Terminei de ler a ótima biografia de Billie Holiday, por Sylvia Fol, comovido pela história trágica dessa cantora genial e engasgado com este trecho, quase ao final do livro:
… com a voz enfraquecida (de Billie) sobre um leito de violinos xaroposos. Alguns dirão que esse disco é um erro colossal. Onze novas canções, que ela tem a maior dificuldade para interpretar, com uma voz empastada pelo abuso do gim. Escutar esse disco é doloroso. Os arranjos floridos e os acordes luxuriantes contribuem para acentuar a fragilidade de sua voz. Sua falta de confiança em si mesma é manisfesta.…
Ray Ellis – o arranjador – sairá completamente abalado dessa experiência. Ele se recusará a assumir a mixagem. E quando Townsend – Irving, o produtor da gravadora Columbia – lhe envia o disco terminado, ele será atingido de imediato por sua infinita tristeza.
You’ve Changed
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P.S.: Capa do album 78 rpm autografado pela divina Lady Day.
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Tags: Billie Holiday, Edgard Poças, Eletroarte, Gravadora Columbia, Irving Townsend, Ray Ellis, Rua Augusta, Sylvia Fol
Acabei de ouvir novamente esta faixa. Eu concordo com você. Acho demais!!!! Talvez se pareça como uma espécie de despedida! E o tom me lembra Amt!
Deguinha,
Se isso é um erro colossal, me diga o que é um acerto colossal?
O Quiet Nights do Guil e Miles também foi considerado um erro.
Tem gente que não está ouvindo nada. Aliás muita gente.
Não pode haver erro com a Billie. Ela não conseguiria errar.
Adorei a lembrança da Eletroarte. La ouvi o Bill Evans pela primeira vez. Que mágica!!!
Pois é Sunça. O primeiro LP do João Gilberto tambem foi considerado um equívoco melódico, harmônico, desafinado e até sexual, pela maioria dos famigerados disk jockeys cuja presença sempre foi uma imensa lacuna e o Joåzinho está aí firme na história da musica com o Miles e a Lady in Satin.
Lembra do Toninho da Eletroarte? – o atendente que sabia quem eram os Hi-Los – foi ele que numa ocasião trouxe uma pilha de LPs para ouvir na cabine e o resultado foi que eu saí da loja, mais desconstruido que um quadro cubista, querendo atravessar a rua Augusta a cento e vinte por hora em Criss Cros, com um disco voador na mão pilotado pelo Thelonious Monk. O único cara que, além da tia Josefina, sabe tudo sobre patavina.Thelonious Sphere Monk. O metamúsico. O monge esfera.
É pois, Sunça, isso mais o abraço Straight No Chaser do Edgard.
Mestre Edgar,você poderia me passar seu e mail para contato,gostaria de compartilhar um projeto com você.
Abraço
Ao fazer uma pesquisa fiquei de boca aberta ao descobrir que um Sr. Edgard Poças é filho de um Sr. de Santiago Melres Portugal . Não sei se nasceu cá ,mas eu vejo todos os dias a casa onde viveu o pai . Gostaria de enviar umas fotos mas preciso do mail . Obrigado . Meu endereço josemanuel.viana@gmail.com
Sou um grande fã e admirador de Billie Holiday.
Li essa biografia e também não concordei muito com tal trecho.
Pra mim Lady in Satin é um dos maiores trabalhos interpretativos já feitos por ela.
As diferenças na voz são claras, porém o fraseado, vibrato e a interpretação eximia são sublimes.
Pegando suas gravações de 1950 até o fim, é uma verdadeira lição de vida, a forma ímpar de cantar o que viveu.
Como disse Anie Ross, “as pessoas a ouvem e dizem, ahh que voz.
Não pra mim, há uma vida inteira nessa voz”
Amigo Edgard…
Billie de há muito tempo faz a minha cabeça. Tenho ouvido e lido muito sobre ela. Mas uma de suas canções tem o condão de remeter ao infinito quando ouço. NATURE BOY é de uma delicadeza ímpar. Sua voz parece uma lamento daquelas carpideiras nordestinas, externando seus lamentos à beira da lápide. Parabéns pela menção da cantora “the best” do jazz. Abraços
Caro Waldir É sempre bom saber que voce está presente!
O LP/CD Lady in Satin é um dos meus dez mais de todos os tempos.
Abraço de sempre.
edgard
Billie é parte integrante da minha rotina diária. Ouço sua voz, e me emociono, diariamente no carro, a caminho do trabalho. Em casa, me fecho no escritório, apago as luzes e rezo ouvindo suas canções. Sua voz, emitida nas profundezas de seu corpo combalido pelas drogas, soa como um arauto que me convida a reflexão. Reitero os meus parabéns ao amigo pela sua disposição de manter viva suas lembranças.
É isso aí, meu caro amigo! Lady in Satin!