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Budapest • Chico Buarque e a Seleção da Hungria.

sexta-feira, junho 20th, 2014

Chico Buarque, que gosta de uma redonda, no seu livro Budapest  batizou alguns personagens com nomes dos craques da grande seleção húngara, finalista da Copa do Mundo de 1954, na Suiça; um dos maiores times de futebol de todos os tempos.

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A base era o Honved, time que reinou desde o final da década de 40 até a primeira metade da década de 50. Assisti, creio que em 1957, Flamengo e Honved televisionado do Maracanã. Naquele tempo a gente torcia, tambem pra imagem não sair do ar. O esquadrão húngaro já estava meio gasto, mas dava pro gasto.

Na copa de 54, os húngaros estrearam sapecando 9×0 na Coréia, em seguida aplicaram  8×3 na Alemanha, encerrando a primeira fase. Nas quartas de final venceram o Brasil de 4×2.

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Lembro dos speakers esbravejando durante toda a transmissão: – O Brasil está sendo roubado es-can-da-lo-sa-men-te! A pátria, de chuteiras e ouvido colado no radio concordava: juiz ladrão! No final da partida houve o maior sururú em campo, como se dizia na época. O juiz ladrão chamava-se Mr. Ellis.

Nossa seleção era boa: Castilho, Djalma Santos, Pinheiro, Nilton Santos, Brandãozinho e Bauer Julinho, Didi, Índio, Humberto e Maurinho.

Julinho, Djalma Santos e Brandãozinho atuavam na minha Portuguesa de Desportos.

O onze canarinho jogou com um maracanazo nas costas, mas jogou bem.

Assista o vídeo com comentários de Júlio Botelho:

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Julinho Botelho, a flexa da lusa, marcou um golaço.

Em seguida os húngaros enfrentaram os uruguaios, campeões do mundo – nem é bom lembrar –  repetiram o 4×2, foram pra final contra a mesma Alemanha e perderam de 3×2! Incrível! Maior zebra da história do futebol! Dizem que foi por causa da bola

O Chico, todo mundo sabe, gosta muito de futebol, deve ter ficado chateado com a eliminação do nosso escrete, e, quem sabe, o com esquadrão húngaro engasgado na memória, escalou a moçada  pra bater um bolinha em Budapest. Alguem reparou nisso?

Lembro que chorei  com a derrota do Brasil; dias depois, meu time de futebol de botão, covardemente, passou a envergar o uniforme da seleção magiar.

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Grosics; Buzansky e Lantos; Bozsik, Lorant e Zakarias; Czibor, Kocsis, Hidegkuti, Puskas e Toth I

Promovi um torneio em casa, com grande repercussão no bairro do Paraíso, e mesmo jogando em casa fui derrotado por 1×0, pela seleção brasileira do meu amigo Tatá.

Foi bom pra largar de ser besta.

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P.S.: O Tatá era gago.

Beijo no Asfalto

sexta-feira, julho 11th, 1969

Foi em 1969. Fiz a trilha e a direção musical da peça.

Nelson Rodrigues apareceu de surpresa, conversou com os atores e fez comentários preciosos e hilariantes sobre a encenação.

Quando sobrou espaço topei o cara e disse a ele que havia chegado de Portugal há pouco e estivera várias vezes com Otto Lara Resende, que naquela época era nosso adido cultural. Seus olhos marejaram.

–  E da música, perguntei, senhor gostou? Perguntei um tanto oportuno demais.

– Muito adequada! Seja burro Edgard!

De bola cheia e orgulhoso da minha burrice fui para casa pensando como devia ser  bom ser o Otto.

Presenteiem-se assistindo esses dois videos maravilhosos.

http://www.youtube.com/watch?v=bg6CTwVwsss

http://www.youtube.com/watch?v=CD64bMg2Iu0&feature=related

Trecho de audio.

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