ele foi aplaudido de pé por muita gente poderosa.
foi a figura mais importante da cultura popular brasileira entre 1880 e 1940.
“Catulo Cearense é o mistério de uma raça desabrochando em beleza.” – Paulo Barreto (João do Rio)
foi um dos poucos poetas populares no Brasil que, em vida, recebeu todas as honras e uma adoração tão grande do povo. Isso porque ele usou e abusou de toda a sonoridade do sotaque nordestino e soube transmitir, em versos simples, a ingenuidade e a pureza do caboclo. Seus poemas e as letras de suas músicas cativaram a sensibilidade do povo.
“Catulo foi o escolhido da sorte, para arquivar, no coro dos povos que cantam, a voz do seu próprio povo. Roquette Pinto
“Na minha choça, teu escravo sou até… Tenho uma roça e uma casa de sapé… Foi para dar-te que a fiz. Aqui vivo por amar-te. Feliz… Nela contigo serei Mais que um rei!
Popularizou a seresta. Reverenciado por Villa-Lobos, Ruy Barbosa, Pixinguinha. Oferecia na sua palhoça, que ele chamava de “Palácio Choupanal”, feijoadas e saraus, fundamentais para a divulgação da nossa música popular.
“Catulo cantando uma de suas modinhas, é extraordinário! Recitando um de seus poemas é arrebatador ! – Afonso Arinos ( jurista, historiador e crítico brasileiro.)
“Catulo não quer, porém, que os seus frutos nasçam no jardim ou brilhem em vasos de porcelana: quer conservá-los no mato, envoltos nas folhas. A seiva para o fruto quem a dá é Deus. À árvore compete, apenas, dar forma ao pomo. Catulo tem toda a inspiração dos grandes e verdadeiros poetas; e como é sertanejo, vaza essa forte seiva nos rústicos moldes que lhe fornece o sertão”. Humberto de Campos
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Foi, provavelmente, o autor da letra da primeira música caipira de que se tem notícia no Brasil: “Cabocla di Caxangá”, gravada por Paulo Tapajós, em 1913.
• Em entrevista a Joel Silveira, nos idos de 1940, Catulo da Paixão Cearense declarou-se “Um sertanejo sem sertão”, ressaltando o mérito de saber descreve-lo muito bem, apesar de não conhecê – lo. Parte desse mérito ele deveria creditar ao violonista João Pernambuco, com quem conviveu por diversos anos, e que lhe forneceu, além de alguns temas musicais, um variado vocabulário sertanejo que usaria em seus versos. Um exemplo dessa colaboração é a composição de “Caboca de Caxangá”, que entrou para a história assinada apenas pelo poeta. Inspirado numa toada que João lhe mostrara e que teria melodia do violonista, composta sobre versos populares, Catulo escreveu extensa letra, impregnada de nomes de árvores (taquara, oiticica, embiruçu…) animais (urutau, coivara, jaçanã…), localidades (Jatobá, Cariri, Caxangá, Jaboatão…) e gírias do sertão nordestino, daí nascendo em 1913 a embolada “Caboca do Caxangá”, classificada no disco como batuque sertanejo. E nasceu para o sucesso, que se estenderia ao carnaval de 1914, para desgosto de Catulo, que achava depreciativo o uso da composição dos foliões. – Extraído do livro “A canção do tempo” – vol.1. De Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello. O grifo é nosso.
Catulo omitiu a parceria de João Pernambuco, assinando sozinho sua autoria, e de várias canções que tinham melodias de outros compositores.
Villa-Lobos, enfático sobre o plágio de Catulo, arranjou a mesma canção para voz e piano, e a incluiu em seu ciclo de Canções Típicas Brasileiras(1919–1935), tendo apenas ele mesmo creditado como autor!. Ouça, com a soprano americana Roberta Alexander com o pianista Alfred Heller (no CD Villa-Lobos: Songs).: https://www.youtube.com/watch?v=e7rquDWFKiA
é uma toada brasileira de grande popularidade, melodia de João Pernambuco e letra de Catulo da Paixão Cearense, considerada o “Hino Nacional Sertanejo”.
é uma das músicas brasileiras mais gravadas de todos os tempos, e conta atualmente com mais de 150 interpretações diferentes.
é melodia pura, emotiva, e versos simples, ingênuos exaltando o luar, e a vida no sertão.
sua autoria foi protagonista de uma das maiores polêmicas da história de nossa música popular. Historiadores e personalidades ligadas à música afirmavam que o tema tinha origem no coco – ritmo e dança da região Nordeste do Brasil, com influências dos batuques africanos e dos bailados indígenas – É do Maitá, ou Meu Engenho é do Humaitá, de autor anônimo.
Catulo, que se autodenominava “um sertanejo sem sertão”, pois sabia descreve-lo muito bem, apesar de não conhecê-lo, declarava que o Luar do Sertão era uma melodia nortista, “pertencente ao domínio folclórico”.
No menu principal, em ALMANAQUE QUALQUER NOTA – Vol 2. , no postLUAR DO SERTÃO, tem mais assunto e outras gravações, algumas surpreendentes.
Acho que a única coisa semelhante entre melodia de Luar do Sertão e a melodia desse coco é o ritmo da segunda parte, composto de quatro semínimas a cada tempo, mas, isso é próprio de qualquer coqueiro que dá coco. A melodia do refrão (não há, ó gente, ó não…) não tem nada parecido com nenhuma parte de É do Maitá. Pra mim a melodia é de João de Pernambuco. Catulo não fazia muita questão de revelar o nome de seus parceiros.
“Só tu és Brasil da cabeça aos pés e escreve para Brasil.” – Monteiro Lobato
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RASGA O CORAÇÃO:
• Villa -Lobos intitulou seu Choro Nº 10 de Rasga Coração e utilizou na sua composição a melodia do xoteYarade Anacleto de Medeiros, e não cita o nome do autor da belíssima melodia! composto por volta de 1896, gravada em 1907, e editada em 1912, com letra de Catulo passando-se a chamar Rasga o coração.
“Se a lua nasce Por detrás da verde mata Mais parece um sol de prata Prateando a solidão.”
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“Catulo da Paixão Cearense “é o maior lírico brasileiro de todos os tempos”. Mário de Andrade
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“Teu sorriso inspira a lira que afinei por teu falar”
Nacionalizador da nossa poesia, no que esta tem de menos importado, de menos estranho à nossa vida e à nossa paisagem sertaneja, em Catulo é o Brasil, que resiste à invasão das ideias e dos sentimentos alheios, a revelar-se em sua rudeza, em seu primitivismo, mas inteiramente nosso, sem os remendos de outras civilizações, contrárias, muitas vezes, à nossa índole e ao nosso destino. Classifiquem-no de rude, de bárbaro e de retardatário no tempo e no espaço, mas este é o Brasil natural, genuíno, brasileiro, do qual hão de ir nascendo, cheios de viço, de frescura e de originalidade, ideias e sentimentos, costumes e aspirações, toda uma civilização caracteristicamente nossa. – Recolhido de um jornal da época
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“O Brasil contemporâneo, o Brasil intelectual, ainda não se deu ao trabalho de ler e meditar a obra de Catulo Cearense, desse formidável poeta regional, que pode muito bem ser incorporado aos grandes poetas da sua geração. Creio que o seu nome só terá o devido esplendor e será suficientemente grande, depois que a morte lhe fechar os olhos.” – Júlio Dantas
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Ai quem me dera se eu morresse lá na serra, abraçado à minha terra, e dormindo de uma vez…
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BIBLIOGRAFIA:
Grande parte do material abaixo não se encontra mais nas livrarias. Alguma coisa ainda pode ser encontrada nos sebos e na NET.
LEAL, José de Souza. BARBOSA, Artur Luiz. João Pernambuco, arte de um povo. Rio de Janeiro: Funarte. 1982.
FRAZÃO, Francisco Adelino de Souza: Uma análise semiótica das canções , Ontem ao luar, Flor amorosa e Cabôca de Caxangá, de Catulo da Paixão Cearense”.
MORAES, Kleiton de Sousa. O lugar de quem fala ou sobre a autoria e o tempo – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará, Brasil (Acompanhando a trajetória do modinheiro e poeta Catulo da Paixão Cearense, o artigo debate as estratégias mobilizadas pelo escritor a fim de tornar-se autor de sua obra e poeta de destaque no campo literário brasileiro da primeira metade do século XX.) : http://www.scielo.br/pdf/topoi/v19n39/2237-101X-topoi-19-39-53.pdf
CEARENSE, Catulo da Paixão. Meu Sertão. Rio de Janeiro. Bedeschi. 1936.
CORRÊA, Roberto N. A Arte de Pontear a viola. Brasília: Editora Viola Corrêa, 2000.
CALDAS, Waldenyr. O que é música Sertaneja. São Paulo: Brasiliense, 1999.
FERRETE, J. L. Capitão Furtado, Viola Caipira ou Sertaneja? Rio de Janeiro: Funarte, Instituto Nacional de Música, Divisão de Música Popular, 1985)
PINTO, João Paulo de Amaral. A viola de Tião Carreiro. 2008. 371 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Artes. Campinas, SP. 2008.
…quando encontra com seu violão, não há, ó gente, ó gente, ó não!
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CALDAS, Waldenyr. O que é música Sertaneja. São Paulo: Brasiliense, 1999.
FERRETE, J. L. Capitão Furtado, Viola Caipira ou Sertaneja? Rio de Janeiro: Funarte, Instituto Nacional de Música, Divisão de Música Popular, 1985)
PINTO, João Paulo de Amaral. A viola de Tião Carreiro. 2008. 371 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Artes. Campinas, SP. 2008.
“É justo atribuir a Dorival Caymmi a autoria da Bahia como conhecemos hoje. Uma Bahia esparramada pelo país inteiro. Primeiro porque ele juntou todos os aspectos mais importantes, começando pelo povo. Ele cantou o povo da Bahia nominalmente, os lugares, as pessoas. Descreveu com minúcias aqueles lugares dos quais ele falava, seus ofícios, labores, amores, tudo aquilo encantou o Brasil todo”. – Gilberto Gil
• Caymmi – Dê lembrança a todos. Documentário sobre Dorival Caymmi (30 de abril de 1914 – 16 de agosto de 2008), filmado sob a direção dos irmãos Fábio Di Fiore e Thiago Di Fiore, 73 minutos. Participação: Angela Maria, Bibi Ferreira, Dori Caymmi, Danilo Caymmi, Dinahir Caymmi, Gorgeana de Moraes, Gilberto Gil, Hermínio Bello, Jairo Severiano, Jards Macalé, João Luiz de Albuquerque, Maria Bethânia, Maria de Moraes, Milton Nascimento Nana Caymmi, Paloma Amado, Paulo Jobim, Ricardo Cravo Albin, Ronaldo Bastos, Sérgio Cabral, Stella Caymmi e Solange Carybé. Encontra-se na NET, em Philos tv, no menu NOW. MUITO BOM: http://bit.ly/musicascaymmidigital.
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• Dorival Caymmi no programa Contra Luz: (Beleza de Caymmi, entrevistado por Hermínio Bello de Carvalho, fala sobre sua vida, sua obra, mostra fotos, abre a famosa maleta, mostra seu misterioso conteúdo, canta, acompanhado por Luiz Eça arrasando no piano, e, só com o violão, várias jóias do seu repertório: https://www.youtube.com/watch?v=qIdUGaaMLco
• Um certo Dorival Caymmi – Caymmi conta fatos relevantes de sua vida pessoal e profissional, ilustrado por números musicais, iconografia e ficção.” “A vida e obra do compositor baiano, da sua vinda para o Rio de Janeiro ao envolvimento com outras formas de expressão artística como o cinema e a pintura – https://www.youtube.com/watch?v=3etVVLKf1m4
Documentário Dorival Caymmi – Um homem de afetos, Deve entrar na NET brevemente (escrevo em 4/10) O mote do filme é a obra desse artista que transcendeu a existência terrena através do cancioneiro carregado de poesia, beleza e sensibilidade, atributos ratificados por Caetano Veloso em depoimento para este, que já é o terceiro documentário feito sobre o compositor.
O bem do mar, é o mar, é o mar, que carrega com a gente pra gente pescar.
“São muitas, são tantas, são todas tão rosas” – Num roseiral, em Caldas da Rainha, Portugal.
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Eu guardo em mim, dois corações, um que é do mar um das paixões, um canto doce, um cheiro de temporal, eu guardo em mim um Deus, um louco um santo um bem um mal.
Gostar de si mesmo, sem egoísmo. Apreciar as pessoas em volta. Cuidar da saúde mental e física. Gostar dos seus horários. Não ficar melancólico, mas guardar na lembrança as melhores coisas da vida. E não abrir mão de ser feliz. A busca da felicidade já justifica a existência.
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Preguiça:
No sentido exato da preguiça necessária, sou preguiçoso. A preguiça necessária é quando você tira proveito de se dizer preguiçoso para não perder tempo com bobagem. Às vezes, você pega um camarada com uma conversa que não está interessando e você é obrigado a fazer uma cerimônia, uma cara falsa e eu não sirvo para esse modelo. Nessa hora, a preguiça é necessária. É condenada, é pecado, eu sei. Mas, reparando bem, quando você diz assim: ‘Essa é uma boa hora para não fazer nada’, é uma boa preguiça. A cabeça está funcionando e eu aprendi também – apesar de parecer que sou um falastrão- a ficar calado um certo tempo do dia, me poupando da conversa, de forma que sempre deu um aspecto daquele que não faz nada. Isso é assim: ‘O que é que Dorival faz?’ ‘Nada, é assim, fica parado ali, pega um livro, um lápis, você não ouve nem a fala dele.’ Isso é lembrança que vem desde a infância. Mamãe dizia assim: ‘Onde é que esse menino se meteu?’ E eu estava no quarto, desenhando, fazia um versinho, uma poesia. A preguiça, neste sentido, existe e é necessária. Quando você diz ‘estou com preguiça’, você mesmo se dá o direito de dizer: ‘Vou fugir daqui, sentar num canto e ninguém vai me perguntar nada’. As pessoas já pensam: ‘Não fale muito com esse aí porque é um preguiçoso’. É ótimo. Talvez, se não fosse preguiçoso, teria produzido mais. Quando cheguei à vida profissional, uma das razões que levava o sujeito a se promover era dizer quantas músicas tinha gravado. Mas quem dá crédito e sucesso é o povo. Então, me acostumei a fazer uma música, cantar para mim e gostar. Depois, pegar aquela música e cantar para o povo. Não precisa ter uma obra enorme só para servir de citação. O importante é a qualidade. Sem pretensão, sem máscara, nunca fiz questão da quantidade. Procurei sempre o espontâneo, aquilo que o povo gosta, o que é bonito de dizer. Fazer uma coisa amorosa, bonita, procurar direito as frases. O enjoativo de música é quando se vê que tem muito ‘olhar’, muito ‘você’, é a repetição. Uma certa vagabundagem faz bem. Sem essa vagabundagem não sai.
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Caymmi rezava, como parte do seu ritual, a ORAÇÃO DA MANHÃ: “Senhor, no início deste dia, venho pedir-te saúde, força, paz e sabedoria. Quero olhar hoje o mundo com olhos cheios de amor, ser paciente, compreensivo, manso e prudente. Quero ver, além das aparências, teus filhos como Tu mesmo os vês, e assim não ver senão o bem em cada um. Fecha os meus ouvidos a toda a calúnia. Guarda a minha língua de toda a maldade. Que só de bênçãos se encha o meu espírito. Que eu seja tão bondoso e alegre, que todos quantos se aproximarem de mim, sintam a tua presença. Senhor, reveste-me da tua beleza, e que, no decurso deste dia, eu Te revele a todos. Amem”
Ôi, quem não tem balangandãs Não vai no BonfimJorge AmadoÉ doce morrer no mar…
Com Ari Barroso
Eu sou apenas um pobre amador…
Não preciso ter influência de ninguém. De quem Tom teve influência para fazer ‘Samba de uma Nota Só’? Como é que uma obra-prima nasce de uma gozação de fim de noite com um amigo que achou engraçado? Ninguém deve fugir de ter aquilo que lhe é particular. Você faz uma canção com o passarinho, aquela mulher passeando na rua, a outra que parou. Já andei desenhando mulheres conversando na feira. Gosto disso. Ela fala, põe as mãos nas cadeiras. Sou janeleiro. As músicas saem desse contato”.
Cinco bastantes
Caymmi e alguns colegas de ofício.
Eu sei que nunca estou sozinho, pois tenho alguém que está pensando em mim.
Artista dos anos 40, por Augusto Rodrigues. Quem identificar mais de cinco ganha uma bolota assim.
Na Baixa do Sapateiro eu encontrei um dia, a morena mais frajola da Bahia…
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Vento que dá na vela/ Vela que leva o barco/ Barco que leva a gente
DICA do DEGAS: Suíte dos Pescadores, CD – Dois Atos (Vol.1), do excelente tenor Jean William, no qual escolhi o repertório e fiz a direção artística. À suíte cantada no espetáculo Vinicius e Caymmi no Zum Zum (1965), acrescentei O mar, O bem do mar eÉ doce morrer no mar, Com Jean William, Marco Pereira, Jaques Morelenbaum, Mônica Salmaso, Céu, Paula Morelembaun e coro:
O Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB) é uma organização sem fins lucrativos sediada em Niterói – RJ que é voltada para a pesquisa, preservação e promoção da Música Popular Brasileira. Sua missão consiste em documentar, catalogar e divulgar o acervo musical brasileiro, passado e presente, através da manutenção e atualização de um banco de dados virtual. O resultado é um dos maiores arquivos online de informações, sons e imagens da discografia brasileira, disponível na internet para consultas gratuita. Fundado em 2006, o IMMuB conseguiu mapear e catalogar mais de 82 mil discos produzidos no país. Isto equivale a aproximadamente 580mil fonogramas, reunindo mais de 91 mil compositores e intérpretes. Fruto de 25 anos de pesquisa, a catalogação abrange toda a história da música brasileira, desde a primeira gravação em 1902 até os lançamentos mais recentes. O acervo segue em constante expansão, recebendo centenas de discos, capas e músicas mensalmente. https://immub.org/p/o-instituto.
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BIBLIOGRAFIA:
OBS: Grande parte desse material não se encontra mais à venda. Mas, os sebos e a NET estão aí para nos salvar.
CAYMMI, Stella. O que é que a Baiana Tem? – Dorival Caymmi na era do Rádio. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2013.
RISÉRIO, Antonio. Caymmi:Uma Utopia de Lugar.Bahia: Editora Perspectiva.
DOMINGUES, André. Caymmi sem folclore.São Paulo: Barcarolla. 2009.
SEVERIANO, Jairo. MELLO, Zuza Homem de. A Canção no tempo. 85 anos de músicas brasileiras. Vol. 1. 1901-1957. São Paulo: Editora 34. 1997.
SEVERIANO, Jairo. MELLO, Zuza Homem de. A Canção no tempo. 85 anos de músicas brasileiras. Vol. 2. 1958-1985. São Paulo: Editora 34. 1998.
MARIZ, VASCO.A Canção Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira. 1985.
PASSOS, Claribalte. Vultos e Temas da Música Brasileira. Rio de Janeiro: Paralelo. 1972.
TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular. São Paulo: Art. 1991.
LISBOA JUNIOR, LUIZ AMÉRICO. 81 Temas da Música Popular Brasileira.Itabuna: Agora Editoria Gráfica Ltda, 2000.
REIS, Aquiles Rique. O gogó de Aquiles. São Paulo. A Girafa Editora. 2004.
MIELE, Luiz Carlos. Poeira de Estrelas. Ediouro. Rio de Janeiro. 2004.
ANDRADE, Mario de. Aspectos da Música Brasileira. São Paulo: Livraria Martins Editora. 1965.
MARTINS, J.B.Antropologia da Música Brasileira. São Paulo: Editora Obelisco. 1978.
BELTRÃO JR, Synval. A musa mulher na canção brasileira. São Paulo: Estação Liberdade. 1993.
VIANNA, Hermano. O mistério do samba. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 1995.
SOUZA, Tarik de. ANDREATO, Elifas. Rostos e Gostos da Música Popular Brasileira. Porto Alegre: L&PM Editores. 1979.
BARBOSA, Valdinha. DEVOS, Anne Marie. Radames Gnattali. O Eterno Experimentador. Rio de Janeiro: Funarte. 1985.
BRITTO, Iêda Marques. Samba na Cidade de São Paulo (1900 – 1930). São Paulo: FFLCH/USP.1981.
Caldeira, Jorge. Noel Rosa. De Costas para o Mar. São Paulo: Editora Brasiliense. 1982.
AZEVEDO, Ricardo. Abençoado & Danado Samba – Um estudo sobre o discurso popular.São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. 2013.
MPB COMPOSITORES – Você e a MPB. Contém biografias, fotos, discografias e CDs. 41 CDs e 40 fascículos. Editora Globo.
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“Quando o tema se apresenta, a ponto de ser uma canção, inesperadamente a canção aparece, sai. Eu só faço nessa condição, por isso sou considerado preguiçoso. Eu não faço crianças a não ser espontaneamente, eu não tenho fábrica de canções”.
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Quem vem pra beira do mar…
Andei, por andar andei, e todo caminho deu no mar.
E assim adormece esse homem que nunca precisa dormir pra sonhar…
a Pixinguinha (1897-1973) e a Jacob do Bandolim (1918-1969)
por Maria Clara Novaes
Seu sabe tudo, você sabe tantas coisas
dos astros, das estrelas, do céu sabe também
dos continentes dos países e dos povos
sabidão sabe que sabe
sabe mais do que ninguém
Sabe dos rios oceanos cachoeiras
das plantas e dos bichos, das pedras dos metais
História
geografia
tecnologia
e Ciências Naturais
e muito mais:
Informática Política Gramática
prosa Poesia
artes em geral
Esportes Medicina
economia
sabe disso daquilo etc. e tal
Não há dúvida de quanto você sabe
e eu aqui querendo só saber porque
que o sabidão aí nem desconfia
como eu gosto
quanto eu gosto de você
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Alfredo da Rocha Vianna Filho, conhecido como Pixinguinha (Rio de Janeiro, 4 de maio de 1897 — Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 1973), foi um compositor, arranjador, maestro, professor, flautista e saxofonista brasileiro.
Chorinho Sabido por Edgard Poças
Não deixe de assistir esse Vídeo do Thomas Farkas! Vale a pena!
Carteira de Identidade de compositor
Pixinguinha e amigos
Pixinguinha e sua flauta – Os oito batutas
Com Radamés Gnatalli
partitura “Vou vivendo”
saxofone… músico completo.
Da flauta ao
Com alguns amigos.
Com Luis Amistrong
Dormindo na partitura
Com Donga
E Cartola
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Jacob Pick Bittencourt, mais conhecido como Jacob do Bandolim (Rio de Janeiro, 14 de fevereiro de 1918 — Rio de Janeiro, 13 de agosto de 1969) foi um músico, compositor e bandolinista brasileiro de choro.
Com Pixinguinha
Caros amigos
Relendo o belo livro Jacob do Bandolim,de Ermelinda A. Paz,professora da URFJ e da Uni Rio, vencedora do Concurso Lúcio Rangel de monografias da Funarte, lançado em 1997,
Vejam esse depoimento dado no “Programa Gláucio Gil”, em 1965, colhido na pg107 do compositor Jacobque “era muito apegado às suas raízes culturais, motivo pelo qual era um eterno desconfiado para com os modismos e o que se chamasse renovação em música” .
Eu noto que todas as vezes que se fala em música brasileira atual, fala-se necessariamente no vocábulo evolução. Nunca se fala em involução, que é justamente o antônimo, o oposto. Eu acho que o fato dese modificar alguma coisa não significa necessariamente evolução. Pode ser involução. E aliás é o que vejo.
“Jacob estava se referindo em especial à bossa nova. Não foram poucas as vezes em que ele dizia que o pessoal que divulgava a bossa nova não sabia o que era bossa nova. O episódio ocorrido com a música Chega de Saudade, de tom e Vinicius, foi para ele umademonstração de que estava certo quanmdo dizia que nem eles sabiam o que faziam”.
vamos ao episódio (pg 168) narrado pelo próprio Jacob em carta datada de março de1963 ao jornalista e grande biógrafo da MPB, Sérgio Cabral
pg 138 : Jacob regravaChegadeSaudade, LP MIS (set 68 ), ao vivo, num espetáculo memorável ao lado de Elizete Cardoso e Zimbo Trio,realizado no Teatro João Caetano, no RJ, ícone da Bossa Nova aquela que na pg é chamada;;;;;;;;;;;;;e a parte bisada do show. O LPfoi relançado pelo MIS em 1977 (pg 141)
pg 135 :gravou Chega de SaudadenoLP RCA VICTOR (jun 63 !) “Jacob revive sambas para voce cantar” – com regional e metais portanto não pode ser choro, pois, Tom Jobim havia-lhe tramsmitido por meio da partitura.
O maestro fala constantemente que achava imporante escrever a composição,
registrar a obra músical no papel.
Tom aparece ao lado de Vinicius de Moraes num caderno intitulado Repertório Trivial(pg 35), que constava de 329 títulos, de diversos gêneros. Aliás, desse relicário poderiam perfeitamente constar O Barquinho,Nós e o Mar , Telefone, Você,Vagamente, Ah, Se Eu Pudesse, Errinho à-toa, e outras tantas de Roberto Menescal, magnífico compositor, para não citar o grande Tom, o que nos leva a pensar que as referências a BN tinham um pouco de implicânciado genialbandolinista.
pg 168 : história da parte partitura manuscrita (pg 189) onde se lê“ Ao Jacob o Chega deSaudade, como foi feito” , assinado por Antonio Carlos Jobim, em 18 – 12 -59, e posteriormente à máquina por Jacob, “no Bar Zeppelin, rua Visconde de Pirajá, presente Lúcio Rangel”. Comparando-a com a escrita no Cancioneiro Jobim,recentemente publicado com o mais-que-credibilizadoaval de Paulo Jobim notamos que :
e levanto a lebre,só vai dar pra entender, lá no “descanso que a vida não dá”lá no “oco do mundo”, Naquele A este encontro que a gente eu não devo faltar , porque se eu fosse recnstruir essa história eu diria que naquela mesa (tá faltando ele, J.Gilberto), parece que esse bar jávai fechar, do Vilarinho, nunca mais.
Será?
edgard poças
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Referências bibliográficas:
ARANHA, Carla. Chorinho. Como todo começou. Rio de Janeiro: DBA Editora. 2012.
ALVITO, Marcos. Histórias do Samba. De João da Baiana a Zeca Pagodinho. Rio de Janeiro: Matrix. 2013.
MARIZ, Vasco. Vida Musical. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 1997.
CASTELLO BRANCO, Sidney. Benedito Lacerda. O Flautista de ouro: Um gênio da orfandade. Rio de Janeiro: Global Choro Music. 2014.