Minha mãe e o lente Mário de Andrade.

Minha mãe Antonietta, formou-se professora de piano pelo Conservátorio Dramático Musical de São Paulo, e pelas anotações nas suas partituras – Cravo bem Temperado, Sonatas de Mozart, Beethoven, Estudos, Prelúdios e Valsas de Chopin, que eu adorava, etc… –  posso imaginar quanto os lentes, eram rigorosos. História da Arte: Mário de Andrade.

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Muitas vezes perguntei a ela:

– Mãe, como era o Mário de Andrade?

– Ih, ele era muito sério…rigoroso… 

Os anos iam passando e eu, de vez em quando, querendo saber um pouco mais sobre o Multimário, repetia curioso:

– Mãe, como era o Mário de Andrade?

Ela repicava solfejando com o sotaque do Brás; naquele tempo, bairro tinha sotaque.

Até que um belo dia, mandei o ostinato:

– Mãe, como era o Mário de Andrade?

– Ih, ele era muito sério…rigoroso… 

– Ô mãe, improvisa pô! 

 

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Nunca ouvi ninguém tocar o Tico tico no fubá com o molho e o humor da Nena. Uma vez, ouvindo-a tocar em cada da tia Elvira, juro que vi, na janela que dava pra rua Florêncio de Abreu, o Zequinha  e o Pixinguinha, concordando.

A partitura – desse clássico paulista, mais a de Tardes de Lindóia – foram compradas de um suarento Zequinha de Abreu, cansado, vendendo sua obra de porta em porta, na inclinada rua Asdrúbal do Nascimento, aqui em São Paulo.

Pobre Zequinha!

Tardes de Lindóia, dei de presente ao amigo José Ramos Tinhorão, e hoje ela está muito bem guardada no acervo do Instituto Moreira Salles, que é um arraso!

 

Saudades da minha Neninha.

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10 Responses to “Minha mãe e o lente Mário de Andrade.”

  1. marco mattoli disse:

    salve edgar! que prazer encontrar esse blog! abraços! mattoli

  2. Edgard Poças disse:

    Salve amigo!

    Tudo de bom!

  3. jane moraes disse:

    Edgard… que lindo seu blog..que cheguei atravez do blog do solano ribeiro. que me chegou, atravez do face…
    .li e achei muito gostosinho sua habilidade com as palavras…acho que este seu lado, eu nem imaginava que vc tivesse, quando vc fazia parte ,com seu violão, junto com o Zeca Assupsão e o Nelson Ayres,do grupo que acompanhou os 3 morais…lembra?…bons tempos aqueles…rrss
    ….recordar é viver heinnn…hehehe
    “Parabéns pelo blog” gostei muito desse artigo sobre Vila Lobos .

  4. Edgard Poças disse:

    Bons tempos, Jane! Obrigado pelas palavras! Um grande abraço!

  5. Diogo disse:

    Pai, parabéns pelo texto e pelo blog! vc me surpreende a 37 anos! bj te amo Diogo

  6. Edgard Poças disse:

    Obrigado Lucélia. Volte sempre. Abraço.

  7. Waldir Albieri disse:

    Caro amigo, eu sempre dou uma passada pelo seu blog porque sei que os temas abordados e desenvolvidos por você são “deveras” – aprendi essa palavra nas aulas da nossa professora Rosinha – interessantes. Parabéns e continue nos brindando com sua infinita inspiração.

  8. Edgard Poças disse:

    Caro Valdir: é sempre bom tê-lo por aqui. Tenho me ausentado em função do trabalho. Algumas músicas e roteiros. Estou trabalhando também em “Classiques en Bossa Nova”, com músicas dos eruditos franceses. Ravel, Fauré, Debussy, Chabrier, Satie, etc… em bossa nova. Há pouco, com meu parceiro Maurício Novaes disponibilizamos nas mídias o “Classic in Bossa Nova”
    , e o resultado ficou bem agradável. Pra ouvir e como fundo.
    Bach, Beethoven, Mozart, Schubert, Strauss, Rachmaninov, Borodin, Mendelssohn, Tchaikovski, saint Saëns e Brahms – é um belo time. Parecem colegas do Tom. Abraço.

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