Budapest • Chico Buarque e a Seleção da Hungria.

Chico Buarque, que gosta de uma redonda, no seu livro Budapest  batizou alguns personagens com nomes dos craques da grande seleção húngara, finalista da Copa do Mundo de 1954, na Suiça; um dos maiores times de futebol de todos os tempos.

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A base era o Honved, time que reinou desde o final da década de 40 até a primeira metade da década de 50. Assisti, creio que em 1957, Flamengo e Honved televisionado do Maracanã. Naquele tempo a gente torcia, tambem pra imagem não sair do ar. O esquadrão húngaro já estava meio gasto, mas dava pro gasto.

Na copa de 54, os húngaros estrearam sapecando 9×0 na Coréia, em seguida aplicaram  8×3 na Alemanha, encerrando a primeira fase. Nas quartas de final venceram o Brasil de 4×2.

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Lembro dos speakers esbravejando durante toda a transmissão: – O Brasil está sendo roubado es-can-da-lo-sa-men-te! A pátria, de chuteiras e ouvido colado no radio concordava: juiz ladrão! No final da partida houve o maior sururú em campo, como se dizia na época. O juiz ladrão chamava-se Mr. Ellis.

Nossa seleção era boa: Castilho, Djalma Santos, Pinheiro, Nilton Santos, Brandãozinho e Bauer Julinho, Didi, Índio, Humberto e Maurinho.

Julinho, Djalma Santos e Brandãozinho atuavam na minha Portuguesa de Desportos.

O onze canarinho jogou com um maracanazo nas costas, mas jogou bem.

Assista o vídeo com comentários de Júlio Botelho:

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Julinho Botelho, a flexa da lusa, marcou um golaço.

Em seguida os húngaros enfrentaram os uruguaios, campeões do mundo – nem é bom lembrar –  repetiram o 4×2, foram pra final contra a mesma Alemanha e perderam de 3×2! Incrível! Maior zebra da história do futebol! Dizem que foi por causa da bola

O Chico, todo mundo sabe, gosta muito de futebol, deve ter ficado chateado com a eliminação do nosso escrete, e, quem sabe, o com esquadrão húngaro engasgado na memória, escalou a moçada  pra bater um bolinha em Budapest. Alguem reparou nisso?

Lembro que chorei  com a derrota do Brasil; dias depois, meu time de futebol de botão, covardemente, passou a envergar o uniforme da seleção magiar.

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Grosics; Buzansky e Lantos; Bozsik, Lorant e Zakarias; Czibor, Kocsis, Hidegkuti, Puskas e Toth I

Promovi um torneio em casa, com grande repercussão no bairro do Paraíso, e mesmo jogando em casa fui derrotado por 1×0, pela seleção brasileira do meu amigo Tatá.

Foi bom pra largar de ser besta.

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P.S.: O Tatá era gago.

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5 Responses to “Budapest • Chico Buarque e a Seleção da Hungria.”

  1. Max Pina disse:

    Amigo edgard

    Sou muito fã e gosto muito das suas produções. Eu perdi um facículo meu de CLÁSSICOS PARA CRIANÇA, na minha coleção pela REVISTA CARAS. Será q vc tem para vender ainda ou tem uma cópia para q eu possa colocar novamente na minha coleção???

    Estou muito ansioso pela resposta fico grato!

    Max Pina 81 8834 0160

  2. Edgard Poças disse:

    Voce vai receber com um abraço do amigo Edgard

  3. Ricardo "Mussú" Musumeci disse:

    Gostei muito, mas muito mesmo do seu blog. Partes importantes de uma vida dedicada à cultura, que eu tive o prazer de acompanhar durante quase meio século. Fiquei emocionado com tudo, mas destaco a foto do meu ídolo Julinho, o Júlio Botelho que, ainda bem, foi jogar no Palmeiras e passou a ser ídolo nacional. Sorte dele e de todos nós palmeirenses. Ele engrandeceu a Academia de Parque Antarctica
    Por tudo, Edgard, obrigado por ser meu amigo e pelo companheirismo de tantos anos
    1 beijo

  4. Edgard Poças disse:

    Êsse é o meu Mussuzinho! Seu destaque ao grande ponta direita Julinho é mais do que merecido. A flecha, que nasceu aqui na Penha em São Paulo entortou muito lateral esquerdo com a camiseta rubro verde. Foi contratado pela Fiorentina e o garoto aqui chorou que dava dó. Consagrado na Itália, voltou ao Brasil e como voce bem sabe foi jogar no seu Palmeiras. E numa tarde inesquecível de 1959 tranformou em aplausos a maior vaia da história do Maracanã – mais de 100 mil torcedores! – ao ser anunciado no lugar do genial Mané Garrincha num amistoso da nossa seleção campeã do mundo de 1958 contra a Inglaterra . Eu assisti pela TV com a narração do saudoso Raul Tabajara, que torcia pra lusa.
    Quem quizer saber detalhes e assistir imagens valiosa entre no endereço http://www.colegiojuliobotelho.com.br/index.php?acao=8&codigo=182. É muito bom de ver e ouvir os comentários. Mas, voltando a gloriosa Associação Portuguesa de Desportos, lembro ao caro amigo de cincoenta anos (de amizade) que a Lusa do Canindé tambem cedeu a não menos gloriosa equipe esmeraldina nada mais nada menos que Djalma Santos, Servilho de Jesus, filho do bailarino, um dos maiores centroavantes que eu vi jogar, efetivo da famosa Academia, e muitos outros que entraram para a história do verdão. Saudade do tempo em que a minha Portuguesa era um celeiro de craques.
    Abraço de sempre.
    Edgard

  5. Waldir Albieri disse:

    Edgar, amigo, apenas complementando a sua colocação, o Honved, além de enfrentar o Flamengo no Maracanã, também jogo aqui em São Paulo com o próprio Flamengo, posto que nenhum dos grandes quis enfrenta-lo. Assisti esse jogo (noturno) no velho Pacaembu ao lado do meu pai, um aficionado do futebol arte. Como não podia deixar de ser, o Honved deu uma aula de futebol. Se não me falha a velha memória, o resultado do jogo foi 6 a 4, ou seja, uma chuva de gols daquele ataque comandado por Ferenc Puskas, um dos melhores jogadores de futebol que eu vi jogar. Quando estive em Budapest, procurei saber um pouco mais dele. Todavia, como após a “primavera húngara” ele fugiu e foi jogar no Real Madrid, assumindo cidadania espanhola, fiquei com a impressão de que seus feitos e memória não eram cultuados por lá.

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